No último fim-de-semana, uma pessoa perdeu a vida, em mais dois ataques registados nos distritos de Meluco e Palma, localizados no centro e norte de Cabo Delgado. De acordo com as nossas fontes, o ataque no distrito de Meluco aconteceu na tarde de sábado, na aldeia Primeiro de Maio, posto administrativo de Muaguide. Nesta aldeia, uma pessoa foi decapitada e diversas palhotas incendiadas. É a segunda vez que os terroristas atacam a aldeia em menos de seis meses.
Já no distrito de Palma, foi atacado um camião que transportava produtos diversos para vila-sede e, chegado à região de Tete, homens armados atiraram contra a viatura. Na altura, circulavam duas viaturas em direcção a Palma-sede e a que seguia atrás foi atacada, mas o motorista conseguiu chegar com veículo até à aldeia mais próxima, tendo reportado o caso à posição das Forças de Defesa e Segurança. Não houve vítimas mortais, garantiram fontes à "Carta".
As mesmas fontes avançaram que o ataque acontece numa altura em que as forças do Ruanda se desdobram na perseguição aos terroristas, na região de Pundanhar, onde se acredita terem sido estabelecidas novas bases.
Para quando o fim do terrorismo?
O governo continua a contradizer-se em torno da questão. Por um lado, é passada uma mensagem de tranquilidade, tal como referiu recentemente o Secretário de estado em Cabo Delgado, António Supeia, quando anunciou o retorno a Muidumbe de cerca de 350 funcionários e agentes do Estado.
Entretanto, o Chefe de Estado, Filipe Nyusi, disse semana passada que ainda é cedo para se proclamar vitórias contra o terrorismo e que “não houve nenhum comando formal para os deslocados regressarem às zonas de origem”.
De um modo geral, o conflito ainda continua a causar mortes e a desgraçar a vida da população do centro e norte de Cabo Delgado, na medida em que há registos de novas incursões, ao mesmo tempo que o governo continua a reivindicar avanços no combate aos terroristas. (Carta)