Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

BCI
segunda-feira, 29 agosto 2022 06:17

Bombas de combustíveis: Operadores dizem que declarações de Nyusi preocupam o sector

nyusigazoli min

Os empresários que operam no sector de combustíveis, desde importadores até retalhistas, dizem-se preocupados pelos pronunciamentos do Presidente da República (PR), Filipe Nyusi, sobre a existência de donos de postos de combustível na província de Sofala, que usam o negócio para lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo em Cabo Delgado, pois mancham toda a classe. Contudo, não negam a existência de prevaricadores no negócio.  

 

“Carta” obteve as reacções do Secretário da Associação Moçambicana de Empresas Petrolíferas (AMEPETROL), Ricardo Cumbe, bem como do Presidente da Associação de Revendedores de Combustíveis de Moçambique (ARCOMOC), Nelson Mavimbe.

 

Em entrevista à “Carta”, Cumbe começou por distanciar a Associação dos prevaricadores, pois, na sua opinião, o pronunciamento do PR aponta os postos de abastecimento de combustíveis de “linha branca”, designadamente, bombas que não têm qualquer relação umbilical com as 29 gasolineiras importadoras e distribuidoras que fazem parte da AMEPETROL.

 

Além disso, o nosso interlocutor disse que é pela primeira vez que recebe informação da existência de postos de combustível que usam o negócio para lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo em Cabo Delgado. “Ainda assim, não deixa de ser preocupante porque o pronunciamento visa o sector de combustíveis, do qual fazemos parte”, afirmou Cumbe.

 

Após o pronunciamento do Chefe de Estado, Cumbe disse que a Associação já está atenta e, doravante, vai trabalhar com vista a continuar a distanciar-se dos prevaricadores por um negócio limpo. “Todo o trabalho será feito no sentido de nos acautelar para que os nossos associados não façam negócios com eles”, assegurou o Secretário da AMEPETROL.

 

Por seu turno, o Presidente da ARCOMOC, Nelson Mavimbe, também dissociou a Associação de empresários que usam o negócio para lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo em Cabo Delgado.

 

Além disso, Mavimbe sublinhou que os pronunciamentos do PR foram surpreendentes, pois nunca tinha recebido denúncia sobre o assunto, apontando um dos 61 membros que gerem 600 postos de abastecimento em todo o país.

 

“Ficamos surpresos com os pronunciamentos do Presidente, porque nunca tínhamos recebido tais denúncias. Estamos chocados porque as declarações mancham toda a classe que opera no sector de combustíveis”, disse o Presidente da ARCOMOC.

 

Durante a entrevista, Mavimbe não negou a existência de empresários no sector que alimentam o terrorismo em Cabo Delgado tendo em conta que foi o Chefe de Estado quem despoletou a informação. “Se o Presidente da República disse publicamente é porque já houve investigação preliminar que chegou a essa conclusão. Por isso não negamos, pelo que ansiamos pelos resultados das entidades do Governo ordenadas para aprofundar a investigação. Aliado a isso, esperamos que os empresários acusados sejam exemplarmente responsabilizados”, afirmou a fonte.

 

Num outro desenvolvimento, o nosso interlocutor disse que a existência de prevaricadores no sector (dominado consideravelmente por empresários estrangeiros) pode dever-se à fragilidade da legislação, bem como ao facto de as autoridades governamentais que velam pelo sector não incluírem a ARCOMOC no processo de licenciamento e autorização de funcionamento de postos de abastecimento. (Evaristo Chilingue)

Sir Motors

Ler 2088 vezes