Uma auditoria às contas da Faculdade de Educação da Universidade Eduardo Mondlane (FACED-UEM), gerida por António Cipriano Parafino Gonçalves, candidato à Director-Geral da Autoridade Nacional de Educação Profissional, detectou o uso irregular de pouco mais de 32 milhões de Meticais (sem justificativos), no período que vai de 01 de Janeiro de 2017 a 31 de Dezembro de 2018.
Entre as irregularidades detectadas, consta a aquisição de bens e serviços no valor de 1.837.476,72 Mts sem evidências de terem passado por um processo de procurement. Foram concedidos ainda empréstimos a favor dos funcionários no valor de 289.525,00 Mts sem qualquer registo documental.
De acordo com o documento a que "Carta" teve acesso, o Gabinete de Auditoria Interna (GAI) da UEM, que realizou o trabalho, detectou ainda processos de despesas de aquisição de bens e serviços sem os respectivos justificativos, perfazendo o total de 479.714, 80 Mts.
Segundo os auditores, Parafino Gonçalves foi solicitado os documentos contabilísticos e outras informações referentes à conta bancária 89271429101 (do Banco Comercial e de Investimentos) do projecto de aplicação da FACED, mas não foi capaz de apresentá-los.
Os auditores dizem ainda que na conta bancária número 56344488 (do BIM UEM-FACED) foi identificada, no dia 02 de Agosto de 2018, uma operação com cheque número 7255799, no valor de 32.500,00 Mts, no entanto, o banco descontou 132.500,00 Mts, ou seja, uma diferença de 100.000,00Mts a mais entre o valor emitido e descontado. Mais uma vez, não houve fundamento para retirada daquele valor.
Ainda no mesmo extracto, dizem os auditores, observa-se que no dia 22 de Agosto outra operação com o cheque número 7255705 no valor de 6.025,50 Mts, mas o banco descontou 56.025,00 Mts, uma diferença de 50.000,00 Mts, também sem nenhuma justificação por ambas partes (Faculdade e Banco).
No relatório, lê-se igualmente que houve financiamento ou comparticipações de estudos para funcionários no valor de 337.421,50 Mts sem a devida autorização do Reitor. Diz-se também que houve pagamento indevido de incentivos sem autorização, no valor correspondente a 195.648,90 Mts.
Refira-se que António Cipriano Parafino Gonçalves era o homem escolhido a dedo por Orlando Quilambo para lhe suceder na Reitoria da Universidade Eduardo Mondlane. No entanto, não teve aprovação de Filipe Jacinto Nyusi, que preferiu o “G15” Manuel Guilherme Júnior.
Com o “chumbo” dado pelo Presidente da República, Parafino Gonçalves tenta uma nomeação ministerial para o cargo de Director-Geral da Autoridade Nacional do Ensino Profissional. Aliás, há dias, o candidato apareceu publicamente a defender Carmelita Namashulua, Ministra da Educação e Desenvolvimento Humano, no caso do livro de Ciências Sociais da 6ª Classe, que aparece com erros de palmatória, uma atitude tida como “anti-ética”. (Marta Afonso)