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quarta-feira, 10 agosto 2022 06:22

EUA lançam nova estratégia para África

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A nova estratégia norte-americana para as relações com os países da África subsaariana foi lançada na segunda-feira, em Pretória, na África do Sul, pelo Secretário de Estado, Antony Blinken. Na ocasião, Blinken explicou que a estratégia se baseia no reconhecimento dos países da África subsaariana como parceiros iguais e enfatizou o papel da região como "uma grande força política".

 

"O que nós procuramos antes de mais nada é uma verdadeira parceria entre os Estados Unidos e África. Não queremos uma relação desequilibrada ou transacional", disse Blinken, numa conferência de imprensa conjunta com a sua homóloga sul-africana Naledi Pandor, na segunda-feira.

 

"Os EUA não ditarão as escolhas de África e mais ninguém deve fazê-lo", disse mais tarde num discurso na Universidade de Pretória, acrescentando: "o direito de fazer estas escolhas pertence aos africanos apenas. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos e o mundo esperam que as nações africanas defendam as regras do sistema internacional que tanto fizeram para moldar".

 

Democracia em África

 

 

Os EUA entendem que os países africanos, desde que conquistaram a sua independência, também reconheceram que o direito das nações de traçar o seu próprio caminho está vinculado à garantia dos direitos individuais dos cidadãos.

 

  

Neste desiderato, a administração Biden lembra que a esmagadora maioria da população africana prefere a democracia a qualquer outra forma de governo.

 

  

"Mais de 70% rejeitam o regime militar; mais de 80% rejeitam a regra de um só homem, de acordo com a organização de pesquisa da Afrobarómetro, com sede na África. Os cidadãos africanos querem democracia – isso é claro. A questão é se os governos africanos podem fazer a democracia funcionar melhorando a vida dos seus cidadãos de forma tangível", assinalou o Secretário de Estado referindo que "esse é um desafio que não é exclusivo da África. É um problema que a democracia enfrenta em todas as partes do mundo, incluindo os Estados Unidos".

 

Blinken explicou que não vão tratar a democracia como uma área onde a África tem problemas e os Estados Unidos têm soluções e reconheceu que as democracias enfrentam desafios comuns, sendo necessário enfrentar juntos, como iguais, ao lado de outros governos, da sociedade civil e dos cidadãos.  

 

A nova estratégia dos EUA que reconhece a importância demográfica crescente de África, o seu peso na Organização das Nações Unidas (ONU) e os seus imensos recursos naturais, surge num momento em que a insistência de Washington na luta militar contra os grupos extremistas em África tem sido alvo de críticas.

 

Neste contexto, os EUA nomearam Moçambique, no passado dia 4 de Abril, como um dos países sob a Lei de Fragilidade Global, o que implica um envolvimento substancialmente maior dos EUA em Moçambique para combater o terrorismo.

 

  

"Lançamos uma nova abordagem para a boa governação, a Lei da Fragilidade Global, que consiste num investimento por uma década na promoção de sociedades mais pacíficas, mais inclusivas e mais resilientes em lugares onde as condições são susceptíveis para o conflito, incluindo Moçambique", disse o Secretário de Estado no lançamento da nova estratégia dos EUA para África.

 

O presidente dos EUA Joe Biden anunciou em Abril que a sua administração vai implementar uma nova estratégia destinada a conter conflitos, estando Moçambique entre os países abrangidos pela medida, com base numa lei aprovada pelo Congresso americano em 2019 e que estabelece que devem ser destinados 200 milhões de dólares anuais  para planos de desenvolvimento  a longo prazo. 

 

A nova estratégia é baseada nos esforços de longo prazo durante 10 anos para trabalhar com a sociedade civil e os governos dos países abrangidos com o objectivo de promover a estabilidade, o desenvolvimento económico, o respeito pelos direitos humanos e a igualdade de gênero.

 

Depois da África do Sul, o chefe da diplomacia norte-americana viajou para a República Democrática do Congo (RDC), a segunda etapa de uma viagem que o levará ainda ao Ruanda.

 

A visita de Blinken a África, semanas após a viagem do seu homólogo russo, Serguey Lavrov, ao continente, é vista por muitos especialistas como uma tentativa de aproximar a diplomacia sul-africana do campo ocidental e contrariar a influência russa no continente. (Carta)

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