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sexta-feira, 08 abril 2022 06:49

Moçambique abstém-se da votação contra a Rússia como membro do Conselho dos Direitos Humanos da ONU

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Esta também foi a posição de Angola, Cabo Verde e Guiné-Bissau. Portugal e Timor-Leste votaram pela adopção da resolução. São Tomé e Príncipe não participou da sessão. A votação teve lugar esta quinta-feira, na sede das Nações Unidas em Nova Iorque.

 

A resolução, apresentada pelos Estados Unidos da América e apoiada pela Ucrânia e outros aliados, obteve 93 votos a favor, 24 contra e 58 abstenções entre os 193 Estados-membros das Nações Unidas.

 

Assim sendo, a Assembleia-Geral das Nações Unidas acabou aprovando a resolução esta quinta-feira, suspendendo os direitos de participação da Federação Russa no Conselho de Direitos Humanos. 

 

O debate ocorreu após a violência reportada contra civis em Bucha, nos arredores da capital ucraniana, Kiev, na última semana. A votação previa maioria por dois terços dos votos válidos para ser adoptada.

 

Votaram contra o texto países como a Rússia, Bielorrússia, China, Cuba, Síria, Coreia do Norte, Nicarágua e Irão, e entre os países que se abstiveram constam ainda a Índia e México.

 

A maioria dos países que votaram contra ou se abstiveram argumentou que a resolução apresenta um viés político e que os "Direitos Humanos não deveriam ser politizados".

 

Na história da ONU, apenas a Líbia de Muammar Kadhafi foi suspensa do Conselho de Direitos Humanos, em 2011, também na sequência de uma votação na Assembleia-Geral da ONU.

 

Antes da votação desta quinta-feira, o embaixador da Ucrânia junto da ONU pediu aos membros da organização internacional que suspendessem a Rússia do principal órgão de Direitos Humanos, afirmando que Moscovo cometeu "horríveis violações e abusos de direitos humanos que seriam equiparados a crimes de guerra e crimes contra humanidade".

 

"Votem a favor desta resolução e salvem vidas na Ucrânia e ao redor do mundo. Votem 'não' e estão a premir um gatilho", disse o diplomata Sergiy Kyslytsya, perante a Assembleia-Geral da ONU, acrescentando que um voto contrário à resolução seria uma demonstração de "indiferença" semelhante à que em 1993 permitiu o genocídio no Ruanda.

 

Já o vice-Embaixador da Rússia, Gennady Kuzmin, pediu aos membros da ONU que votassem "não". "Hoje não é o momento para apresentações teatrais. O que estamos a ver aqui hoje é uma tentativa dos Estados Unidos de manter a sua posição dominante e de controlo total", afirmou o representante russo.

 

"Rejeitamos as alegações falsas contra nós, com base em eventos encenados e falsificações amplamente divulgadas", acrescentou Kuzmin.

 

A Rússia lamentou a sua suspensão do Conselho de Direitos Humanos da ONU e advertiu que pretende "continuar a defender os seus interesses por todos os meios legais".

 

"Estamos desolados e continuaremos a defender os nossos interesses por todos os meios legais e a explicar [a nossa posição]", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, à cadeia televisiva britânica Sky News.

Em simultâneo, o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo considerou "ilegal" a suspensão do país daquele organismo das Nações Unidas, indica um comunicado.

 

A Rússia considera esta suspensão "ilegal e politicamente motivada, destinada a punir de forma ostentatória um Estado-membro soberano da ONU que conduz uma política interna e externa independente".

A Rússia decidiu efectuar uma "retirada antecipada" deste Conselho, acrescentou a diplomacia russa. "Infelizmente, nas condições actuais, o Conselho é praticamente monopolizado por um grupo de Estados que o utilizam para os seus próprios fins oportunistas", acrescenta o ministério.

 

A Ucrânia disse que está "agradecida" pela decisão de suspender a Rússia do Conselho de Direitos Humanos da ONU, afirmando que "criminosos de guerra" não devem ter lugar em tais organismos.

 

"Os criminosos de guerra não têm lugar nos órgãos da ONU destinados a proteger os direitos humanos", escreveu na sua conta da rede social Twitter o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba.

"(Estou) grato a todos os Estados-membros que apoiaram a resolução relevante da Assembleia-Geral da ONU e escolheram o lado certo da História", acrescentou o chefe da diplomacia ucraniana.

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