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ME Mabunda

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terça-feira, 09 agosto 2022 08:28

Xinavane

MoisesMabundaNova3333

Xinavane é uma pequena vila incrustada no rio Incomáti, na província de Maputo, a nove quilômetros da estrada nacional número um e a cerca de 80 quilômetros da capital moçambicana, Maputo. Esta pequena localidade é mundialmente famosa por albergar uma fábrica de açúcar a partir de uma grande extensão de plantação de cana sacarina. A firma foi fundada por investidores ingleses no século passado, 1914, depois passou para mãos portuguesas, até agora que está com os sul-africanos da Tongaat Hulett. O açúcar de Xinavane tem o seu lugar e história no nosso país. As más línguas dizem que Xinavane e as suas gentes estão entregues nas mãos de um “Deus” que se chama Açucareira de Xinavane!...

 

A partir de Mugunwani, Munhangane, Xipadja e depois Malehice, algures no interior de Chibuto, a fama de Xinavane, do seu açúcar, das suas plantações, do trabalho na fábrica ou nas plantações estava bem espalhada. Atingia a todos, adultos, jovens e menores.  As informações mais proeminentes eram de que havia muitos empregos nas plantações e, por via disso, a procissão até às terras de Xinavane era interminável. Nos seus  tempos mais áureos, chegou a empregar dez mil trabalhadores. A demanda até lá não superava e nem concorria propriamente com a demanda para as minas sul-africanas, mas era tamanha também. Muitos faziam-se a Xinavane tentar a sua sorte e muitas vezes caminhando a pé. Como em tudo, havia quem sucedesse e outros que não. É a lei da vida.

 

E foi assim que Xinavane passou a fazer parte do meu imaginário. Xinavane fábrica de açúcar, nós que na criancice “funhávamos” (kikikikikikiki… - os adultos percebem) - tirar o açúcar do recipiente para a boca, sem estar a temperar nada; somente comer açúcar. Bons tempos aqueles da meninice. Ai de nós se fossemos apanhados… boa porrada! Mas também Xinavane local de trabalho nas plantações; e Xinavane onde ia muita gente à busca de emprego. Ficou a ideia de um local aprazível, dinâmico, organizado, em desenvolvimento. 

 

A minha curiosidade foi-se acumulando e aumentou mais quando comecei a frequentar as “Oliveiras” nas idas e vindas a Maputo, nos princípios da década de 80. Na passagem pelo cruzamento de Xinavane, todo o olhar era para o lado direito ou esquerdo, consoante se estivesse a ir ou a vir de Maputo, na tentativa de desvendar com os meus próprios olhos o famoso “Xinavane”. Quase que não olhava para o lado oposto. A obsessão era conhecer fisicamente, ver e apreender o que lá se faz. Foram vários anos neste ir e vir a Maputo, mas sem desbravar/desmistificar Xinavane.

 

O primeiro “conhecer” Xinavane acabou acontecendo eu já jornalista… no semanário domingo, nos princípios da década de 90… tardiamente, mais de vinte anos depois de ouvir falar! Antes tarde que nunca!

 

Digamos que a experiência foi a de uma montanha que pariu um rato! Aquela imagem colossal de um Xinavane gigante, dinâmico, de uma fábrica de açúcar… proporcionadora de muitos empregos… nada! Pior que nem vi muitos aglomerados de trabalhadores, porque obviamente na labuta! Não encontrei um Xinavane extraordinário, uma vila atractiva, viva, em desenvolvimento. Apesar da fama que tem, é uma vila… sem grandes coisas, pacata! Pobre. Por arejar, por ornamentar: por desenvolver. Uma fábrica, umas casas e… muitas plantações de cana de açúcar à volta e num horizonte infindável. É nada mais que isto!

 

Esta imagem pálida, de pobreza consolidar-se-ia e perduraria por mais tempo depois de algumas passeatas até Magude com amigos ou família. A localidade que alberga o maior empregador da região, com influência nas comunidades de Magude, Palmeira, 3 de Fevereiro, Magule, Incoluane, Ilha Josina Machel, Taninga, e na economia de Moçambique vivia numa pobreza extrema… Aliás, tristemente, a própria vila de Magude… está numa letargia total! Não se passa nada ali, a despeito de ser a vila-sede de um dos distritos maiores criadores de gado bovino no país! Que contraste!

 

Há dias, voltei a vislumbrar Xinavane, em passagem para Magude. Voltei a matar saudades daquele Xinavane mítico, da infância! Não o real. E foi a mesma decepção! Um Xinavane pálido, poeirento, sem arejo, sem beleza, sem brilho, sem alegria: o mesmo horizonte de pobreza de há 60, 70 anos… Custa bastante acreditar que alberga uma das maiores fábricas de açúcar do país e da região austral de África. Definitivamente, não é uma pequena vila em desenvolvimento. Não é! Xinavane e a vila de Magude são uma completa decepção!

 

O investidor só está a olhar exclusivamente para o seu negócio… quase nada faz em prol do desenvolvimento da vila e do distrito. Até o ramal de estrada que sai da EN1, um troçozeco de apenas nove quilômetros; e vai até à sede do distrito de Magude, a Tongaat Hulett não consegue pôr em condições, está muito má. Acções para o desenvolvimento da vila, ou do distrito e mesmo de responsabilidade social “zero”, ou quase zero… Triste! Dirão que apoia o Incomáti no Moçambola! Apoia coisa nenhuma. Finge que apoia. Se apoiasse, o Incomáti tinha um recinto desportivo de referência no país, não aquele campinho ali onde mal cabem cinco mil pessoas - e o que são cinco mil no futebol? Se apoiasse, Incomáti de Xinavane não estaria entre a descida e manutenção todos os anos. Não digo que estaria como a HCB, mas pelo menos não teria problemas de pagar salários aos jogadores!

 

É assim em muitos sítios do nosso Moçambique: em Chibuto, os chineses fazem absolutamente nenhum… idem a Sasol em Inhassoro/Vilankulo, as multinacionais de carvão em Tete, as areias pesadas de Moma, a MRM em Namanhumbir, a Mozal em Beluluane, etc., etc. e etc. Quase nada de nada. Coitadas das nossas comunidades!

 

Tudo debaixo do nosso olhar impávido e sereno.

 

ME Mabunda

terça-feira, 02 agosto 2022 09:45

E prontos, o general falou!

MoisesMabundaNova3333

E prontos, o general falou e disse. Alto e bom tom. Não falou nos corredores, não murmurou, não intrigou, não boatou, não cochichou, não enviou mensagens abstractas ou mensageiros...recados! Não. Disse-o publicamente, em fórum de palestra, repleta de audiência diversa entre juventude partidária da Frelimo, militantes da mesma formação, intelectuais orgânicos e não orgânicos e curiosos. E com cobertura jornalística integral diversa. Portanto, disse-o para  o mundo inteiro e de boca cheia para ser ouvido. Para todos os quadrantes. Primeiro, para Moçambique, para os moçambicanos em geral e para os seus correligionários, os militantes da Frelimo; depois e, segundamente, como diria Odorico Paraguaçu, para o Mundo.

 

Pronto, está dito e bem dito: em Moçambique, temos tribalismo! Não é etnicismo nenhum, mas tribalismo!

 

Quando todos pensávamos que estávamos a caminhar para a construção de uma nação una e indivisível, onde reinasse a unidade nacional e o interesse nacional; quando pensávamos que o nobre projecto que a Frente de Libertação de Moçambique propôs, nos primórdios da década de 60 do século XX, a todos os moçambicanos e estes o abraçaram, acolheram, incubaram, acarinharam e fizeram-no crescer. Acreditavam que era o melhor para Moçambique: o processo de “matar a tribo para o surgimento da nação”; quando pensávamos que estávamos a caminhar determinantemente para uma nação unida na sua diversidade…

 

Eis-nos o General a dizer, preto no branco, que estamos profundamente equivocados! Errados! Que há tribalismo em Moçambique! E ponto final.

 

Digam o que disserem os interpretantes, os hermeneutas, os tradutores, os linguistas, os semiólogos, os cientistas políticos, os intelectuais, os estudiosos… os comentaristas, analistas ou jornalistas… mais palavra, menos palavra, o general disse o que lhe ia na alma. E prontos. E pediu desculpas quando começou a dizer o que queria dizer e quando terminou de dizer o que queria dizer. Chamou os bois pelos próprios nomes!

 

Portanto, não foi lapso; não se enganou, não fez confusão… di-lo em plena consciência e no uso das suas plenas faculdades.

 

Mentiu? Não, não mentiu!

 

Não temos tribalismo em Moçambique? Temos. Alguém pode negar?… Armando Guebuza levantou já a voz em sessão do Comité Central… mas, olhemos à nossa volta. As nossas amizades, o nosso parentesco, as nossas parcerias de negócios, as nossas alianças, as pessoas que empregamos, os nossos amigos no serviço, os homens dos nossos chefes, os homens de confiança dos nossos ministros… etc., etc…. Olhemos friamente para tudo isso à nossa volta. E olhemos também o ambiente que temos tido quando viajamos para qualquer das províncias, sobretudo os do sul quando vão para o norte; é tudo menos amistoso! Alguém nega? Seria cegueira congênita se alguém o negasse.

 

O tribalismo existe e está de boa saúde entre nós! E o general disse-o muito bem. Acto de coragem? Sim, dizem uns; talvez, dizem outros. Não tanto, outras vozes têm-se levantado.

 

Falou e disse e entregou o microfone ao mestre de cerimônias. Agora, a palavra está conosco: nós, juventude da Frelimo para quem directamente falava, em primeiríssimo lugar; os militantes da Frelimo, em segundo lugar, mas não menos importante; nós, moçambicanos, em terceiro lugar; nós, o mundo em geral! O microfone está do lado de cá!

 

Compete à juventude reagir; compete aos militantes posicionarem-se - e é imperioso que o façam muito urgentemente - e ainda bem que vão em breve a congresso, será uma ocasião soberba para com profundidade abordarem a questão; não menos importante, compete igualmente aos moçambicanos abordarem frontalmente a questão posta na mesa pelo general Chipande; e compete à sociedade mundial olhar para o problema de frente! Quem começa?

 

Parece que, como sempre, vai reinar a… cobardia! Três semanas depois do pronunciamento de Chipande, o próprio partido mantém-se mudo e silencioso nos cochichos!

 

O general já falou e disse, pronto!

 

ME Mabunda

terça-feira, 12 julho 2022 13:04

NKULUNGWANE

MoisesMabundaNova3333

Sem alento…

 

Sem alento nem ânimo, frustrado, cabisbaixo e desesperançado é como fiquei desde há duas semanas, depois de acompanhar sucessivamente três momentos, todos eles estritamente relacionados com o sector de estradas do nosso país e particularmente com a Estrada Nacional no. 1 (vulgo EN1). Eu que tenho defendido, com “unhas e dentes”, uma Estrada Nacional no. 1 em boas condições, à altura das necessidades dos moçambicanos e da nossa economia; outrossim, que, se queremos um célere desenvolvimento, ponhamos as muitas estradas alternativas à EN1 em melhores condições. Isto é o grande anseio dos 31 milhões de moçambicanos. A soberania, prosperidade e desenvolvimento de que tanto falamos passa por termos estas infraestruturas estruturantes em dia.

 

Há duas semanas, a STV brindou-nos com uma grande reportagem sobre a nossa  Estrada Nacional no. 1. Muitos parabéns para a nossa televisão privada e particularmente para a equipa que realizou a reportagem. Se fosse nos idos bons tempos e fosse eu membro do júri, esta reportagem ganhava um dos então Prêmios Anuais de Jornalismo. Tentou trazer a nossa estrada nacional a papel químico para os nossos pequenos écrans nas nossas salas.

 

Na mesma semana, esta mesma estação televisiva, numa das suas “Noites Informativas”, trouxe-nos um grande debate sobre a problemática das estradas no país com um painel de pessoas/instituições bastante abalizadas no assunto: ANE, Fundo de Estradas, Ministério e especialistas de grande quilate.

 

Já na quinta-feira da mesma semana, o chefe de Estado, então em visita de trabalho a Sofala, reuniu-se com membros da Associação Comercial da Beira. Uma das muitas reclamações dos empresários sofalenses foi justamente as péssimas condições da Estrada Nacional no. 1. Chegaram a pedir a remoção do que resta de asfalto…

 

A minha desolação decorre de ter visto, a olho nu, um pouco da nossa principal via, partes do troço Maputo até Pemba… conheço alguns, mas não toda a sua extensão. Com a reportagem, deu para vê-la como se estivesse in loco! Está muito mal a nossa via principal. Aquilo que devia ser o nosso grande orgulho é, lastimavelmente, um embaraço total!…

 

Do debate televisivo, todas as instituições deixaram bem claro que não temos dinheiro nem para manutenção e ou reabilitação, muito menos para a construção de novas estradas. Mas, o que mais me partiu a alma foi que nem sequer há perspectivas de tê-lo a médio prazo! Ninguém falou ali dos fundos que a REVIMO arrebata diariamente nas excessivas portagens espalhadas pelo país! E nós, moçambicanos, precisamos de saber como é que esta empresa, tida como uma das soluções, faz dos 100 milhões de meticais/mês e qual é a sua perspectiva no que nos preocupa, a manutenção das estradas.

 

O encontro da Beira serviu para eliminar a réstia de esperança que talvez ainda tivesse. Da intervenção do Governo, ficou cristalino que a nossa Estrada Nacional no. 1 não estará nas condições que todos desejamos, ansiamos e sonhamos nos próximos dois a cinco anos! Somente num futuro bem distante! Desolador.

 

 Na semana passada, solicitou-se dinheiro à China e ao FMI para a reabilitação da EN1! Acho que a solução tem que ser sustentável. Já escrevi e repito: enquanto não tivermos uma ferrovia nacional, ou ligando as regiões, e cabotagem operacionais, vamos reabilitar mil vezes a nossa EN1 de cinco em cinco anos com um volumoso endividamento do país, mas não teremos uma estrada duradoura! A ferrovia e a cabotagem iam aliviar de certa forma a grande demanda que temos neste momento na estrada. Hoje, toda a mercadoria e todo o passageiro são transportados pela EN1 - não há estrada que possa aguentar a tanta, tanta e tanta tonelagem!

 

E então estou aqui, hoje e agora: bveve!, como se diz no Xi-Xangana! Estar bveve é estar profundamente frustrado, desmotivado, sem esperança, desolado, colapsado, sem solução para o assunto que nos aflige!

 

Mas há uma luz que, bem pensada, pode ser a nossa salvação: os fundos provenientes da exploração dos nossos recursos naturais. O Fundo Soberano! O famoso fundo soberano devia ser para a construção de infraestruturas, como fazem os sul-africanos aqui bem perto! Vamos lá ver o que eles fazem e como fazem e concebemos o nosso. Não simpatizo nada com a ideia de se ir guardar a prazo o dinheiro das receitas dos recursos naturais num banco qualquer algures na Europa ou América, ou Ásia! O melhor investimento para o nosso futuro colectivo e dos nossos herdeiros é a construção de infraestruturas que propiciem simultaneamente o crescimento e o desenvolvimento económicos do nosso país! Uma economia mais robusta, pujante, saudável vai proporcionar um futuro mais risonho para as gerações vindouras!

 

A propósito, gostaria de ver o draft do tal Fundo Foberano que se tem discutido em surdina. Os moçambicanos têm que ver e contribuir. A discussão de um projecto tão estruturante quanto este não pode ser confinada no Banco de Moçambique, ou numa meia dúzia de indivíduos. Somos 31 milhões de moçambicanos e esta matéria diz-nos respeito.  

 

ME Mabunda

terça-feira, 05 julho 2022 08:24

Uma sociedade profundamente dividida

A sociedade moçambicana encontra-se estes dias profundamente partida. Agitada e muito dividida, desencontrada. Em causa os benefícios que o Estado dá aos combatentes da Luta de Libertação Nacional (LLN), assunto despoletado pela carta da ministra Ana Comoane que instrui a Secretária de Estado de Inhambane a priorizar os dependentes dos combatentes da LLN nas contratações a haver proximamente na sequência das vagas de emprego abertas em várias áreas naquela província. Fica-se por saber se este procedimento da ministra é permanente, sempre aconteceu, ou é um acto isolado e só veio a público porque as cartas vazaram para as redes sociais e depois para os media!

 

De um lado, está obviamente o próprio Estado, através do governo, a entender que o procedimento é legal e que faz todo o sentido estabelecer e manter privilégios especiais aos combatentes e aos seus dependentes, mas depois concentrar-se apenas nos combatentes da Luta de Libertação Nacional e seus dependentes.

 

Do outro lado, estão os que entendem que os cidadãos devem ser iguais perante a lei, tal como prescreve a Constituição da Reública de Moçambique (CRM) e que não pode ser o próprio Estado/Governo a promover actos que dividam a sociedade, que promovam a discriminação, a desunião, o descontentamento generalizado e a desarmonia social.

 

Nada tão pernicioso que uma sociedade dividida, desarmoniosa. Uma sociedade que pretenda progresso, bem estar, desenvolvimento, tem que primar pela harmonia, paz espiritual, consenso nacional e unidade. E tudo isto passa pela promoção de atitudes, comportamentos e procedimentos harmoniosos e apaziguadores.

 

Na verdade, se lermos com atenção o tal artigo 15 da CRM, vamos perceber que a interpretação que a ministra faz é algo errônea, com algum cheiro a ilegalidade. Promove a discriminação social. O parágrafo número um do referido artigo fala, de facto, de valorização de todos os combatentes - da Luta de Libertação Nacional, da Defesa da Soberania e da Democracia, “reconhece e valoriza os [seus] sacrifícios”. Todos eles são abrangidos. No entanto, já o parágrafo dois fala somente dos combatentes da LLN e diz que “o Estado assegura protecção especial aos que ficaram deficientes  na luta de libertação nacional, assim como aos órfãos e outros dependentes daqueles que morreram nesta causa.” Uma interpretação rigorosa diz-nos que se trata de “dependentes” dos combatentes falecidos ou deficientes. E não de todos os combatentes da luta de libertação nacional, como subjacente na instrução da ministra. Portanto, devíamo-nos ater só e só nesta faixa.

 

Mas há mais que inquieta a sociedade: até onde é quando vão estes “dependentes”? É que na definição actual dos próprios, “combatentes” são todos aqueles que de uma ou de outra forma estiveram envolvidos na Luta de Libertação Nacional, os filhos destes e os netos destes, nalguns casos também os trinetos… daí o termos hoje “combatentes” com idades inferiores à idade da nossa independência nacional. Isto é o que se está a verificar no concreto no dia-a-dia da nossa sociedade. Repare-se que a extrapolação não é para com todos os “combatentes”; mas somente para com os “combatentes da Luta de Libertação Nacional”.

 

Faz sentido considerar combatente o filho e ou neto de um combatente? Faz sentido considerar professor/engenheiro/médico… o filho e ou neto de um professor/engenheiro/médico? Assim, o filho e ou neto do Eusébio são futebolistas? O filho e ou o neto do Belmiro Simango são basquetistas… do Joaquim João futebolistas…

 

Ninguém rejeita que os combatentes tenham privilégios especiais, afinal são pessoas muito especiais, que hipotecaram as suas vidas pela libertação da nação moçambicana. Mas que, primeiro, sejam todos os combatentes das várias lutas que o país enfrentou nas várias fases da sua história. Segundo, que não haja extensão forçada da categoria de combatente para filho, neto e trineto. Só o facto de o combatente gozar de privilégios especiais já é o bastante para os seus dependentes terem um futuro de segurança e prosperidade.

 

É esta extensão forçada e irracional que deixa a sociedade bastante dividida. E nós não podemos patrocinar actos que dividem a nossa pátria amada, sob o risco de termos guerras que nunca acabam!

 

ME Mabunda

terça-feira, 28 junho 2022 15:19

Em delírio total!…

No distante ano de 1990, os nossos “Bons Rapazes” lançaram uma fabulosa música com o título Akuhanha, a seguir à greve dos professores que se registou nessas alturas na capital do país. Inspiraram-se no levantamento dos docentes e escreveram a belíssima música que é aquela faixa até aos dias de hoje.

 

Fabulosa, porque na verdade a música é maravilhosa, autêntica delícia, própria dos nossos Ghorwane!  Mas também porque, em termos de letra, eles tentaram cantar o que a seus olhos era a sociedade moçambicana na altura. E, diga-se, uma leitura muito crítica, avassaladora: muito ousada até para a democracia que ainda não tínhamos em Moçambique nesse período histórico. Lembre-se que só foi em Novembro de 1990 que adoptamos a constituição que preconiza a democracia multipartidária que vivemos hoje.

 

Na letra cáustica da Akuhanha, a nossa era uma sociedade às avessas, de pernas para o ar, sem racionalidade, com muitos paradoxos, em delírio total! Diziam os “Bons Rapazes” nos seus versos que, na nossa sociedade moçambicana de então, "designavamos mafurreira de escola” (o estudo ao relento, debaixo de árvores - que infelizmente ainda continua) / “os estudantes fugiam dos livros” / “os professores abandonavam as salas de aulas e se passeavam nas ruas” / “os nossos hospitais estavam sem medicamentos” / “os médicos fugiam dos doentes” / “dependentes de muletas abandonando-as” / “roupas sem ninguém para vestir” / “comida sem ninguém para comprar e comer” / “peixe sem pescador para o pescar!” … e por aí fora. Ao longo da música, repetiam“swa tika, swa tika” (é pesado/violento)!

 

1990 foi daqueles anos verdadeiramente difíceis para a nossa “pátria amada”. A guerra dilacerante tinha atingido o auge da destruição; o país estava completamente parado ou em regressão, a economia quase toda ela paralisada. Não andava nada, ou não se passava absolutamente nada!

 

Hoje, passados mais de 30 anos, não podemos obviamente dizer que a sociedade é ainda aquela desses tempos, às avessas, em regressão, completamente destruída. Não. Há muitíssimas coisas que mudaram e para o melhor. Hoje, dizemos que Moçambique já não é mais o país de que se fala, mas o país com que se fala!

 

No entanto, a despeito de imensas coisas boas que por cá acontecem, há outras tantas aí que continuam um autêntico delírio!

 

Uma definição rápida do Google diz que delírio é um estado de alteração mental que faz com que um indivíduo apresente uma visão distorcida da realidade, sendo que isso pode ser demonstrado de diferentes formas, por meio de uma confusão mental, de uma redução da consciência e até mesmo de alucinações.

 

Que podemos dizer daquele agente de polícia que tentou perseguir para prender uma canoa na água a andar e depois a nadar, algures na costa da cidade da Beira?

 

Conta a reportagem que, numa das zonas costeiras da cidade da Beira, onde os pescadores concentram as suas canoas e de lá partem para a pesca, ou quando voltam ali as estacionam, dois polícias andavam por ali. Um do sexo masculino e o outro feminino. A passagem deles por ali coincidiu com o regresso de uma jornada de um dos pescadores na sua canoa. Consta que os pescadores usam uma técnica que a lei proíbe. Os polícias estavam seguros que aquele pescador estava a usar tal técnica. E o pescador sabia que teria problemas com eles caso lhe deitassem a mão! Vendo-se em apuros, o pescador vira a canoa de volta para o alto mar. E o polícia, tinha a arma a tiracolo, tira-a e a entrega à colega e corre de encontro à canoa!... Começou por correr, mas depois, pôs-se a nadar… ou a tentar nadar… Contaram testemunhas ao Balanço Geral que, às tantas, foi para baixo das águas, depois sobressaiu e… foi de vez! Dias depois, seu corpo seria encontrado sem vida!

 

Não é delírio isso? Que andaria na cabeça desse agente para perseguir uma canoa a nado?

 

ME Mabunda

terça-feira, 21 junho 2022 13:43

Ainda a propósito de vias alternativas à EN1

Há duas semanas, perorava eu neste espaço aqui sobre a real existência de vias alternativas à nossa Estrada Nacional no. 1 (vulgo EN 1), isto depois de ter percorrido a via Maxixe-Panda-Mawayela-Manjacaze-Chibuto-Chissano… Maputo! Compatriotas, não estamos a fazer tudo para desenvolvermos o nosso País! Juro.

 

Esta viagem foi, para mim, como ficou claro, uma viagem… épica! Heróica! Foi uma espécie de descobrimento… de uma parte, ainda que menor, de Moçambique, do nosso Moçambique. Foi maravilhoso pegar em uma viatura, cortar de Maxixe para Homoíne - o Homoíne onde o homem foi cometer das mais macabras, bárbaras e hodiendas acções contra o seu semelhante, como hoje vemos, atónitos e impotentes, acontecer em Cabo Delgado - continuar para Panda adentro e desaguar em Mawayela, um ponto estratégico na região sul do País - tudo isto na província de Inhambane. Nosso território é grande, irmãos!

 

O que me intriga é porquê os nossos dirigentes das Obras Públicas, especificamente aqueles que têm a responsabilidade de construir, manter e reabilitar as estradas, não fazem disto cavalo de batalha!…

 

Na crônica anterior, destacava a importância estratégica de Mawayela na economia regional, envolvendo Maputo, Gaza e Inhambane: era uma estação ferroviária terminal, com muitíssima movimentação de passageiros, viajantes e não viajantes, mercadorias maioritariamente vindas da África do Sul, mas também de Maputo e Gaza; produtora e fornecedora de estacas e madeira de muito grande qualidade… e ainda produz!, e mais alguma coisa!

 

Depois desta viagem digamos que epopeica, veio à memória a minha passagem por Mugunwani, ainda infante, não tinha cinco anos! 1967-1972... se não estou em erro! Foram uns bons seis anos, por conta do velho que era professor da Escola Primária de Mugunwani durante este período! Depois foi transferido para Munhangane, não muito distante dali e, depois, Xipadja! Mugunwani dista uns cinco a sete quilômetros da Aldeia das Laranjeiras, uma das paragens medianas no percurso Mawayela-Mandlakazi. Mas Mugunwani dista também cerca de dez quilômetros de Phussa, quinze de Xipadja… a minha Xipadja natal! (Por favor, corrijam-me os que tiverem as distâncias mais certas).

 

Ou seja, trocando em quinhentas para os que ainda estão no escuro: é possível percorrer o país por dentro!

 

Gentes de Mugunwani caminhavam até à Aldeia das Laranjeiras, uma aldeia comunal criada pelos colonos, ou apanhava autocarro da empresa Oliveiras, ou apanhava o comboio para o Mundo (entenda-se, para onde quisesse ir)! Uma vez - que me lembre porque já um pouco crescido - tivemos que ir dar à Aldeia das Laranjeiras e apanharmos “zona” (designação dada a um autocarro com destino mediano, não de longo curso, de curto percurso) para Mandlakazi! Já não me vem à memória o propósito desta viagem com o velho, mas são daquelas coisas inesquecíveis!

 

Mas, por outro lado, as mesmas gentes de Mugunwani podiam podiam ir até Phussa apanhar a carreira Chibuto-Xipadja/Phussa e ir para o Mundo!…

 

O que quero dizer é que, afinal, de Mawayela podemos seguir, virar à direita na Aldeia das Laranjeiras, passar por Mugunwani, Matchetche, Munhangane (aqui o velho foi também professor da escola primária), Phussa, Xipadja… Chibuto e… para o Mundo! Ou ainda: em Xipadja podemos virar à direita, seguir Xindzavane e ir dar a Alto Changane-Makeze-Nhlanganini… até Hati-hati-Cubo/Chigubo… até Massangena, último distrito norte da província de Gaza, depois Manica, para o Mundo…

 

Portanto e por conseguinte, temos alternativas, sim, à Estrada Nacional no. 1; precisam, sim, de muito trabalho! Mas temos! Acordemos do sono profundo, Compatriotas Moçambicanos!

 

ME Mabunda

terça-feira, 14 junho 2022 11:06

Mawayela!

Aproximadamente 12:30 da última sexta-feira de Maio, temperatura amena, céu um pouco nublado, mas não ameaçando chuva. Ali estávamos nós, depois de pouco mais de duas horas e meia de condução da sede distrital de Panda, cerca de 90 quilômetros. A estrada não pode ser dita muito má. É uma terra batida, mas razoável. Não é preciso accionar a pujança do ‘4X4’ toda ao longo da estrada. Pode-se andar sem tracção. Estrada, sim, aquilo é mais estrada do que picada. Há presença clara de sinais de carros percorrendo a via. Nuns sítios arenosa, noutros pedregosa, e noutros ainda argilosa. Como tivesse chovido semana e tal atrás, havia sítios com algum matope ou águas concentradas, mas anda-se bem… conseguíamos até andar a 90 km/h. Ainda que, dia seguinte, viéssemos a descobrir que a parte baixa da viatura estava cheia de matope quando esta (a viatura) se pusesse a estremecer sempre que atingíssemos os 60 km/h. Tivemos que procurar um mecânico manjacaziano, que, passeando a sua classe, só mandou limpar o matope na parte interior das rodas e a nossa ‘fobana’ voltou a si mesma… Moçambique tem quadros em todo o canto!

 

quinta-feira, 09 junho 2022 04:46

NKULUNGWANI!

MoisesMabundaNova3333

Na tradição tsonga (não tenho como dizer bantu, as breves pesquisas que fiz não me ajudaram muito, quase nada), há uma entidade chamada nkulungwani. Alguns escrevem nkulungwane, outros nkulungwana; outros ainda sem o ‘n’ inicial, ou seja kulungwane; ou, aportuguesadamente, kulunguana!… Bom, deixemo-nos da forma e vamos ao conceito, mas eu adopto a grafia nkulungwani, que julgo ser a mais próxima da correcta na ortografia das línguas bantu!

 

O nosso Google também não ajudou absolutamente nada quanto à definição, seja de que natureza fosse, de nkulungwani, pelo que vou é tentar descrever esta entidade, esta manifestação cultural tsonga e depois veremos sobre a sua definição. Em cerimônias de diversa índole, de manifestação de alegria, de lobolo ou casamento, de enaltecimento de um feito de uma individualidade, ou de uma colectividade, geralmente as senhoras, ou uma senhora (os homens também emitem, mas não é muito frequente), emitem/emite um som, tipo lê-lê-lê-lê-lê-lê-lê-lê-lêêêééé…, demorando o tempo que a pessoa que emite consegue ficar sem aspirar, uma vez que ao longo do acto está a expirar. Cinco, dez a quinze segundos. A língua tem um papel muito importante, encolhe um pouco e bate em cima e em baixo da boca. Esta ‘entidade’ (o som) pode ser emitida no meio de uma intervenção de um dos participantes, ou no fim dela; pode também ser emitida no meio de uma canção, ou no fim dela. Pode ser emitida por uma pessoa, geralmente senhora, mas pode ser também por várias, em sincronia, ou em sequência. Não há rigor nisso. É um acto que confere mais profundidade à tal manifestação, à tal celebração. De tal sorte que se nela (a cerimônia) não houve , afere-se que não houve profundidade, faltou um sentir profundo, interno, genuíno.

 

Geralmente, “bate-se” minkulungwani (no Xi-Changana, é assim como se diz: ku ba minkulungwani) - num bom português, diríamos que ‘emite-se’, ‘enuncia-se’, ‘entoa-se’, ‘pronúncia-se’, ‘faz-se’, ou ‘canta-se’ nkulungwani, em ocasiões de alegria, de muita satisfação. Mas há quem afirme que em ocasiões de tristezas, também, se ‘canta’/‘bate’ nkulungwani! Como disse e repito, é um acto que confere muita profundidade a uma cerimónia. Expressa um sentimento profundo, muito interior, seja de alegria, seja de tristeza, para com determinada ocorrência, acto ou comportamento.

 

Isto dito, vamos à razão deste intróito. Um amigo desafiou-me a dar um ‘nome’ genérico às crónicas que tenho escrito e publicado todas as semanas. Meti-me no exercício. Não foi fácil encontrar um título que me agradasse. Ainda não encontrei. A reflexão até trouxe à memória, da qual nunca se ausentou, com efeito, o Canto do Amor Natural, título de poema e de livro de um dos nossos grandes poetas, o Kalungano, ou Marcelino dos Santos. Ainda pensei em puxar para o genérico esta extraordinária, belíssima formulação de Marcelino dos Santos, até como forma de o evocar e fazer lembrá-lo como um dos nossos grandes patrimônios cultural e social.

 

Não me fiquei pelo título de Kalungano mais porque ele celebra, canta, enaltece o seu “amor natural”, o seu afecto genuíno, interior, profundo ao seu/nosso Moçambique. ‘Bate’ nkulungwani de alegria, de amor, de fraternidade, de paz à sua pátria, à sua nação. Enquanto eu quero, também, ‘bater’ nkulungwani - e tenho batido - sobre ocorrências de tristezas que igualmente fazem parte do nosso quotidiano, exactamente como o tenho feito em cada texto. Não faz bem à consciência ficar pelos nkulungwanis/elogios de… amor, de alegria, do faz de conta.

 

E, assim, vou continuar a ‘bater’ nkulungwani ao nosso dia-a-dia, seja para com ocorrências de alegria, de paz, de amor e fraternidade; e seja, também, com as de tristeza, vergonha, corrupção e falta de respeito e desconsideração para com os compatriotas moçambicanos! Eis então o título genérico das minhas crónicas!

 

 

Lê-lê-lê-lê-lê-lê-lê-lêêéééé!…

 

 

ME Mabunda

terça-feira, 31 maio 2022 14:32

Afinal temos alternativa à EN1!…

Nas últimas duas semanas, este espaço foi dedicado ao sector de transportes no nosso solo pátrio. É que o assunto não é para menos: os transportes são nevrálgicos para o desenvolvimento de qualquer economia, de qualquer nação. A incidência do nosso posicionamento é que o nosso Sector dos Transportes e Comunicação não está à altura dos desafios do país, particularmente o de transportes. Há muitas coisas que não faz e que são de capital importância para o desenvolvimento da nossa querida nação. Não conhecemos, do nosso Sector de Transportes,  nenhuma política, nem estratégia do sector. Não lhe conhecemos nenhum documento orientador, com abordagem clara e indicadora do caminho a seguir no desenvolvimento destas infra-estruturas; um plano director para qualquer das áreas (rodoviária, ferroviária e marítima). Nada. Se existe, não é de domínio público!

 

No entanto, não se abrem novas estradas nem ferrovias. Não se desenvolvem, nem se consolidam as rodovias existentes que precisam de mais trabalho, como as muitíssimas não asfaltadas e nem registadas pelo país adentro. Não se faz manutenção necessária e satisfatória das existentes. Idem para as pontes, muito pouca manutenção! Está num sono muito profundo, sob a alegação de que não há recursos, especialmente financeiros!

 

Para quem não está bem informado e não tem a possibilidade de viajar pelo interior do país, dá a ideia de que Moçambique não tem vias alternativas à Estrada Nacional no. 1. Para se chegar ao centro e ao norte do país, tem que ser só por intermédio da EN1. Pura falta de informação. Ou, é uma narrativa que se tem estado a encubar por muito tempo; que não está a ser desconstruída até pelas autoridades do Sector, para despertarem os moçambicanos para saberem e entenderem que, afinal, temos alternativas de circulação no nosso Moçambique!

 

Esta semana, tive a primeira oportunidade de voltar de Inhambane sem usar a EN1, só apanhando esta em Chissano, perto da Macia… Saímos, eu e os meus dois colegas de serviço e de viagem, da Maxixe, picamos para o distrito de Panda,  atravessando o distrito de Homoine, província de Inhambane. Estrada muito bem asfaltada de Homoine até Panda, foi inaugurada após reabilitação, em 2020. Daqui onde termina a asfaltagem, nasce uma picada, recta, sempre em frente… até… Mawayela, cerca de 85 quilómetros. Uma picada em que se anda razoavelmente, nalgumas partes, pode-se conseguir andar a 80, 90 km/hora; noutras, nem tanto.

 

De Mawayela, logo no fim da sede da localidade - Mawayela é, ela própria, uma localidade com o mesmo nome - virando à esquerda, a picada leva a Mandlakazi!… e, depois, a todos os destinos na província de Gaza. Seguindo para a direita, para o norte, vai-se até à berma do rio Changane, do outro lado do qual é a localidade de Lhanganine… na província de Gaza. Ou seja, se vira para a esquerda vem para o sentido sul do país; e se vai à direita, vai no sentido norte.

 

Portanto e por conseguinte, compatriotas, é possível sem ser pela Estrada Nacional no. 1 galgar o país de lês-a-lês. Podemos partir de Moamba, atravessar Magude, cruzar Chókwè, Guijá, Chicualacuala até ir dar à Espungabeira, em Manica. É possível.

 

Agora, o problema que se põe é que estas vias não estão em condições de serem percorridas por uma viatura ligeira, normal. Tem que ser com uma viatura bem potente, com tracção em dia, o que nem todos os moçambicanos têm capacidade de ter. E a questão que nos intriga é: por quê não desenvolvemos estas alternativas de circulação do país? Por quê o Sector de Obras Públicas está tão dorminhoca assim? Só e só falta de recursos financeiros? É isso? Então estamos condenados a um desenvolvimento não célere nem robusto devido a estes constrangimentos na circulação de pessoas e bens. Sem circulação fluida de mercadoria, nossa economia não irá longe!

terça-feira, 24 maio 2022 11:56

Um pedido dos moçambicanos à empresa CFM

Sabemos que sabem, e muito bem, que o crescimento e desenvolvimento económico das nações dependem grandemente de caminhos de ferro. Quanto mais expandidos e extensos, mais desenvolvidos são esses países, econômica e socialmente. Sabemos que sabem que o comboio esteve na base das revoluções industriais que fizeram da Europa o que é hoje. Sabemos que sabem muito bem tudo isto.

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