Arranca nesta terça-feira, no Tribunal Provincial de Gaza, cidade de Xai-Xai, o julgamento do assassinato do activista social Anastácio Matavele. Ele foi metralhado, em plena luz do dia, por agentes da Polícia da República de Moçambique afectos à tropa de elite, nomeadamente o Grupo de Operações Especiais (GOE) e a Unidade de Intervenção Rápida (UIR).
O crime ocorreu no dia 07 de Outubro de 2019. Matavele saía de uma sessão de formação de observadores eleitorais, no calor da campanha eleitoral do pleito de 15 de Outubro passado.
O processo com o número 78/19-Querela da quarta secção Criminal conta com oito arguidos. Entre eles, destaca-se o actual Presidente do Conselho Municipal de Chibuto, Henriques Machava, à data dos factos proprietário da viatura usada para o crime.
É também arguido Ricardo Manganhe, professor de carreira e subordinado de Machava no município de Chibuto, onde responde pelo pelouro da Educação. Da lista dos arguidos fazem parte os agentes Alfredo Macuacua (ex-Comandante da Subunidade da UIR), Tudelo Guirrugo (ex-Comandante de Companhia do GOE), e Edson Sílica, Euclídio Mapulasse, Januário Rungo, Justino Muchanga.
De acordo com o Ministério Público (MP), os arguidos são acusados do cometimento dos crimes de homicídio qualificado, dano culposo e falsificação praticada por servidor público no exercício das funções. Alfredo Macuacua, Tudelo Guirrugo, Edson Sílica e Euclídio Mapulasse encontram-se encarcerados no Estabelecimento Penitenciário Provincial de Gaza. Januário Rungo e Justino Muchanga, altas patentes da Unidade de Intervenção Rápida, a nível da província de Gaza, mantêm-se em liberdade.
A família de Anastácio Matavele exigiu, recorde-se, uma indemnização ao Estado Moçambicano de cerca de 35 milhões de Mts, prontamente contestada pelo MP. (Carta)