Mais um ataque voltou a ser protagonizado na noite da segunda-feira (20), por homens armados na aldeia de Macorococho, no Distrito de Nhamatanda, Província de Sofala. Contrariamente aos últimos ataques, que tinham como alvos viaturas de transporte de passageiros e mercadorias, desta vez atacaram um Centro de Saúde, segundo apurou “Carta” de fontes policiais a nível daquele distrito.
No ataque foram mortas quatro pessoas, sendo três homens e uma mulher. “Dispararam para tudo que era canto e depois saquearam diversificados tipos de medicamentos. De seguida incendiaram o Centro de Saúde e foram-se embora”, contou à nossa reportagem um colaborador de ONG que trabalha naquela região, esta terça-feira.
Uma outra testemunha disse que após o assalto e posterior incêndio do Centro de Saúde, os homens armados incendiaram a casa oficial do Chefe do Posto e, de seguida, dispararam contra civis, tendo morto as quatro pessoas anteriormente mencionadas.
Referir que Macorococho é a região onde os homens supostamente pertencentes à JMR foram capturados, concretamente na estação ferroviária do Dondo, no passado dia 5 de Janeiro. Lembrar ainda que estes foram apresentados publicamente no dia 8, pelo Comando Provincial da PRM.
António Julião Mbawazi, um dos integrantes, revelou na ocasião ter contactos com Mariano Nyongo e alguns quadros da “Perdiz”.
Devido ao ataque, segundo apurámos, maior parte da população residente na aldeia Macorococho começou a retirar-se esta terça-feira e está a refugiar-se nas aldeias circunvizinhas, embora haja receio de mais um novo ataque, conforme fora anunciado pelos próprios homens armados no momento da retirada. Relativamente ao ataque a que fizemos referência, “Carta” procurou ouvir, telefonicamente, o Porta-Voz da Polícia da República de Moçambique (PRM), em Sofala, Daniel Macuácua, tendo resultado em fracasso.
De salientar que este ataque ocorre após várias ameaças efectuadas pelo general Mariano Nyongo, há semanas, onde em entrevistas a certos órgãos de comunicação social nacionais e estrangeiros foi prometendo que iria “atacar a todos e sem poupar ninguém, porque as brincadeiras já tinham acabado”.
Este ataque ocorre numa altura em que a Procuradoria-Geral da República (PGR) vem interrogando os deputados (e ex-deputados) da Renamo, António Muchanga, Ivone Soares, José Manteigas, Elias Dhlakama, Manuel Bissopo. Recordar ainda que, há dias, foi detido o ora convertido a membro do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Sandura Ambrósio.
Sandura Ambrósio, ouvido pela Procuradora-Geral Adjunta, Amabélia Chuquela, esta segunda-feira na Cidade da Beira, negou redondamente que esteja a financiar a Junta Militar da Renamo e disse não entender porque estava detido. Falando à imprensa, à saída do interrogatório, disse: “mesmo a pessoa que disse que me pediu financiamento revelou que eu não aceitei”.
Já o advogado de Elias Dhlakama (que foi ouvido ontem em Maputo), Alberto Sabe, disse que o seu constituinte é inocente e que as acusações não tinham quaisquer provas materiais e concretas que o ligassem aos crimes de que é acusado, até porque o seu cliente não conhece nenhum dos que o acusa, cabendo assim à Procuradoria investigar e provar a verdade – explicou, em entrevista à STV.
Os ataques na zona centro do país já tiraram a vida a dezenas de civis e militares e causaram ferimentos vários a cidadãos (civis). Autocarros de transporte de passageiros pertencentes a diferentes empresas privadas foram destruídos, levando as autoridades governamentais a reforçarem a segurança ao longo das Estradas Nacionais 1 e 6. (O.O.)