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quinta-feira, 28 dezembro 2023 08:46

O lado ruim da proliferação de potências mundiais para a África

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Para a África que se regozija com os sinais de que esteja na forja um mundo multipolar (mais do que um centro de poder estatal mundial), em contraponto com o unipolar das últimas décadas, vai um aviso à navegação: a multipolaridade pode ser fatal para a África. E não sou eu quem o diz: é a História.

 

Historicamente, e não tão longe, a existência de várias (super)potências mundiais fora ruim para a África. No último quarto do séc. XIX, um grupo de potências mundiais da altura, as potências colonizadoras, sentaram-se à volta de uma mesa em Berlim, capital alemã, e esfrangalharam o continente africano.

 

Hoje, com os sinais da proliferação de potências mundiais que se acrescem os da eterna avidez forasteira por África, a possibilidade de uma nova divisão não é remota e pelas mesmas razões que ditaram a estadia em Berlim de 15 de Novembro de 1884 até 26 de Fevereiro de 1885.

 

Lembrar que foram as crispações entre estas potências - que só atrapalhavam, mais do que ajudavam no cardápio da exploração - que ditaram os mais de três meses de negociação de diferenças e do tamanho da fatia do bolo de cada uma delas.

 

Acredito, para terminar, que o leitor não precisa que se desenhe para concluir que a História repete-se. Aliás, e já dizia Hegel: “A História repete-se sempre, pelo menos duas vezes”. E Karl Marx acrescentaria: "a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa. "E a farsa é mais terrível do que a tragédia”, completaria Herbert Marcus.

 

Nando Menete publica às segundas-feiras

 

PS: Um detalhe: as conversações da Conferência de Berlim incluíram o período da quadra festiva (1885/86). Hoje, 138 anos depois (2023/24), é bem possível que enquanto o leitor celebra a presente quadra festiva a comer um frango assado no seu “Terreno”, haja, algures numa capital pelo mundo, quem esteja a esfrangalhar o seu “Terreno” e a ditar os termos da sua “ocupação efectiva” até a próxima quadra festiva.   

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