As bases dos terroristas que semeiam luto e dor na província de Cabo Delgado desde Outubro de 2017 são lideradas, na sua maioria, por cidadãos tanzanianos, sendo eles também os responsáveis pelo treinamento militar e ideológico dos novos recrutas do grupo.
Os dados são avançados por um insurgente recentemente capturado, numa entrevista concedida ao jornal ruandês The New Times e que consta de um documentário exibido, semana finda, por aquele órgão de comunicação social, no qual ilustra o trabalho desenvolvido pelas tropas ruandesas no combate ao terrorismo, em Cabo Delgado.
Segundo Mohamed Ahmed Dadi, terrorista capturado pelas tropas estrangeiras na região de Pangane (distrito de Macomia), dirigindo uma embarcação que partia da Tanzânia com destino à Ilha de Matemo, no distrito do Ibo, as bases que treinam ideológica e militarmente os recrutas são dirigidas por líderes religiosos de origem tanzaniana.
Entre os líderes tanzanianos apontados por Mohamed Dadi, num vídeo narrado em Kiswahili – uma das principais línguas de comunicação do grupo – estão os Sheiks Ibraimo, Bongue, Ndeko, Nguvo, Hassan, Abu Suraka, Abu Fassali, Abu Sumaila e Buda.
Para além de cidadãos tanzanianos, Mohamed Dadi confirmou a existência de membros de raça branca no grupo, porém, alguns já foram abatidos. No entanto, não conseguiu indicar as nacionalidades desses insurgentes.
Lembre-se que após o ataque terrorista à vila-sede do distrito de Palma, em Março de 2021, o Estado Islâmico reivindicou o ataque, porém, com fotografias feitas na vila de Mocímboa da Praia. Nas fotos publicadas, era possível ver a presença de um indivíduo de raça branca entre os terroristas.
No documentário, a fonte não avança a localização das referidas bases. Também não conta os métodos de recrutamento usados pelo grupo e muito menos os caminhos trilhados pelos novos recrutas até chegarem aos locais de treinamento.
Refira-se que, para além da existência de cidadãos tanzanianos, o grupo integra também indivíduos provenientes da África do Sul, Quénia, Sudão e República Democrática do Congo. De acordo com Abu Bakhari, um terroristas capturados e deu uma entrevista ao The New Times, o grupo jurou fidelidade aos líderes do Estado Islâmico, que se encontram no Iraque. (Carta)