O Presidente moçambicano e líder da Frelimo, Filipe Nyusi, disse ontem que o país deve “refletir” sobre a viabilidade das eleições distritais, assinalando que Moçambique pode não estar preparado para esse escrutínio. “O Governo, partidos políticos e sociedade civil, somos todos convocados a refletir sobre a viabilidade de realizarmos eleições distritais”, afirmou Nyusi.
O chefe de Estado moçambicano falava no encerramento da 5.ª Sessão Ordinária do Comité Central da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder. Filipe Nysi declarou que a Frelimo está comprometida com o processo de descentralização, mas defendeu que se deve avaliar as condições sobre o aprofundamento deste movimento.
A escolha de assembleias distritais e de administradores é parte do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional assinado em agosto de 2019 entre o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição e que mantém um ‘braço armado’ que está em processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR).
Por outro lado, Filipe Nyusi reiterou a posição de Moçambique em relação à neutralidade do país no conflito entre a Rússia e a Ucrânia, salientando que o país africano defende a resolução pacífica de conflitos. “A nossa posição é no sentido de que qualquer conflito deve ser resolvido de forma pacífica”, sublinhou o chefe de Estado moçambicano.
Filipe Nyusi referiu também que Moçambique fará de tudo para que o país não sofra os efeitos do conflito na Ucrânia, apostando em medidas de mitigação. Moçambique, prosseguiu, continua igualmente a acreditar no caminho da retoma da economia, sobretudo, depois de ter chegado a acordo para um novo programa de assistência financeira com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
O chefe de Estado moçambicano considerou ainda que a Frelimo tem de fazer de tudo para assegurar a continuidade no poder, mostrando confiança nos resultados do próximo ciclo eleitoral, que se inicia nas eleições autárquicas de 2023 e gerais (presidenciais e legislativas) de 2024.
Na sua intervenção, Filipe Nyusi salientou também que as forças governamentais de Moçambique, Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e do Ruanda têm estado a registar progressos no combate ao terrorismo, tendo limitado as ações dos rebeldes a “ataques esporádicos” para “roubarem comida”.
A sessão do Comité Central da Frelimo, que terminou ontem, aprovou a agenda do congresso da organização, que se vai realizar em setembro deste ano. Na reunião magna de setembro, serão eleitos um novo comité central e uma nova comissão política, órgãos que serão importantes no processo de eleição do candidato do partido às eleições presidenciais de 2024. (Lusa)