Já estão em vigor, desde terça-feira, os novos preços dos combustíveis e as bombas começam a registar uma nova rotina. “Carta” fez uma ronda por alguns postos de abastecimento de combustíveis da cidade de Maputo, tendo constatado a redução de número de clientes. A última corrida àqueles locais verificou-se, grosso modo, na segunda-feira, dia em que o Governo anunciou a subida dos deste produto-chave da economia moçambicana.
O primeiro posto de abastecimento de combustível a ser visitado pela nossa reportagem foi o da Êxito Energia, localizado na avenida Vladimir Lenine, onde constatamos pouca afluência dos clientes. Nos quase 20 minutos em que estivemos no local, apenas duas viaturas ligeiras procuraram pela gasolina.
Micas Zandamela, funcionário da Êxito Energia, disse à “Carta” que o local ficou três dias sem a gasolina, tendo recebido o produto justamente ontem. “Nos ficamos três dias sem gasolina e só tínhamos diesel. Só esta quarta-feira começamos a abastecer com estes novos preços”, disse.
Entretanto, apesar da reposição do stock de gasolina, Zandamela explica que o movimento está muito fraco. “Desde às 07:00 horas até às 16:00 horas, o movimento não se mostra o mesmo dos dias anteriores ao agravamento dos preços. No dia em que as autoridades anunciaram os novos preços, recebemos muitos clientes que procuravam encher os seus tanques, mas como não tínhamos combustível”, explicou.
De seguida, a nossa reportagem escalou as bombas da Galp, que se localizam na Avenida Eduardo Mondlane, nas proximidades do Serviço Nacional de Salvação Pública. O cenário encontrado também era desolador. Apenas uma viatura estava no local para abastecer gasolina.
“De lá para cá, os clientes continuam a abastecer, mas o fluxo reduziu consideravelmente. Os clientes que aparecem para abastecer não deixam de reclamar e muitos ameaçam parquear os carros para usar outro meio de transporte. Os novos preços estão a sufocar os trabalhadores, porque alguns de nós temos transporte próprio e, no fim do dia, temos de abastecer para voltar para as nossas casas”, explicou um funcionário do local, que não quis ser identificado.
A fonte acrescentou que a redução do número de clientes não se verifica apenas em pessoas singulares, mas também colectivas. “Nós temos contratos de abastecimento com várias empresas, mas com os novos preços até o fluxo das empresas reduziu e acreditamos que ainda estão a repensar nos novos valores que devem dar aos motoristas para abastecer as viaturas mensalmente. Antes, com 1000 meticais, havia carros que abasteciam 16 litros de combustível, mas hoje só podem abastecer 12 litros. Significa uma diferença de quatro litros e isso é muito”, sublinhou.
Já nas bombas da TotalEnergies, localizadas na Avenida Karl Marx, o cenário era deveras lastimável. No local, os funcionários encontravam-se a conversar por não ter nada a fazer, pois, ninguém procurava os serviços prestados por aquela entidade.
“O movimento está muito baixo, mas percebemos que se deve ao facto de muitos clientes terem corrido às bombas para encher seus tanques no dia em que se anunciou os novos preços do combustível. Nesse dia, vendemos acima do normal e graças a Deus tínhamos stock suficiente. O que eu sei é que esta situação poderá durar uma ou duas semanas, mas os clientes vão voltar porque o tanque cheio (full tank) não é eterno”, terminou.
Referir que com os novos preços, a gasolina passa a custar 83,30 Meticais, o gasóleo 78,97 Meticais, o petróleo de iluminação, 71,48 Meticais, o gás de cozinha 85,53 Meticais e o gás veicular 40,57 Meticais. (Marta Afonso)