Continua sem data a magna comunicação à nação para anunciar as medidas do Governo para aliviar o elevado custo de vida, caracterizado pelo crescente aumento de preços dos produtos de primeira necessidade.
Na última quarta-feira, durante a inauguração do Complexo de Silos e Armazéns, no distrito de Milange, província da Zambézia, o Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, voltou a prometer o anúncio das medidas que estão a ser tomadas pelo seu Executivo para melhorar a vida dos moçambicanos.
“O meu Governo está a produzir medidas para mitigação do impacto sócio-económico da realidade, actualmente vivida, e será objecto de divulgação durante a primeira quinzena do próximo mês [Agosto]”, afirmou Filipe Nyusi, no fim do seu discurso de inauguração daquele empreendimento, que custou perto de 1.3 milhão de USD aos cofres do Estado.
Trata-se, na verdade, de uma promessa feita há mais de 40 dias. A 14 de Junho, data da tomada de posse do Ministro dos Transportes e Comunicações, Mateus Magala, Filipe Nyusi prometeu anunciar as medidas tomadas pelo Governo para minimizar o impacto do elevado custo de vida no país.
Na altura, lembre-se, Nyusi disse que as medidas incidiriam principalmente sobre as taxas de combustíveis (as de natureza fiscal), bem como subvenções ao sector formal de transporte de passageiros. Afirmou ainda que as mesmas poderiam ter impacto negativo nas contas públicas e nas reservas do Banco Central.
No seu discurso na última quarta-feira, o Chefe de Estado apontou a guerra entre a Rússia e a Ucrânia e as consequentes sanções económicas à Rússia, como responsáveis pela degradação da vida dos moçambicanos, que já estava sendo arrasada pelas calamidades naturais, terrorismo e pelos efeitos da pandemia da Covid-19.
“A actual situação desafiante no mundo, causada pelo aumento do preço dos combustíveis, tem repercussões no aumento do custo de vida na maioria dos países, incluindo Moçambique. (…) Esta crise veio, mais uma vez, demonstrar quão é importante a necessidade de produzir mais e melhor e de resolver as nossas fragilidades na cadeia de abastecimento alimentar, incluindo na capacidade de armazenamento dos produtos agrícolas”, defendeu.
No entanto, dois economistas ouvidos há dias pela “Carta” já tinham avançado que o Governo tem pouca margem de manobra. “A demora [em anunciar as medidas] pode ser porque os pacotes de ajuda para este programa estão atrasados”, afirmou Luís Magaço Júnior.
“Se o Governo não toma medidas é porque não há. Quanto dinheiro dá aos refugiados do terrorismo em Cabo Delgado? O Governo está financeira e institucionalmente incapacitado para mitigar o impacto desta crise. Para mim, a resolução da crise está dependente da Rússia e Ucrânia”, defendeu João Mosca.
Refira-se que a tarifa de transporte urbano na região do Grande Maputo foi agravada em 7 Meticais esta semana, passando dos actuais 12 Meticais para 19 Meticais, em distâncias não superiores a 10 km e de 15 para 22 Meticais, em distâncias superiores a 10 Km. O agravamento acontece num momento em que as gasolineiras continuam a pressionar o Governo no sentido de aumentar o preço dos combustíveis. (Carta)