Com base em dados recolhidos em três grandes cidades de referência no país, o Instituto Nacional de Estatística (INE) informou, ontem, em comunicado, que durante Fevereiro passado os preços de diversos produtos e serviços continuaram a disparar pelo segundo mês consecutivo no país.
A nota reporta que, ao longo de Fevereiro do ano em curso, o país registou face ao mês de Janeiro uma inflação na ordem de 0,36%. Em termos acumulados, de Janeiro a Fevereiro, o INE observou que a variação se situa em 1,00%, contra uma variação homóloga (de Janeiro e Fevereiro de 2019) que foi de 3,55%.
Para o mês em análise, a autoridade estatística descreve que a divisão de alimentação e bebidas não alcoólicas foi a de maior destaque, ao contribuir no total da inflação mensal com cerca de 0,23 pontos percentuais (pp) positivos.
Analisando a variação mensal por produto, o INE destaca a subida de preços do amendoim (8,4%), do óleo alimentar (4,4%), da couve (10,2%), dos transportes ferroviários de passageiros (12,5%), das refeições completas em restaurantes (0,7%), do feijão manteiga (5,2%) e do tomate (1,7%), que, no total da inflação mensal, contribuíram com cerca de 0,36pp positivos.
“Contudo, alguns produtos com destaque para o peixe fresco (1,5%), o peixe seco (1,5%), os ovos frescos de galinha (4,2%) e o detergente em pó (1,7%), contrariaram a tendência de subida, ao contribuírem com cerca de 0,10pp negativos”, observou a instituição.
Desagregando a inflação mensal pelos três centros de recolha que servem de referência para a inflação do país, a autoridade conclui que a Cidade de Maputo teve, em Fevereiro, a inflação mensal mais elevada (0,56%), seguindo-se as Cidades de Nampula e Beira com inflação de 0,16% e 0,10%, respectivamente. (Evaristo Chilingue)
Mais um ataque militar foi levado a cabo pelo grupo que aterroriza os distritos da zona centro e norte da província de Cabo Delgado. Desta vez, o alvo foi a aldeia Nkonga, no distrito de Nangade, onde, na passada quarta-feira, os malfeitores mataram quatro pessoas e queimaram 30 residências.
De acordo com as fontes, o ataque ocorreu entre as 17 e 18 horas, tendo resultado também na deslocação da população para a sede do Posto Administrativo de Ntamba, naquele distrito do planalto dos macondes.
Já neste domingo, os insurgentes atacaram duas viaturas pertencentes a cidadãos bengaleses, que se dedicam ao comércio no distrito de Macomia há quatro anos. Segundo as fontes, os ataques aconteceram no troço entre a aldeia Nangololo e o cruzamento de ADPP/19 de Outubro, na Estrada Nacional Nº 380, tendo obrigado a “reactivação” das escoltas militares naquela área, durante o período da tarde.
O primeiro ataque aconteceu por volta das 5:00 horas, onde foi alvo um camião e o segundo por volta das 14:00 horas, onde foi alvo uma viatura ligeira de caixa aberta, que transportava os proprietários do camião atacado anteriormente, com a finalidade de aferir o nível dos estragos.
À “Carta”, as fontes garantiram que os dois ataques resultaram no ferimento de quatro pessoas, para além de danos materiais avultados: o camião terá pegado fogo na parte da cabine e a viatura ligeira está danificada.
Refira-se que o Presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Daviz Simango, defendeu, no fim-de-semana, que o Governo deve declarar um estado de guerra na província de Cabo Delgado, para mobilizar ajuda contra grupos armados na região. Mais de 350 pessoas são dadas como mortas, vítimas dos ataques, em Cabo Delgado, entre membros das Forças de Defesa e Segurança (FDS), do grupo armado e civis. Há também o relato de mais de 156.400 pessoas afectadas com perda de bens ou obrigadas a abandonar casa e terras em busca de locais seguros. (Carta)
As autoridades policiais, na província de Nampula, no norte do país, não param de apresentar supostos jovens “recrutas”, alegadamente aliciados para integrar as fileiras dos insurgentes que, desde finais de 2017, matam civis e saqueiam bens de indefesos em nove distritos da província de Cabo Delgado.
Entre finais de Fevereiro e princípios do mês de Março corrente, pelo menos 77 jovens foram supostamente recrutados para ingressarem nas fileiras do grupo que tem causado mortes sob um olhar quase inoperante das Forças de Defesa e Segurança (FDS), apesar da sua forte presença na região.
No último sábado, o Comandante Provincial da Polícia da República de Moçambique, em Nampula, Moisés Gueve, apresentou, ao Secretário do Estado da província de Nampula, Mety Gondola, 77 supostos jovens recrutas, divididos em sete grupos, que alegadamente seguiam à província de Cabo Delgado, para missões consideradas estranhas e que, na óptica do Comandante, provavelmente iriam reforçar o grupo dos malfeitores.
Com este número de detidos – e que depois foram restituídos à liberdade – a província de Nampula passa a somar mais de 300 jovens apresentados pelas autoridades como supostos “recrutas” do grupo “rebelde”, cujas motivações são desconhecidas, figurando como um dos maiores centros de recrutamento ilegal de jovens.
Entretanto, questionados pela Polícia, os jovens negam fazer parte de qualquer grupo, envolvido no alegado recrutamento de jovens para integrar as fileiras dos insurgentes. À Polícia, disseram que se deslocavam a Cabo Delgado com o objectivo de praticar o garimpo, assim como também aprofundar os seus conhecimentos bíblicos na Igreja Arco Íris de Pemba.
O Secretário de Estado da província de Nampula, Mety Gondola, exortou os jovens a se distanciarem de tudo que está ligado aos ataques, em Cabo Delgado, e fez saber que serão tomadas duras medidas aos próximos a serem neutralizados com planos desta natureza.
“Atenção à reincidência! Está a abrir-se um espaço para que regressemos às nossas casas, mas não nos juntemos mais a movimentos estranhos. Levem essa mensagem aos vossos familiares, vizinhos e amigos; cuidado não se exponham nesses movimentos”, disse.
Sublinhar que os ataques na província de Cabo Delgado já provocaram pelo menos 350 mortos, bem como afectaram 156.400 pessoas com perda de bens e deslocados para outras regiões da província. (Carta)
A Comissão Permanente da Assembleia da República reúne, esta terça-feira, para deliberar sobre o arranque da Primeira Sessão Ordinária da IX Legislatura. Concretamente, o órgão vai decidir sobre a data do arranque da sessão, convocatória, proposta do programa de trabalho e o rol de matérias.
Será em sede da presente sessão que será apreciado o Plano Quinquenal do Governo (2020-2024), o Plano Económico e Social e Orçamento do Estado para 2020, o primeiro do segundo quinquénio do Governo de Filipe Nyusi.
Estes instrumentos governativos foram aprovados, recentemente, pelo Conselho de Ministros. Entre os destaques do Plano Quinquenal do Governo consta a criação de três milhões de postos de trabalho, um dos principais trunfos da campanha eleitoral do então candidato presidencial da Frelimo.
Para a materialização desse desiderato (criação de 3 mil postos de trabalho), o Presidente da República criou, recorde-se, a Secretaria do Estado para Juventude e Emprego, actualmente dirigido por Oswaldo Petersburgo. (Carta)
O Ministro da Saúde, Armindo Tiago, garante que irá implementar medidas duras contra alguns profissionais da saúde que têm apresentado atestados médicos que lhes impedem de exercer sua profissão no sector público, por alegadamente se encontrarem doentes, mas exercendo a profissão em entidades privadas, durante o mesmo período.
“Seremos implacáveis contra este tipo de comportamento e desde já informamos que a tolerância é zero com pena de demissão ou expulsão”, disse Tiago, perante uma plateia composta maioritariamente por médicos.
Falando sobre a ética e deontologia profissional, no curso de integração dos médicos residentes (pós-graduação), que decorre no Hospital Central de Maputo, o titular da pasta da saúde fez questão de lembrar que todo o profissional de saúde não se deve esquecer do juramento que fez em prol da saúde e bem-estar da população.
Desafiou ainda aquela classe profissional a reflectir sobre os aspectos básicos de humanização que devem sempre nortear as suas actuações ao longo da carreira profissional.
Na sua locução, Armindo Tiago defendeu que o bom senso deve estar sempre presente na vida de qualquer pessoa e que os profissionais de saúde não podem apenas querer agir correctamente, quando estiverem a ser observados, mas em todo o momento.
Tiago sublinhou também a necessidade de se investir na comunicação, por entender que é um aspecto fundamental para o estabelecimento de boas relações e confiança entre o profissional de saúde e os pacientes, pois, “não são apenas os medicamentos que fazem melhorar o paciente, mas sobretudo o tratamento e a forma como o profissional lida com o doente”.
Refira-se que o curso de integração, que decorreu no âmbito da abertura do ano da residência médica 2020, conta com um universo de 80 candidatos a 19 especialidades médicas. O curso irá durar quatro anos. (Marta Afonso)
A organização não-governamental Centro para Democracia e Desenvolvimento disse ontem que a Freedom House, que colocou Moçambique como um país "parcialmente livre", ignorou várias atrocidades, considerando que se realizaram as "piores eleições da história" em 2019.
"Esta avaliação é, no mínimo, generosa para Moçambique, país que em 2019 teve as piores eleições da sua história de democracia multipartidária", lê-se numa nota do Centro para Democracia e Desenvolvimento (CDD) distribuída à imprensa.
No relatório da organização Freedom House, divulgado na quarta-feira, Moçambique está na lista dos países onde a democracia mais recuou no ano passado e perdeu seis pontos em relação ao relatório anterior, mas é classificado como "parcialmente livre", numa pontuação global de 45 em 100 pontos possíveis, conquistando 14 pontos em direitos políticos e 31 nas liberdades civis.
Para o CDD, as dúvidas sobre a qualidade do recenseamento para as eleições gerais de 15 de outubro, a exclusão de candidatos, as irregularidades no dia do escrutínio, a detenção de delegados políticos de um partido extraparlamentar por alegada falsificação de credenciais e o homicídio de um ativista e observador eleitoral em Gaza são provas de que Moçambique recuou consideravelmente no que diz respeito à democracia.
"Ora, um país que não conseguiu fazer das eleições um momento de consolidação do Estado de Direito democrático, mas optou por investir no fechamento de espaços de participação política e cívica, não deve ser considerado como "parcialmente livre", acrescenta a organização.
Por outro lado, acrescenta a ONG, o "secretismo" por parte de Governo sobre os ataques de grupos armados que já mataram pelo menos 350 pessoas em Cabo Delgado (norte do país) estão a ferir um direito fundamental dos moçambicanos: o direito a informação.
"A região só não está em estado de emergência declarada porque o Governo continua a abordar o problema com secretismo para esconder a falta de estratégia", acrescenta o CDD, reiterando que Moçambique "devia estar na lista dos países em 'spotlight'", ou seja, Estados que merecem especial atenção e controlo no que toca à democracia em 2020".
No relatório da Freedom House, além de Moçambique, Benim e Tanzânia estão entre os 12 Estados que maiores quebras sofreram em 2019, grupo que inclui também a Bolívia, Burkina Faso, Chile e Índia, Guiné-Conacri, Haiti, Mali, Nigéria e Venezuela.
Numa avaliação a 10 anos, Moçambique regista uma quebra de 14 pontos na classificação global e integra o grupo dos 29 países que mais pioraram as suas prestações ao longo da década.(Carta)