Como se vem noticiando, os combates em Cabo Delgado – mais precisamente nos distritos de Macomia, Palma, Muidumbe e Nangade – continuam intensos. Nos últimos cinco dias, mais de 16 pessoas perderam a vida, sendo 12 pertencentes ao grupo terrorista que desde Outubro de 2017 vem protagonizando actos macabros, cinco civis e um agente das Forças de Defesa e Segurança (FDS).
De acordo com fontes do exército posicionadas no teatro das operações, no passado dia 30, os insurgentes voltaram a atacar a aldeia Olumbi, no Distrito de Palma, tendo sido morta uma mulher, queimadas duas barracas e vandalizadas propriedades privadas. Em alguns dos estabelecimentos vandalizados, os insurgentes chegaram ao extremo de deitar fora quantidades significativas de produtos alimentares, tais como peixe seco e arroz.
Com a colaboração de populares, as FDS perseguiram o aludido grupo tendo sido abatidos quatro dos seus membros, e capturados outros tantos. Durante o tiroteio, um agente das FDS foi mortalmente atingido.
De acordo com as nossas fontes, a operação prosseguiu na última segunda-feira (02), sendo que as FDS penetraram aldeia Olumbi adentro, conseguindo abater mais oito insurgentes.
De recordar que este grupo de insurgentes que ataca aldeias e vilas há dois anos, sem, contudo, revelar as suas verdadeiras pretensões, já matou mais de 500 pessoas – segundo dados revelados pelo Royal Institute of International Affairs de Londres, através do seu representante na África, Alex Vines, em entrevista concedida ao jornal canadiano The Globe and Mail.
Macomia: as perdas que não param
Outra situação aconteceu no passado dia 29 de Novembro, na aldeia Nacutuco, a 8 quilómetros da sede do Posto Administrativo de Mucojo, Distrito de Macomia. Voltaram a viver-se momentos tenebrosos, numa acção insurgente que resultou na morte de quatro civis e no ferimento grave de uma quinta pessoa. No referido ataque, várias palhotas foram incendiadas.
De acordo com populares contactados telefonicamente pelo nosso jornal, os insurgentes permaneceram na aldeia por cerca de três horas, sem que houvesse qualquer resposta das FDS, que, entretanto, se encontravam a 8km.
De entre os quatro civis mortos, um foi decapitado, outro carbonizado e os restantes dois baleados à queima-roupa. Entretanto, relatos de populares na sede de Mucojo indicam que todas as vítimas de Nacutuco eram pessoas que acabavam de regressar à aldeia, depois de terem fugido há, sensivelmente, um ano, para a sede de Mucojo.
Conforme “Carta” apurou, em Mucojo-sede, existe uma posição das FDS que, anteriormente, estava baseada na aldeia de Nacutuco. Acontece que, após o ataque de 27 de Novembro de 2018, que culminou com a morte de um civil e mais de 14 barracas incendiadas, o exército instalara uma posição naquela aldeia, tendo, porém, deslocado a mesma, alguns meses depois, para sede do Posto Administrativo.
A retirada dessa posição de Nacutuco já custou a vida a cinco pescadores que (em Agosto passado) regressavam de mais uma actividade.
Índia interessada em apoiar
Como “Carta” noticiou esta terça-feira, o Wagner Group, a organização de mercenários russos que combate os insurgentes em Cabo Delgado, regressou semana finda ao teatro das operações, depois de uma retirada estratégica que durou alguns meses.
Coincidência ou não, o presidente Filipe Nyusi efectuou uma visita-relâmpago à Província de Cabo Delgado, numa altura em que se fala do interesse da Índia em apoiar Moçambique no campo da defesa e segurança.
Aliás, de acordo com um comunicado, datado de 29 de Novembro, o Ministério da Defesa Nacional (MDN) dá a conhecer que o Ministro Atanásio M’tumuke e o homólogo indiano Raksha Mantri assinaram um memorando de cooperação na área da defesa e segurança marítima, na Zona Económica e Exclusiva de Moçambique. Refere ainda que as autoridades de Nova Deli apoiaram Moçambique com 44 viaturas para o SERNIC e embarcações para o controlo marítimo. (Carta)