O Governo está empenhado em "procurar garantir que os sul-africanos ou negócios de sul-africanos continuem a fazer o seu comércio no continente", disse o representante da diplomacia sul-africana. "Se visitarmos os nossos países vizinhos constatamos que os nossos negócios estão a dar-se muito bem e que os nossos cidadãos estão lá", adiantou.
"Queremos dizer aos líderes comunitários, nomeadamente pastores de igrejas, responsáveis de instituições de ensino e professores, que esses líderes de comunidade têm a responsabilidade de dizer que isto não está a ser perpetrado em nosso nome, mas temos que confrontar os factos, a polícia tem de investigar e temos que nos guiar por aquilo que a polícia diz para responder adequadamente às questões que foram apresentadas", afirmou Ndivhuwo Mabaya.
O porta-voz do DIRCO falava à entrada de uma reunião que decorreu ontem em Pretória entre a chefe da diplomacia sul-africana, Lindiwe Sisulu, o ministro da Polícia, Bheki Cele, e os embaixadores da SADC (Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral) e do Paquistão, Bangladesh e Índia, para discutir a recente violência xenófoba contra cidadãos estrangeiros no país.
O chefe de Estado, Cyril Rampahosa, que é também presidente do ANC, no poder desde 1994, condenou os incidentes de violência e ataques xenófobos contra estrangeiros após uma visita que efetuou à província do KwaZulu-Natal, no âmbito da campanha eleitoral.
"Estes recentes ataques violam tudo aquilo pelo qual o nosso povo lutou durante muitas décadas. Condeno pessoalmente porque não somos isso como povo", afirmou Cyril Ramaphosa durante uma visita a Pietermaritzburg, na sexta-feira.Todavia, com eleições legislativas marcadas para dia 08 de maio, no discurso de campanha eleitoral que realizou em Durban, na semana anterior, o chefe de Estado sul-africano advertiu proprietários de negócios a operar em "townships", sem fazer no entanto referência direta a cidadãos estrangeiros.
"Toda a gente chega às nossas 'townships' e áreas rurais e monta negócios sem ter licenças e autorizações. Vamos acabar com isso e aqueles que estão a operar ilegalmente, seja de que sítio venham, devem agora saber (...)", declarou Ramaphosa no seu discurso, transmitido pelo canal de televisão ENCA, no dia 20 de março na rede social YouTube.
A polícia no KwaZulu-Natal confirmou à imprensa os incidentes de violência na semana passada, acrescentando que "começaram na noite de domingo [24 de março] com ataques a lojas de cidadãos estrangeiros". Registaram-se também incidentes na segunda e na terça-feira, adiantou a porta-voz da polícia, Thulani Zwane. Na quinta-feira, sete camiões foram incendiados na autoestrada N3, entre a localidade de Estcourt e a portagem de Rio Mooi, na província do KwaZulu-Natal (KZN).
Camionistas moçambicanos têm dado também conta nas redes sociais de atos de intimidação e insegurança de que alegam ser alvo. Além do KwaZulu-Natal, as autoridades registaram também incidentes de violência xenófoba na província do Limpopo, norte do país. (Lusa)