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sexta-feira, 17 março 2023 07:03

Reabilitação da EN1 em Moçambique vai acabar com “martírio” - Confederação

camiao n1 min

Na última sexta-feira, o Governo moçambicano anunciou o arranque da primeira fase das obras de reabilitação da Estrada Nacional 1 (EN1) até ao final deste ano, com um financiamento de cerca de 400 milhões de dólares (375 milhões de euros) que o Banco Mundial aprovou em agosto para a primeira fase.

 

“É um grande martírio”, quer no transporte de carga, quer no transporte de passageiros, devido ao total estado de degradação da via, disse à Lusa o vice-presidente da CTA para o pelouro do Transporte de Carga, Flávio Naiene.

 

O responsável assinalou que um camião com carga chega a demorar dois dias para percorrer pouco mais de 1.200 quilómetros de Maputo, sul, à Beira, centro, enquanto antes o mesmo trajeto era percorrido num só dia.

 

“Temos de 'namorar' os buracos. Se não forem 'namorados', o camião fica pelo caminho”, descreveu.

 

O pior troço - e que vai ser o primeiro a entrar em obras - entre Inchope e Caia, liga as províncias centrais de Manica, Sofala e Zambézia, mas da estrada já só restam pedaços dispersos de alcatrão que camiões contornam a muito custo, relatam outros motoristas.

 

Ali, chegam a ser dez horas para percorrer 300 quilómetros.

 

Os transportadores rodoviários de passageiros e de carga só se mantêm em atividade na EN1 por uma questão de sobrevivência, mas vários já desistiram, devido aos elevados prejuízos causados pelo mau estado da estrada, salientou Flávio Naiene.

 

“Desgasta-se o pneu, partem-se as molas, amortecedores, casquilhos e mais peças. Contabilisticamente falando, é um prejuízo enorme”, acrescentou.

 

Aquele responsável assinalou que a degradação da estrada também é a causa da elevada sinistralidade e mortes.

 

Por outro lado, a EN1 não tem bermas nem estacionamento que permita encostar os veículos avariados ou que facilite o descanso dos motoristas que fazem viagens de longo curso, explicou.

 

“Os acidentes devem-se, em primeiro lugar, ao mau estado da estrada e, em segundo lugar, a erro humano” dos motoristas, notou aquele dirigente associativo, com base na sua perceção, na ausência de levantamentos sobre acidentes e prejuízos ao longo da via.

 

O responsável criticou o pagamento de taxas de portagens numa estrada degradada, argumentando que se trata de um encargo sem o correspondente serviço de qualidade.

 

“Não somos contra as portagens em si, porque são necessárias para a manutenção das estradas, mas, por enquanto, é um custo fixo sem contrapartida”, sustentou.

 

Flávio Naiene defendeu que o Governo deve assegurar “uma reconstrução” da EN1 e não apenas uma reabilitação, dado o acentuado nível de degradação da infraestrutura, e garantir que não haja pausas entre as várias fases das obras, para que o resultado da reparação de um troço não seja anulado num trajeto ainda por reabilitar.

 

Por outro lado, prosseguiu, é necessário um plano de manutenção periódica, visando uma maior longevidade da infraestrutura e o seu aproveitamento pelas gerações vindouras.

 

O vice-presidente da CTA para o pelouro do Transporte de Carga observou que a reabilitação e manutenção da EN1 vai permitir a dinamização da economia do país e a atração de mais investimento.

 

“Por nós, [o arranque das obras], devia ter sido ontem”, enfatizou.

 

O envelope financeiro cujo acordo foi assinado na última semana entre o executivo moçambicano e o Banco Mundial destina-se à reabilitação de cerca de metade da via, numa extensão de mil quilómetros, e o projeto vai durar dez anos, anunciou o Governo.

 

“Foram realizados levantamentos em toda a extensão da EN1, tendo sido identificados troços em más condições que apontam para a necessidade de reabilitação de 1.053 quilómetros dos cerca de 2.600 da extensão total”, lê-se em comunicado do Ministério das Obras Públicas.

 

O Banco Mundial aprovou um financiamento total de 850 milhões de dólares (797 milhões de euros), sendo que quase metade será aplicada na primeira fase.(Lusa)

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