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segunda-feira, 13 maio 2019 06:14

Entre os ataques dos insurgentes e os impactos do Ciclone Kenneth: Que futuro se espera de Macomia?

Localizado na região central da província de Cabo Delgado, ao longo da costa, na região norte do país, o distrito de Macomia é hoje a região onde a vida está cada vez mais complicada. Ora, trata-se de um distrito quase totalmente destruído, tudo porque dois factores afectaram negativamente a vida dos residentes: os focos dos conflitos levados a cabo pelos insurgentes e o ciclone Kenneth. Quase tudo voltou a zero e a vida está complicada.

 

Centenas de casas foram queimadas pela acção dos insurgentes e outras cerca de 18 mil ficaram devastadas pelo ciclone Kenneth que, igualmente, destruiu estabelecimentos comerciais, as principais infra-estruturas governamentais e, o mais triste ainda, ceifou 33 vidas humanas.

 

Actualmente, os residentes descrevem como difícil a vida naquele ponto do país, porque maior parte dos bens está perdida. Pior ainda, contam, não é seguro ir à machamba devido ao medo instalado há quase um ano, na sequência das incursões dos insurgentes.

 

Enquanto isso, a pesca é pouco rentável porque o mar continua agitado e a garantia do mercado é duvidosa, pois, a estrada que liga os dois postos administrativos costeiros, Quiterajo e Mucojo, não tem ligação com a sede distrital, devido à destruição de duas pontes.

 

Os residentes daquela pacata vila, que dista a 200 km da capital provincial, Pemba, descrevem ainda que alguns agentes económicos se aproveitam da situação para agravar os preços dos produtos básicos. Salientam que o mais complicado é que os que tinham produtos em stock e nas machambas foram devastados pelo fogo dos insurgentes e pelas chuvas que acompanharam o ciclone Kenneth.

 

Assim, estão sujeitos à ajuda do governo e seus parceiros, que também não chega, devido à insuficiência e aos métodos de distribuição que não são justos.

 

Novo começo

 

Ao avaliar o impacto dos dois factores, os nossos entrevistados afirmam que para o distrito de Macomia voltar ao estágio anterior precisará de muitos anos. Hoje não há casas como antes, mas sim cabanas como se de machambas ou centros de pescas temporários se tratasse. Conforme o que é visível no terreno, maior parte de casas existentes não são para recuperar, nem reconstruir; todos precisam de uma construção de raiz.

 

Como forma de dar largas à construção, alguns residentes estão a aproveitar os coqueiros para fazer estacas das suas casas, enquanto outros reaproveitam os restos do que foi destruído.  Segundo as nossas fontes, a vida apenas está estável para as pessoas de maior renda, como funcionários, combatentes que recebem salários do Estado e alguns agentes económicos.

 

O negócio já começa a fluir, mas os preços do produtos dispararam. Por exemplo, em Mucojo, o arroz, que custava 50 Meticais o kg, custa actualmente 60 a 70 meticais. O kg de farinha de mandioca seca subiu de 20 para 25 Meticais e a chapa de zinco, na Vila de Macomia, saiu dos anteriores 360 Meticais para 400.

 

Além de danos em bens e vidas humanas, o distrito de Macomia, o mais assolado pelo Ciclone Tropical Kenneth e o conflito armado, viu a sua população perder a sua criação, em particular aves.

 

Dificuldades na comunicação

 

Para além da destruição das duas pontes que isolaram os Postos Administrativos de Mucojo e Quiterajo da vila-sede de Macomia, a população daqueles locais também não se comunica por voz ou dados com seus familiares, devido à destruição das infra-estruturas de telecomunicações, das operadoras Movitel e Moçambique Telecom (Tmcel).

 

Os que possuem motorizadas, por exemplo, devem deslocar-se cerca de 30 km para uma zona alta em direcção a Macomia, para conseguirem falar com os seus familiares. Trata-se de um exercício que exige muitos esforços. A dificuldade na comunicação agrava-se ainda devido à falta de energia eléctrica, o que impede o uso de antenas parabólicas para aceder à televisão e muito menos à rádio. (Carta)

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