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quinta-feira, 26 maio 2022 06:36

Nyusi diz que programa com o FMI “vai doer um bocadinho”

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O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse ontem que o novo programa financeiro com o Fundo Monetário Internacional (FMI) vai levar a ajustes na gestão do país que podem "doer um bocadinho".

 

"Vai doer um bocadinho, mas é preciso que alguma coisa se faça" em vez de ficar "à espera", referiu o chefe de Estado em declarações divulgadas pela televisão moçambicana STV, à margem de uma visita oficial ao Gana.

 

"Se ficamos à espera, comemos tudo hoje e amanhã não temos o que comer. Então é melhor comer de maneira organizada para podermos resistir mais tempo", referiu, ao ilustrar a estratégia de racionalização de recursos que disse estar na base do acordo.

 

"O FMI, quando regressa, regressa com medidas que exigem disciplina financeira e algumas medidas vão doer", reiterou, remetendo detalhes para numa oportunidade futura "poder comunicar à nação".

 

"Teremos que apertar algumas medidas, não para pôr o povo moçambicano a sofrer, mas para ver se qualificamos" o país, referiu.

 

Segundo Nyusi, com o novo programa, Moçambique deve procurar ajustes na hora de investir: "Em vez de comprar dez casas, compra três" e com as verbas "das outras sete, dá para fazer mais uma escola" ou "aumentar a qualidade do serviço de saúde".

 

O chefe de Estado diz que o caminho passa por promover "mais trabalho, disciplina financeira, honestidade". "Algumas medidas já estamos a fazer, como o combate à corrupção", frisou.

 

Nyusi disse que é necessário "evitar erros cometidos que nos puseram de fora" dos programas de apoio do FMI.

 

Alexis Meyer-Cirkel, representante do FMI em Moçambique, disse no sábado em entrevista à Lusa que acredita nas reformas feitas no país e que levaram à aprovação do acordo de financiamento no valor de 470 milhões de dólares (445 milhões de euros) a aplicar até 2025, o primeiro depois da descoberta do caso de corrupção das dívidas ocultas em 2016.

 

Meyer-Cirkel disse que os compromissos não preveem uma subida de impostos, nem outro tipo de austeridade para rechear os cofres do Estado. "Não há um aumento tributário", referiu, "a ideia é ampliar a base tributária e até baixar níveis na margem de algumas taxas", por forma a promover o crescimento após uma série de choques históricos: as dívidas ocultas, os ciclones, a covid-19 e os ataques armados no norte.

 

Os detalhes do acordo devem ser publicados antes do final do mês, concluiu. (Lusa)

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