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sexta-feira, 05 novembro 2021 05:38

Portagens: a “sarna” de que todos nos vamos “coçar” nas estradas

As portagens nas estradas do país nascem como se de sarna se tratasse. De 100 em 100 Km, há uma portagem. A construção já é visível quase um ano depois da aprovação, pelo Conselho de Ministros, em Dezembro de 2020, do Programa Auto Sustentado de Manutenção de Estradas (PROASME).

 

A “sarna” das portagens começou na estrada Circular de Maputo. A entidade concessionada, a Rede Viária de Moçambique (REVIMO), está a montar quatro portagens, em alguns locais severamente criticados por falta de alternativa para quem não tenha dinheiro para pagar portagem. Noutros casos, as portagens estão em locais onde grande parte quase que não se beneficia da estrada para a qual paga a portagem.

 

Depois da Circular, actualmente a “sarna” das portagens alastrou-se para a Estrada Nacional Número 1 (EN1), concretamente de Maputo a Pambara, em Vilankulo, província de Inhambane. “Carta” fez duas viagens nos últimos dois meses entre Maputo e Vilankulo e verificou in loco que as máquinas roncam para equipar a EN1 de portagens.

 

Concretamente, as portagens nascem em Chicumbane (para substituir a de Xai-Xai) e Chidenguele, na província de Gaza; em Nhacundela (Inharrime), Malova (Massinga) e Mapinhane (Vilankulo), na província de Inhambane. Refira-se que, nestas duas últimas (Malova e Mapinhane), as obras ainda não arrancaram.

 

Quer dizer que quem sair de Maputo com destino a Vilankulo será obrigado a pagar seis portagens, incluindo a da Circular. Um autêntico fardo!

 

Ora, as portagens pelas estradas do país não param por aqui. De um total de 26, o PROASME prevê também instalar portagens em Camuaza-Chenga, na província de Manica; Alto Benfica, Zambézia; Nametil, Namina e Matharya, em Nampula; Congerenge e Utukulo, no Niassa; para além de Mufa, na província de Tete. Como se pode depreender, a “sarna” das novas portagens (que se juntam às tantas outras existentes) é uma “doença” que vai afectar todos os cidadãos no país.

 

Como consequência, o assunto faz, nos últimos dias, “correr muita tinta”. Ao jornal “Notícias”, o Presidente do Conselho de Administração (PCA) do Fundo de Estradas, Ângelo Macuácua, fez declarações que minimizam o problema, ao assegurar que a instalação das portagens está alinhada com a média universal de 100 Km cada. Entretanto, a distância de Chicumbane a Chidenguele em Gaza, por exemplo, é de 85 Km. Uma contradição.

 

De acordo com o periódico, Macuácua afirmou ainda que as taxas a serem cobradas nas portagens no “quadro do PROASME visam assegurar a manutenção das infra-estruturas construídas pelo Governo, daí que as taxas sejam relativamente baixas”.

 

As estradas abrangidas pelo PROASME (que totalizam 3.8 mil Km) foram seleccionadas tendo em conta as boas condições em que se encontram actualmente, após terem sido construídas e/ou reabilitadas. (Evaristo Chilingue)

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