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quarta-feira, 12 fevereiro 2020 03:29

Ataques em Cabo Delgado: dois anos depois, Governo continua a auscultar a população

Passam 859 dias desde que se instalou o caos e a desordem em nove distritos da província de Cabo Delgado (Mocímboa da Praia, Palma, Macomia, Nangade, Quissanga, Ibo, Meluco, Muidumbe e Mueda), norte do país, resultante dos ataques militares, protagonizados por um grupo de “malfeitores” e o Governo continua sem solução para travar a situação, que tende a alastrar-se pela província, ameaçando atingir a cidade de Pemba, a capital daquela província.

 

Nesta terça-feira, no final da IV Sessão Ordinária do Conselho de Ministros – alargada aos membros do Governo provincial de Cabo Delgado, administradores distritais e personalidades influentes nos distritos afectados pelos ataques – que teve lugar na cidade de Pemba, entre segunda e terça-feira, a Ministra da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, Helena Mateus Kida, afirmou que o Governo esteve, durante os dois dias, a auscultar as pessoas influentes, de modo a “responder com acções para trazer soluções para esta situação de instabilidade”.

 

Numa conferência de imprensa, que durou quase cinco minutos, Helena Kida afirmou que o Executivo, que saiu de Maputo para Cabo Delgado com o assunto da “insurgência” no topo da agenda, está a trabalhar na identificação dos insurgentes e das suas motivações, com vista a restaurar-se a segurança e a tranquilidade das populações.

 

“O que foi feito, nesta sessão, foi auscultar a população, auscultar as pessoas influentes, auscultar o governo distrital e o governo da província de Cabo Delgado, de modo que o Governo possa responder com acções para trazer soluções para esta situação de instabilidade”, disse Kida, anunciando, de seguida, os passos seguintes.

 

“Depois da auscultação, o Governo estará em melhores condições de delimitar as estratégias e encontrar soluções efectivas para esta situação de intranquilidade na província de Cabo Delgado”, afirmou a porta-voz do Conselho de Ministros, em resposta a uma pergunta dos jornalistas.

 

Há dois anos e quatro meses que os distritos de Mocímboa da Praia, Palma, Macomia, Nangade, Quissanga, Ibo, Meluco, Muidumbe e Mueda vivem debaixo da “pólvora”, tendo já provocado mais de três centenas de óbitos (dados não oficiais), entre civis, membros do grupo e militares.

 

Entretanto, de acordo com os dados do Governo Provincial de Cabo Delgado, liderado por Valige Tauabo, a situação que se verifica naquele ponto do país já afectou 39.875 famílias, equivalente a 156.428 pessoas, para além de ter destruído 76 escolas, abrangendo 16.760 alunos e 285 professores.

 

Os dados revelam ainda que os ataques levaram 14 mil famílias de camponeses a abandonarem as suas machambas, assim como 1.981 pescadores tiveram de fugir por temer os insurgentes. Foram, igualmente, vandalizados os Centros de saúde de Nkonga (Nangade), Namaluco (Quissanga), Quiterajo (Macomia) e Maganja (Palma). Os distritos mais afectados são: Macomia (29%), Quissanga (25%), Mocímboa da Praia (19%) e Palma (13%). Refira-se que, sem apontar nomes, o Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, voltou a criticar a imprensa que reporta a situação que se vive naquela província, apelidando-a de “anti-patriótica”. (Carta)

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