Um dia depois de “Carta” noticiar sobre o aumento de custo com pessoal na empresa Portos e Caminhos-de-Ferro de Moçambique (CFM), em 2018, em comparação com o ano anterior, a companhia contactou o Jornal para explicar-se e/ou comentar os números reportados, constantes em Relatório e Contas da companhia referente ao ano passado.
Conforme o jornal referenciou, as demonstrações financeiras dos CFM, em artigo publicado na última terça-feira (05), a empresa despendeu no ano passado, em custos com pessoal, 3.9 mil milhões de Meticais (Mts), contra 3.5 mil de Mts gastos em 2017.
Esses dados demonstram que, em um ano, em que o Conselho de Administração continuou com medidas de contenção face à conjuntura económica que o país atravessa, a empresa gastou pouco mais de 4 milhões de Mts em relação a 2018 em custos com pessoal, mesmo tendo, de entre várias medidas, diminuído o número de trabalhadores, de 5,612 em 2017, para 5,192 em 2018.
Em conversa com “Carta”, o Director da Administração e Finanças dos CFM, Carlos Macamo, assumiu os custos elevados despendidos em 2018. Justificou que se deveram sobremaneira a reajustes salariais, entre 3 por cento a 36 por cento, uma reforma que, ao nível dos CFM, não acontecia desde 2011.
Em insistência, questionamos o gestor as razões da decisão de aumentar salários, facto que não trouxe efeito positivo à empresa num ano de contenção de custos. “A decisão teve em conta o foco no investimento humano, facto que trará ganhos à empresa no futuro. Também, com uma massa laboral motivada, garante maior concorrência dos serviços oferecidos pela empresa, com o mercado externo”, retorquiu Macamo.
Ainda no âmbito da massa laboral ao nível dos CFM, houve mais dois aspectos que contribuíram para o crescimento de custos com o pessoal. O primeiro é a existência de antigos trabalhadores de topo, que continuam a receber salários chorudos. Face a isto, o nosso interlocutor afirmou que a empresa tem vindo a implementar reformas para todos os trabalhadores que atingiram o seu limite em termos de tempo de serviço e idade.
“A título de exemplo, não obstante terem sido desligados para aposentação, têm continuado a receber da empresa a sua pensão provisória até que se fixe a pensão definitiva de aposentação pela entidade competente até um máximo de seis meses”, acrescentou a fonte. Outro aspecto que terá contribuído para o aumento de custos com o pessoal naquela empresa pública é a quantidade dos trabalhadores. É que as infra-estruturas geridas pelos CFM no sistema ferro-portuário nacional são poucas, pois, grande parte está sob gestão de privados. Assim, 5.192 trabalhadores mostram-se demasiados.
No ponto de vista do Director da Administração e Finanças dos CFM, cinco mil é, em verdade, muito, o normal seria quatro mil. Mas, a quantidade de trabalhadores, justificou Macamo, deve-se a grandes investimentos que a empresa tem vindo a fazer nos últimos anos (o caso da reabilitação de 317 km da Linha de Machipanda), o que lhe exige recrutar muitos trabalhadores sazonais, principalmente, das zonas onde os empreendimentos são erguidos, contribuindo assim para o empoderamento local, uma acção que se enquadra na responsabilidade social da companhia. (Evaristo Chilingue)