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Hoje, no seu anúncio do Estado Geral da Nação, o Presidente Filipe Nyusi devia também prestar contas sobre o Estado do Ruanda em Moçambique. Uma parte da Nação está nas mãos de Paul Kagame. Os cidadãos desconhecem os detalhes mais profundos da relação do nosso Estado com este senhor de guerras.
O Ruanda não está em Cabo Delgado para libertar Moçambique do terrorrismo. Kagame criou suas zonas libertadas na cintura que protege o gás. Suas tropas, usando blindados e equipamento sofisticado, afastaram os terroristas da zona nevrálgica do gás, usando a tropa moçambicana como carne para canhão e nunca entrando em confronto directo com os rebeldes.
Os terroristas reagruparam-se e agora usam nova tática, espalhando ataques esporádicos, vendendo a ideia de uma expansão territorial, para o Niassa e em direção ao sul de Cabo Delgado. O foco do Ruanda não é perseguir os terroristas até ao seu último reduto. É proteger unicamente a indústria do gás.
E agora, para consolidar esse objectivo, Kagame aumentou o seu contingente militar. Quem paga é a Europa, que Moçambique oferece equipamento militar não letal. Quem também paga são as multinacionais do gás, como a Total, através de contratos com empresas ruandesas, cuja capacidade nosso sector privado tem.
Kagame vende a ladainha de que veio a Moçambique empurrado por seu altruísmo. Que quem paga é o seu orçamento e ele até já propagandeia para o mundo a suposta bravura das suas tropas e a capa de missionário da paz, incluindo Moçambique nesse pacote.
Os moçambicanos precisam de saber do Presidente Filipe Nyusi os detalhes da presença do Ruanda em Moçambique. E qual é o papel da União Europeia nesse negócio. Sem isso, o Estado da Nação fica incompleto.
(Marcelo Mosse)
