As autoridades policiais, na província de Nampula, no norte do país, não param de apresentar supostos jovens “recrutas”, alegadamente aliciados para integrar as fileiras dos insurgentes que, desde finais de 2017, matam civis e saqueiam bens de indefesos em nove distritos da província de Cabo Delgado.
Entre finais de Fevereiro e princípios do mês de Março corrente, pelo menos 77 jovens foram supostamente recrutados para ingressarem nas fileiras do grupo que tem causado mortes sob um olhar quase inoperante das Forças de Defesa e Segurança (FDS), apesar da sua forte presença na região.
No último sábado, o Comandante Provincial da Polícia da República de Moçambique, em Nampula, Moisés Gueve, apresentou, ao Secretário do Estado da província de Nampula, Mety Gondola, 77 supostos jovens recrutas, divididos em sete grupos, que alegadamente seguiam à província de Cabo Delgado, para missões consideradas estranhas e que, na óptica do Comandante, provavelmente iriam reforçar o grupo dos malfeitores.
Com este número de detidos – e que depois foram restituídos à liberdade – a província de Nampula passa a somar mais de 300 jovens apresentados pelas autoridades como supostos “recrutas” do grupo “rebelde”, cujas motivações são desconhecidas, figurando como um dos maiores centros de recrutamento ilegal de jovens.
Entretanto, questionados pela Polícia, os jovens negam fazer parte de qualquer grupo, envolvido no alegado recrutamento de jovens para integrar as fileiras dos insurgentes. À Polícia, disseram que se deslocavam a Cabo Delgado com o objectivo de praticar o garimpo, assim como também aprofundar os seus conhecimentos bíblicos na Igreja Arco Íris de Pemba.
O Secretário de Estado da província de Nampula, Mety Gondola, exortou os jovens a se distanciarem de tudo que está ligado aos ataques, em Cabo Delgado, e fez saber que serão tomadas duras medidas aos próximos a serem neutralizados com planos desta natureza.
“Atenção à reincidência! Está a abrir-se um espaço para que regressemos às nossas casas, mas não nos juntemos mais a movimentos estranhos. Levem essa mensagem aos vossos familiares, vizinhos e amigos; cuidado não se exponham nesses movimentos”, disse.
Sublinhar que os ataques na província de Cabo Delgado já provocaram pelo menos 350 mortos, bem como afectaram 156.400 pessoas com perda de bens e deslocados para outras regiões da província. (Carta)