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BCI
sexta-feira, 05 novembro 2021 05:10

Moçambique regista excedente agrícola, com contributo do Sustenta

Na véspera do início de uma nova campanha agrária, tradicionalmente marcada pela escassez de alimentos, a Rede de Alerta Antecipado de Fome (Fews-Net na sigla inglesa) revela que o risco de insegurança alimentar em Moçambique é mínimo (nível 1 do índice IPC), graças aos excedentes existentes nos celeiros e a disponibilidade de alimentos nos mercados locais”.

 

De acordo com a publicação, que faz uma previsão da situação alimentar em Moçambique, comparativamente com o ano passado, em Setembro, os preços do grão de milho estavam 8 por cento a 27 por cento mais baixos em todos os mercados monitorizados, o que provavelmente reflecte uma maior oferta nacional.

 

A disponibilidade de comida nas áreas rurais, onde vive a maioria da população moçambicana, resulta do crescimento da produção agrícola e dos excedentes existentes, em particular nos cereais e hortícolas, que foi fortemente dinamizado pelo Programa SUSTENTA.

 

Contudo os distritos da Província de Cabo Delgado afectados pelo terrorismo enfrentam uma situação de crise de comida (nível 3 do índice IPC).

 

O índice IPC é uma classificação internacional sobre a situação de segurança alimentar (da sigla inglesa Integrated Food Security Phase Classification) e varia entre os níveis 1, insegurança alimentar mínima, a 5, fome severa.

 

Normalmente, a maioria das famílias nas áreas rurais enfrenta insegurança alimentar aguda quando a estação de escassez começa, sendo apoiada por seus stocks e compras de alimentos nos mercados locais. 

 

No entanto, a situação de crise de comida persiste em áreas que foram afectadas por desastres naturais nos últimos três anos, mas espera-se que melhore em Abril de 2022, com base na previsão de estação chuvosa e de colheita médias. 

 

Em Cabo Delgado, a crise da comida persiste em áreas afectadas por actos de terrorismo, onde a Organização Internacional das Migrações estima que cerca de 642.000 deslocados internos vivem em famílias de acolhimento ou em áreas de reassentamento com pouco ou nenhum acesso às suas actividades básicas de subsistência. 

 

Nas áreas urbanas e peri-urbanas, a maioria das famílias pobres está provavelmente com problemas de comida, uma vez que as medidas de combate e prevenção da COVID - 19 e a actividade produtiva  abaixo da média afectam o poder de compra das famílias, com as famílias mais vulneráveis provavelmente numa crise mais aguda. 

 

Ainda em Cabo Delgado, há relatos de alguns deslocados internos que regressam às suas áreas de origem para avaliar as oportunidades de subsistência (agricultura, pesca, comércio), o impacto do conflito nas suas propriedades e a possibilidade de regressar com as suas famílias. 

 

No entanto, espera-se que a maioria dos deslocados internos permaneça em áreas livres do conflito durante a estação chuvosa de 2021/2022 devido a questões de segurança. 

 

As necessidades de assistência alimentar pró-humanitária provavelmente permanecerão altas pelo menos até a colheita em Maio de 2022. O Programa Mundial de Alimentação  (PMA) prevê que mais de 930.000 deslocados internos e famílias de acolhimento em Cabo Delgado, Niassa e Nampula provavelmente necessitarão de assistência até Maio de 2022.

 

Devido aos recursos limitados, o PMA planeia continuar a fornecer rações semestrais equivalentes a 39 por cento das quilocalorias diárias até Janeiro de 2022.

 

Planeia igualmente retomar a distribuição completa após os resultados de um exercício contínuo de avaliação baseado na vulnerabilidade, podendo outras organizações humanitárias fornecer assistência alimentar a áreas acessíveis em coordenação com as autoridades distritais. 

 

A previsão da estação chuvosa média poderá assegurar a produção média das culturas para a época agrícola de 2021/2022 na maior parte do território moçambicano.

 

No entanto, existe uma probabilidade de risco moderado a alto de inundação, o que pode levar à perda de safra em áreas próximas de planície, incluindo as bacias dos rios Maputo, Umbelúzi, Incomati, Limpopo, Búzi, Púnguè, Savane e Licungo. 

 

Para reduzir o risco de inundações, as autoridades da barragem dos Pequenos Libombos em Maputo aumentaram as descargas em mais de 130 por cento para construir capacidade de retenção visando acomodar os fluxos a montante durante a próxima estação chuvosa, visto que a barragem está com 91 por cento da capacidade no início do  estação das chuvas. 

 

Refira-se que, no final de Outubro, o governo através da Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte (ADIN), e com o apoio do Banco Mundial, começou a distribuir 12.000 toneladas métricas de sementes e outros insumos agrícolas para cerca de 350.000 beneficiários em Cabo Delgado. (F.I.)

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