As demonstrações financeiras do Banco de Moçambique (BM) referentes a 2021, publicadas em finais de Agosto, revelam que os gastos com o pessoal, no regulador do sistema financeiro, reduziram em 1.8 mil milhões de Meticais em relação ao ano económico de 2020.
Em 2021, o Banco de Moçambique despendeu 7.7 mil milhões de Meticais em gastos com o pessoal, contra os 9.6 mil milhões de Meticais desembolsados em 2020. Em 2021, lembre-se, o Banco Central registou um lucro consolidado de 575.7 milhões de Meticais, contra o prejuízo de aproximadamente a 1.4 mil milhões de Meticais obtido em 2020.
Para poupança dos 1.8 mil milhões de Meticais com o pessoal contribuiu a redução dos custos com benefícios a empregados em 2 mil milhões de Meticais, que passaram de 3.8 mil milhões de Meticais para 1.7 mil milhões de Meticais. Também baixaram os encargos sociais, que reduziram em 4.5 milhões de Meticais, ao saírem de 191.8 milhões de Meticais para 188.1 milhões de Meticais.
No entanto, as remunerações dos órgãos de gestão (Conselho de Administração e Conselho de Auditoria) cresceram em 4.2 milhões de Meticais, ao saírem de 258.8 milhões de Meticais para 263 milhões de Meticais. As remunerações de empregados aumentaram em 167,1 milhões de Meticais, ao passarem de 5.1 mil milhões de Meticais para 5.2 mil milhões. Os restantes gastos com o pessoal aumentaram em 14.5 milhões de Meticais, ao fixarem-se nos 224,5 milhões de Meticais, contra os anteriores 209,9 milhões de Meticais.
No entanto, apesar da redução, os gastos do Banco de Moçambique com o pessoal, em 2021, foram superiores aos de 2019 e 2018. Em 2018, por exemplo, o Banco Central gastou 5.7 mil milhões de Meticais, dos quais 247,4 milhões foram despendidos na remuneração dos órgãos de gestão. Em 2019, a factura subiu para 6.5 mil milhões de Meticais, com os gestores a auferirem um total de 303,6 milhões de Meticais em salários.
De acordo com o relatório consultado pela “Carta”, até 31 de Dezembro de 2021, o Banco de Moçambique tinha um total de 973 trabalhadores, contra 862 que tinham a 31 de Dezembro de 2020. Em 2019, o número de funcionários ascendia a 941 e, em 2018, a 963.
O Banco Central, refira-se, é das instituições que melhor remunera os seus trabalhadores em Moçambique, atiçando sempre cobiça dos cidadãos nos seus concursos públicos de ingresso.
Bilhetes de Tesouro chegaram a 116,3 mil milhões de Meticais
As demonstrações financeiras do Banco de Moçambique revelam ainda que os Bilhetes de Tesouro emitidos pelo Banco Central para financiar as contas do Estado ascenderam a 116,3 mil milhões de Meticais em 2021 contra os 76,8 milhões de Meticais registados em 2020.
O valor, sublinhe-se, é superior ao registado em 2019, quando o Banco Central emitiu Bilhetes de Tesouro para financiar as contas públicas no valor de 105,5 mil milhões de Meticais.
Por seu turno, os Bilhetes de Tesouro emitidos para financiar a Política Monetária conheceram uma redução em 26,3 mil milhões de Meticais, ao saírem de 120,3 mil milhões de Meticais, em 2020, para 93,9 mil milhões de Meticais, em 2021. No entanto, em 2019, se tinham fixado em 58,6 mil milhões de Meticais.
O Banco de Moçambique ainda concedeu empréstimos ao Estado num total de 52.3 mil milhões de Meticais, dos quais 15 mil milhões de Meticais foram concedidos a uma taxa de juro anual de 3%; 32.9 mil milhões de Meticais sem juros sob forma de conta corrente; e o remanescente (de 4.3 mil milhões de Meticais) é referente a juros.
Sublinhar que o auditor das demonstrações financeiras de 2021, BDO, expressou reservas quanto às contas do Banco Central, o mesmo que havia feito em relação às contas dos anos económicos de 2019 e 2020. (A.M.)