Ontem, último dia do prazo legal para a defesa reagir à acusação deduzida pelo Ministério Público, todos os causídicos dos réus presos e não presos remeteram as suas contestações ao tribunal e solicitaram diligências no âmbito da instrução contraditória, visando tentar enfraquecer a acusação.
Entretanto, os autos dão uma imagem sobre a “profundidade” da investigação do Ministério Público, suas fraquezas, e sobre o comportamento de alguns arguidos. De acordo com dois advogados que leram os autos, boa parte da matéria indiciária contra alguns arguidos decorre de declarações de Bruno Tandane, que resolveu desfiar o rosário do intricado calote.
Por sua vez, Ndambi Guebuza disse nos autos que nunca privou com Teófilo Nhangumele, apesar das suas viagens para a França e a Alemanha, no quadro das negociações preliminares do calote, tal como consta na acusação.
Outra nota curiosa que se retira dos autos é a ausência de evidências contra Ndambi Guebuza. “Não há nada. Nem uma conta bancária, nem onde terá recebido o dinheiro (33 milhões de USD), nem onde aplicou”, disse um advogado, que esteve a analisar o processo. O mesmo se passa com António Carlos Rosário. Para além dos 249 mil USD referidos na acusação como tendo sido o seu encaixe em subornos (tendo comprado uma casa em Quelimane), nos autos nada mais consta. Ou seja, a investigação não conseguiu fazer o “tracking” do que ele terá recebido e de como gastou. (M.M.)