Quase um mês depois do ataque terrorista à vila de Palma, os gestores da TOTAL em Moçambique garantiram, esta terça-feira (20), à Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), que a empresa não abandonou, senão suspender o Projecto Mozambique LNG, em instalação na península de Afungi, província de Cabo Delgado, por questões de segurança.
A garantia da petroquímica francesa foi transmitida, em Maputo, pela CTA, depois de manter duas reuniões com a empresa e Embaixador da França, em Moçambique, onde as entidades debateram sobre os impactos da suspensão da TOTAL nas empresas moçambicanas sub-contratadas pelo Projecto.
Em termos de prejuízos, o Presidente da CTA, Agostinho Vuma, relatou que a análise preliminar aponta para 410 empresas e 56 mil postos de trabalho afectados pelo ataque de 24 Março passado, e um impacto financeiro preliminar de cerca de 95 milhões de USD que inclui destruições, atrasos de pagamentos e mercadorias em trânsito sem certeza da entrega.
Segundo Vuma, o distrito de Mocímboa da Praia figura como o mais afectado, com cerca de 40% de empresas abrangidas e 23% dos postos de trabalho perdidos.
Decorrente dos ataques terroristas, a CTA apresentou as preocupações do sector privado à TOTAL e ao Embaixador da França. Dentre várias questões, destacou o atraso nos pagamentos que se está tornando num pesadelo para o sector privado.
Face às preocupações, “a TOTAL informou-nos estar a trabalhar arduamente para encontrar soluções para os contratos em curso, através das contratadas. Reiterou que a TOTAL não tem pagamentos atrasados aos contratados [senão estes com as subcontratadas]. Assim, a CTA acordou com a TOTAL em criar uma task force conjunta para mapear os pagamentos pendentes e cujas mercadorias tinham sido ordenadas pelas contratadas, facilitar, contrato-a-contrato, o cumprimento das obrigações com as Pequenas e Médias Empresas moçambicanas”, disse Vuma.
Para garantir celeridade dos pagamentos, a CTA vai circular, durante uma semana, a partir de hoje, uma planilha de recolha de informações a todas as empresas com pagamentos pendentes para que se possam inscrever.
“A TOTAL, na qualidade de líder do consórcio empresarial que opera em Cabo Delgado, partilhou a informação de que está preocupada com a questão das consequências destes ataques e com o funcionamento de outras instituições, como é o caso da EDM, TDM, bancos e outras entidades, como forma de assegurar a prossecução do projecto”, acrescentou o Presidente da CTA.
Sobre as Ilhas Mayotte (uma espécie de província ultramarina de França), Vuma transmitiu que, tanto o Embaixador como a TOTAL referiram que não a têm como opção para o projecto de LNG, mas apenas para instalação de serviços hospitalares, para evacuação dos seus quadros em casos de doença, uma vez que Palma não tem licença internacional. (Evaristo Chilingue)