A Directora do Consórcio de Pesquisa e Análise de Terrorismo, a nível de África, Jasmine Opperman, revelou, na passada segunda-feira, 24 de Fevereiro, que o Estado Islâmico na África Ocidental (ISWAP), uma facção do grupo jihadista nigeriano Boko Haram, afiliado ao Estado Islâmico, voltou a reivindicar a autoria de mais um ataque na província de Cabo Delgado.
De acordo com a analista da Teologia Islâmica do Contra Terrorismo, esta foi a 25ª reivindicação a ser levada a cabo pelo grupo, que actua na zona ocidental do continente africano, concretamente no Burquina Faso, onde já reivindicou diversos ataques, sendo o último a 27 de Dezembro passado, relacionado a um ataque à base militar de Arbinda, no Burkina Faso, em que morreram sete soldados.
Embora mostre reservas em torno do comunicado emitido pelo ISWAP, Jasmine Opperman afirmou, numa publicação feita na sua conta da rede social Facebook, que a reivindicação pode estar relacionada a um ataque ocorrido no passado dia 19 de Fevereiro, na aldeia Chiculua, no distrito de Palma, que dista a cerca de 40 Km do sudoeste da vila-sede daquele distrito.
A especialista refere que, no referido ataque, o grupo que protagoniza desmandos em nove distritos do centro e norte de Cabo Delgado, há mais de dois anos, matou quatro soldados, para além de ter queimado casas e saqueado estabelecimentos comerciais locais.
Refira-se que, no passado dia 03 de Fevereiro, durante as comemorações do Dia dos Heróis Moçambicanos, o Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, admitiu haver financiamento externo ao grupo que protagoniza os ataques na província de Cabo Delgado, tendo pedido apoio da população para resolver a situação.
Na semana finda, durante a inauguração da linha de energia de alta-tensão Cuamba-Marrupa e da subestação de Marrupa, na província do Niassa, Nyusi disse haver “sinais claros” para identificar-se os mandantes dos ataques e que os interrogatórios a alguns malfeitores decorrem a “bom ritmo”, pelo que, “serão conhecidos em breve”.
Os ataques que se verificam na província de Cabo Delgado, desde 05 de Outubro de 2017, já provocaram a morte de cerca de 500 pessoas, entre civis, militares e integrantes do referido grupo (ainda não identificado), tendo já afectado mais de 153 mil pessoas. (Carta)