No dia 27 de Dezembro de 2021, o governo indiano doou duas embarcações enormes à Marinha de Guerra das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) posicionada no Teatro Operacional Norte (TON). Espera-se que as embarcações e o material bélico doado possam reforçar a vigilância marítima e interceptar rapidamente as rotas usadas pelos terroristas e outros forasteiros.Sucede que, vendo aquela oferta dos homens de Mumbai, veio-me à mente um longo debate que travei com o Coronel Koy – um alto patriota que há mais de quatro décadas jurou defender a bandeira e os valores supremos desta pátria.
O Coronel Koy contou que, nos anos 2010 a 2014, participou em várias reuniões com alguns masterminds que hoje estão a contas com a justiça moçambicana. Durante as reuniões, defendeu o Coronel Koy que por tantas vezes alertaram que aquelas embarcações adquiridas não tinham nenhuma serventia para a principal razão da sua aquisição. Exaltado e zangado sobre o assunto, o Coronel Koy assim disse – nós alertamos sobre aqueles barquitos que eles compraram, mas ignoravam-nos! Tratavam-nos como imbecis, mas eu sou formado na matéria.
Cheguei a dizer que embarcações do género tinham que ter dimensões maiores e uma velocidade que vai acima dos 300 km/h. As embarcações que estão atracadas em Maputo e Pemba não chegam a levar cinco homens fortemente armados e munições, enquanto embarcações do género devem ter espaço para levar um batalhão, porque as operações contra a pirataria, por exemplo, são uma guerra declarada, e os militares devem seguir para a operação com tudo preparado e organizado.
"Fomos burlados! Aqueles veículos operativos nunca chegariam a servir. Porque o que nós pretendíamos era uma embarcação, enorme e modernizada. Um veículo operativo actual e preparado para tudo e não barquinhos" – desabafou o Coronel. Jovens, aquelas pessoas brincaram com a nossa soberania. Levaram tanto dinheiro de libanês para fazer negociatas, por isso quando assistimos aquilo que está a acontecer na B.O. percebemos hoje quais eram as reais motivações daquilo que faziam connosco nas reuniões.
Na altura chegamos de apresentar várias alternativas, mas como não tínhamos poder, éramos tratados como crianças. Chegava a irritar, sabe! Deixar família em casa, para ir ser desrespeitado por pessoas que pensavam que eram donos de tudo e todos – foi difícil e penoso! É pena que vocês hoje estejam a assistir aquilo na B.O., o lado sinistro de algumas pessoas que tinham o país na mão, a contarem coisas que só são normais nas cabeças deles!
É chocante ver que hoje estamos a receber embarcações por doação e, por outro lado, estamos a julgar pessoas que lideraram uma contratação de uma dívida com o intuito de adquirirem embarcações para guarnecer a nossa costa, integridade marítima e territorial – que situação, nem? "Precisamos de aprender de uma vez por todas com todo este enredo, para que não voltemos a assistir aquela vergonha na tenda da B.O" – afirmou o Coronel Koy (nome fictício).