Não é do Zandamela, do mais imponente e reluzente edifício da baixa de Maputo a que me quero referir, o tal que, há tempos, chamou a alguns PCAs de bancos de "lobistas".
É do outro Zandamela, o da LAM, o comandante. Zandamela Neves deve ser chope ou é descendência chope. Neves, que parece ser o apelido, o último nome pronunciado por uma aeromoça, por sinal, a chefe de cabine, é uma corruptela. Tal como Monjane é corruptela de Mondlane ou Costa corruptela de Cossa ou ainda Bié corruptela de Mbiyê.
Zandamela Neves, simpático, comunicador, devia ser o protótipo de pessoas que, para as alturas, levam vidas que cruzam os céus deste país que, há 44 anos, já é independente.
Algum tempo depois do TM 156, da companhia da bandeira, a LAM, rasgar os céus, com destino à capital do Norte, Zandamela fez gosto à retórica. Estar no ar durante horas não deixa de provocar stress. Como diz Gustavo Mavie, um dos jornalistas com maior número de horas de voos, quando o avião sai da pista tudo depende do comandante, mas guiado por Deus.
Dos microfones do cockpit veio uma voz meio embargada e trémula, mas que veio reconfortar e transmitir segurança aos passageiros. Naqueles instantes, ninguém se lembrava que estava a 31 mil pés de altitude, tal é a forma doce que nos chegavam aquelas palavras do comandante.
Zandamela Neves, em tom humilde, falou dele, falou da carreira dele, mas para mostrar que ele apenas dirige uma equipa que não é chefe, mas um líder. Apresentou todos os membros da tripulação. Era dia 25 de Junho, ontem, terça-feira e a chefe de cabine, completava 14 anos depois de se ter iniciado na carreira.
O bom disto é que a relação entre a LAM e os passageiros transcende o lado comercial, afinal somos humanos.
A comunicação de Zandamela Neves para os passageiros humaniza a relação daqueles com a LAM. Foi impressionante ouvir Zandamela Neves a dizer que "somos a companhia da bandeira, estamos aqui a trabalhar a meio todas as adversidades". Adversidade é minha palavra. Zandamela disse "dificuldades".
Parabéns LAM. Há muitos Zandamelas, na LAM, há muitos Joãos Madureiras, como há vários Neltons Nhantumbos, na LAM. Há muita boa malta na LAM. Jorge Zandamela Neves, de seu nome completo, é um veterano na aviação, com 40 anos de carreira, iniciados em 1979. Este Jorge é um verdadeiro cultor de relações humanas/públicas. Quando o Embraer se imobilizou na placa do Aeroporto de Nampula, logo que o aparelho deu um beijo à pista, ele próprio saltou do cockpit para dizer a todos os passageiros, um por um, com sorriso estampado nos lábios "muito obrigado, boa estadia, esperamos voltar a vê-los, até a próxima".
Com a Ethiopian a acossar os serviços da nossa companhia de bandeira, a LAM precisa mesmo de fazer reajustamentos no capítulo das relações humanas e distribuir sorrisos.
Ainda há muito pó por sacudir na LAM. É para ontem!
A LAM merece todo o nosso carinho.