Um ex-polícia zimbabweano, de nome Jaison Muvevi, atirou e matou três pessoas em Hwedza na sexta-feira passada (13) antes de fugir do Zimbabwe para Moçambique, onde foi detido na última segunda-feira (16).
As investigações revelaram que Muvevi fugiu para Mutare, onde comprou um macacão azul marinho numa loja situada no Wasu Mall antes de ir para as instalações da Escola Masculina de Mutare.
Uma equipa de detectives e outros agentes de segurança lançou um alerta máximo quando recebeu a informação de que Muvevi ainda se encontrava em Mutare e que provavelmente iria atravessar a fronteira para Moçambique. Eles alertaram os seus colegas do outro lado da fronteira e forneceram as fotos de Muvevi.
A sua sorte acabou na manhã de segunda-feira (16) depois de ter sido identificado quando se preparava para embarcar num autocarro suburbano em Manica. Ele foi preso depois de uma discussão com a polícia moçambicana. Agentes da Polícia zimbabweana foram enviados a Moçambique para realizar os devidos processos legais antes que Muvevi seja repatriado para ser processado.
O porta-voz da Polícia Nacional, Adjunto-Comissário Paul Nyathi, confirmou a detencão do ex-polícia assassino fugitivo detido em Moçambique. "A Polícia da República do Zimbabwe confirma que o suspeito do homicídio, Jaison Muvevi, foi detido em Moçambique na manhã de segunda-feira (16)".
Nyathi disse que as vítimas do assassinato são Crispen Mubvana Kanerusine, de 62 anos de idade, o inspector Maxwell Hove, de 43 anos de idade e Munashe Mujanhi de 20 anos. Uma fonte próxima à investigação disse que Muvevi poderá ser extraditado a qualquer momento para o Zimbabwe, logo que as formalidades sejam concluídas.
Também é provável que ele compareça pela primeira vez a um tribunal moçambicano para responder a acusações de entrada ilegal no país e apontar uma arma de fogo a um agente da polícia.
No sábado, a polícia zimbabweana localizou Muvevi na área de Chiduku, perto de Rusape, e alega-se que, no momento em que percebeu que estava a ser perseguido, abriu fogo, iniciando uma troca de tiros com agentes da lei que estavam fortemente mobilizados na área.
Percebendo que estava a ser encurralado, Muvevi abandonou o seu veículo Toyota Allion e fugiu a pé para a montanha Chigora. Além do carro, a polícia apreendeu ainda um telemóvel Techno e uma espingarda ZRP FN carregada com quatro munições. Na semana passada, dirigindo uma viatura Toyota Allion, Muvevi chegou ao santuário da seita apostólica às 14h30, onde os membros se reuniram para suas orações de sexta-feira e, imediatamente, sacou uma arma de fogo e atirou contra os líderes da seita à queima-roupa.
Muvevi entrou sorrateiramente em Moçambique através de um ponto de passagem ilegal logo após tentar matar Raphael Nyahwema, de 23 anos de idade, filho do guarda da Escola masculina de Mutare.
Nyahwema contou como evitou por pouco ser vítima de homicídio após um encontro angustiante com o suspeito de triplo homicídio. Ele disse que estava embriagado quando se deparou com o suposto “killer” que havia ido ao alojamento dos funcionários da escola em busca de comida. O filho do guarda da escola confrontou Muvevi, exigindo saber o que o ex-polícia queria no recinto escolar.
Isso não caiu bem para Muvevi, que sacou uma pistola e disparou três tiros contra Nyahwema, mas este errou. Nyahwema conseguiu fugir do local e Muvevi desapareceu. Testemunhas disseram que Muvevi invadiu a escola na tarde de domingo e exigiu comida, antes de abrir fogo contra Nyahwema, que o confrontou.
"Muvevi chegou à escola no domingo à tarde e foi até a zona da escola, onde ficam alguns de nossos funcionários. Ele confrontou uma das senhoras e exigiu comida. Percebi que ele tinha uma arma e como estava encurralado, tentei pegar um cabo de enxada e foi quando ele abriu fogo. As balas não me atingiram por um triz e eu saí correndo do local gritando por socorro", disse Nyahwema.
O director da escola, Phillip Padhuze, confirmou o incidente, dizendo que Muvevi disparou três tiros no terreno da escola, mas ninguém ficou ferido.
"O filho de um dos nossos guardas confrontou-o e abriu fogo contra ele. Ele errou e nenhuma das balas lhe atingiu. Os nossos alunos não foram afectados pelo tiroteio, pois o atirador desapareceu após disparar os tiros. A polícia reagiu rapidamente e forneceu segurança para nossos alunos durante toda a noite", disse Padhuze.
Zvikomborero Mangorwa, que foi confrontada por Muvevi enquanto ela tomava banho, disse que ele bateu violentamente à porta e exigiu que todos os ocupantes da casa saíssem.
"Eu estava a tomar banho quando ele bateu à porta. Quando abri a porta, percebi que havia uma pessoa armada na nossa porta. Ele pediu comida, mas eu recusei. Então perguntou onde estava e respondi que estava na escola de Mutare. De seguida pediu informações sobre como chegar a Moçambique.
Mangorwa explicou que ele estava descalço e vestindo um macacão azul. Ele fingiu ir embora, mas quando minha irmã voltou para casa, ele confrontou-a. Tentei sinalizar para minha irmã tomar cuidado porque ele estava armado, mas minha irmã não conseguiu ler o meu sinal. Ela continuou conversando com ele enquanto ele estava sentado do lado de fora do pavilhão.
"Insistiu que queria comida e até disse que estava preparado para cozinhar a sua própria comida, mas minha irmã se manteve firme e disse que não podia permitir que um estranho entrasse na sua casa", disse Mangorwa.
"Quando alguns dos trabalhadores vieram à nossa casa depois de ouvir os tiros, Muvevi começou a afastar-se. Um dos telefones tocou e ele voltou e ameaçou atirar nele por falar ao telefone. Mais tarde, ele afastou-se e desapareceu no matagal", acrescentou Mangorwa.
Muvevi então saltou a fronteira para Moçambique, onde foi preso por agentes da polícia moçambicana depois de criar cenas mais dramáticas. Jaison Muvevi acabaria sendo detido pelas forças de segurança moçambicanas em Manica, perto do Posto Fronteiriço de Forbes, após quatro dias em fuga. Acredita-se que Muvevi foi em tempos um negociante de ouro.
Entretanto, as últimas informações acabadas de chegar à redacção da "Carta" indicam que Jaison Muvevi foi extraditado ainda ontem (17) à tarde para o Zimbabwe, sob forte escolta policial. (Carta)