O Director do Banco Mundial, em Moçambique, Mark Lundell, defende que para cada empresa formal, na província de Nampula, onde são necessários 40 dias para começar um negócio, há 36 concorrentes informais, contra cerca de quatro informais para cada negócio formal, na cidade de Maputo, onde é mais fácil começar um negócio, levando apenas 17 dias.
Os dados foram partilhados, semana finda, em Maputo, durante o lançamento do primeiro Relatório “Doing Business em Moçambique 2019”, um estudo que avalia o ambiente de negócios para empresas domésticas, na denominada “Pérola do Índico”.
Segundo Mark Lundell, a constatação resulta de um inquérito, recentemente realizado pela instituição que dirige, aos empresários moçambicanos. Recorrendo às conclusões do estudo, designado Enterprise Survey (ou Pesquisa Empresarial), Lundell afirmou que o tempo, as taxas e a documentação para registo de uma empresa estão entre as razões mais citadas pelo sector informal para não registar os seus negócios, causando assim o informalismo e a concorrência desleal.
Para Lundell, a concorrência desleal é, na verdade, um dos três principais obstáculos para a actividade dos empresários formais. “A seguir está a corrupção e o acesso ao financiamento”, disse.
Ao apresentar estas informações, perante um auditório de cerca de 100 pessoas, entre empresários e representantes do Governo, Lundell quis destacar a necessidade de se ultrapassarem as razões que fomentam o negócio informal para que, formalmente, sejam criadas empresas, principalmente pequenas e médias, dado o seu papel na geração de emprego.
É que, explica Lundell, na próxima década, anualmente, estarão no mercado do trabalho meio milhão de jovens, numa altura em que a taxa de desemprego, no país, ronda os 25 por cento.
“As pequenas e médias empresas responsáveis pela criação de dois terços do emprego nas economias em desenvolvimento têm um papel essencial na redução da pobreza e na criação de emprego”, afirmou Lundell.
Opondo-se à definição de empreendedor informal, apresentada por Lundell, num discurso “improvisado”, o Ministro da Indústria e Comércio, Ragendra de Sousa, disse que continua a definir o sector informal, todo aquele cujo custo nacional do seu trabalho é igual a zero.
“Tudo o resto que esteja fora desta definição, permitam-me deixar o desafio, será mesmo informal ou fuga ao fisco? É um desafio para os pensadores, é um desafio para aquele que estuda a matéria” disse o governante.
Ragendra de Sousa justificou a sua colocação, nos seguintes termos: “Porque bem ao lado da minha casa, em frente duma escola, portanto, em completa discordância com a regra, temos o mercado de álcool cujo proprietário tem, no stock, mais de 14 caixas de Whisky. Será este informal”, interrogou o ministro.
“Então, é um desafio para o Banco Mundial, para de maneira conjunta encontrarmos a partir da definição correcta do problema, acharmos também as soluções correctas”, concluiu De Sousa. (Evaristo Chilingue)
O Estudo publicado, esta quarta-feira, pelo Banco Mundial, que avalia o ambiente de negócios para empresas domésticas, em Moçambique, revela que é mais fácil importar e exportar, através da fronteira terrestre de Ressano Garcia, distrito da Moamba, província de Maputo, que por via marítima, concretamente pelos Portos de Maputo, Beira e Nacala.
Designado “Doing Business em Moçambique 2019”, o Relatório explica que o bom desempenho do posto transfronteiriço de Ressano Garcia deve-se a tempos mais curtos e custos mais baixos, relativos aos serviços de processamento de carga e terminais e menos requisitos documentais com a implementação da Janela Única Electróncia (JUE) e do projecto de Fronteira de Paragem Única.
“Contudo, custos elevados para a conformidade com as exigências na fronteira – que inclui lidar com a regulamentação alfandegária, inspecções e processamento no terminal – são os principais obstáculos para os comerciantes, em Moçambique, quando se importa por via marítima”, observa o relatório.
Dos três portos, consta do estudo que o de Nacala tem a pontuação mais baixa, pois, leva-se mais tempo para completar o desembaraço aduaneiro e devido à longa permanência dos contentores.
Para além de importações, o relatório do Banco Mundial estuda também o tempo para se cumprir as exigências na fronteira para as exportações, variando de 52 horas, na Beira, até 140 horas, em Nacala. O documento justifica a variação, principalmente, pelas diferenças na eficiência dos procedimentos e tempo de permanência no porto.
“Os exportadores enfrentam longas demoras para completarem os procedimentos de conformidade com as exigências na fronteira – especialmente, em Nacala – como o despacho aduaneiro tem lugar, na maior parte, num porto seco chamado TEEN, situado a 14 quilómetros do porto”, critica o relatório.
Em relação aos outros portos, o estudo concluiu que os procedimentos de conformidade na fronteira são tratados no armazém do exportador ou outros terminais, legalmente reconhecidos.
Enaltecendo os frutos de implementação da JUE, o estudo concluiu que os comerciantes gastam uma média de 35 horas para completarem todos os requisitos documentais para a exportação e 27 horas para a importação, comparadas com as 52 horas para a exportação e 60 horas para a importação nas economias da SADC.
“Mesmo Nacala (48 horas) e Beira (36 horas) – os piores desempenhos de Moçambique na conformidade documental para as importações e para as exportações respectivamente – têm um desempenho acima da média regional da SADC (64 horas para as exportações e 57 para as importações)”, observa o relatório.
Embora enalteça esse facto, o estudo realizado o ano passado recomenda melhoria do funcionamento da JUE e aprofundamento da integração regional com vista a facilitar ainda mais o comércio internacional. (Evaristo Chilingue)
A empresa CCS, uma parceria entre os grupos McDermott, Saipem e Chiyoda, assinou um contrato com o grupo Anadarko Petroleum Corporation para o fornecimento de serviços no projecto de gás natural Área 1, no norte de Moçambique, informou o grupo McDermott. O grupo americano, cuja parcela inicial do contrato representa dois mil milhões de dólares, informou ainda que o mesmo abrange a elaboração do projecto de engenharia, a aquisição de equipamentos e a construção de todas as instalações em terra, que incluem duas unidades de processamento de gás natural com uma capacidade de 12,88 milhões de toneladas por ano.
Os grupos McDermott e Saipem montaram um escritório em Milão, Itália, onde uma equipa mista irá liderar a gestão do projecto antes de assumirem em conjunto a responsabilidade de proceder à construção das instalações na província de Cabo Delgado. O grupo japonês Chiyoda terá apenas como tarefa o fornecimento de serviços de consultoria à parceria CCS. O comunicado divulgado quarta-feira pelo grupo americano informa que os trabalhos no local começarão imediatamente após o grupo Anadarko Petroleum assim a aprovar, na sequência da tomada de decisão final de investimento prevista para Junho corrente.
O bloco Área 1 é operado pela Anadarko Moçambique Área 1, Ltd, uma subsidiária controlada a 100% pelo grupo Anadarko Petroleum, com uma participação de 26,5%, a ENH Rovuma Área Um, subsidiária da estatal Empresa Nacional de Hidrocarbonetos, com 15%, Mitsui E&P Mozambique Area1 Ltd. (20%), ONGC Videsh Ltd. (10%), Beas Rovuma Energy Mozambique Limited (10%), BPRL Ventures Mozambique B.V. (10%), and PTTEP Mozambique Area 1 Limited (8,5%). (Carta)
A Autoridade Tributária de Moçambique (AT) assinou, esta quarta-feira (05 de Junho), um contrato de selagem de mercadoria em trânsito com a empresa Mozambique Electronic Cargo Tracking Services (MECTS), que visa melhorar o controlo aduaneiro de mercadorias nos portos, fronteiras, aeroportos, de modo a garantir o pagamento das obrigações fiscais. Segundo a Presidente da AT, Amélia Nakhare, com a introdução deste mecanismo, a AT pretende reforçar o sistema de rastreio de mercadorias em trânsito de Moçambique para outros países.
Amélia Nakhare explicou que o processo será feito através de uma base de monitoria electrónica, que será assumida pela AT para garantir um maior controlo e acompanhamento, em tempo real, de todos os passos levados a cabo nos processos envolvendo mercadorias em trânsito e estará em condições de executar as acções de fiscalização, para combater o contrabando.
A selagem, disse a fonte, será feita em função da natureza da mercadoria, na altura em que a mesma der entrada nos portos nacionais e, de seguida, seguindo a rota até fronteira de saída, após o que far-se-á a retirada do selo, confirmando-se de que era um produto de trânsito.
Nakhare disse ainda que, nos últimos cinco anos, estima-se que o prejuízo fiscal, em taxas aduaneiras, foi de cerca de 68 mil milhões de Mts, sendo que a região centro foi a mais crítica com perdas estimadas em 59 mil milhões de Mts. Segundo o Director da Empresa que irá proceder à selagem da mercadoria (MECTS), Marcos Fernando, o processo de selagem é fiável, sobretudo porque já está a ser usado em vários países africanos e teve sucesso em mais de 40 por cento. (Marta Afonso)
Localizada no norte de Moçambique, Nampula, a província mais populosa do país, é considerada o local mais difícil para abrir uma empresa, de acordo com o primeiro Relatório do Banco Mundial que avalia o ambiente de negócios para empresas domésticas, no país.
Lançado esta quarta-feira, em Maputo, pela representação daquela instituição o documento, denominado Relatório subnacional “Doing Business em Moçambique 2019”, revela que, das 10 províncias analisadas, Nampula é o pior local para empreendedores poderem começar a fazer negócios. Depois de Nampula, seguem-se Sofala e Zambézia.
Em causa, aponta o documento, estão os elevados custos no processo de abertura de uma empresa e a morosidade burocrática (40 dias em média). Ao contrário, observa o relatório, a Cidade de Maputo é o melhor lugar para se iniciar uma actividade comercial, sendo necessários, em média, 17 dias para abrir uma empresa.
De acordo com o estudo, depois da Cidade de Maputo, seguem-se as províncias de Cabo Delgado e Gaza (conjuntamente com Tete) em segundo e terceiro lugares, respectivamente. Nestas províncias, diz o Banco Mundial, o processo de abertura de uma empresa tem custos de publicação dos estatutos 50 por cento mais baixos, graças à implementação bem-sucedida de uma reforma que permite publicar apenas um extracto simplificado dessa papelada.
Para além de abertura de uma empresa, o “Doing Business em Moçambique 2019” analisa também mais duas áreas de regulamentação que impactam no ambiente de negócio, no país. Trata-se do registo de propriedades e execução de contratos.
Relativamente ao registo de propriedades, o estudo realizado no ano passado a pedido do Ministério da Indústria e Comércio e financiado pelo Governo do Reino Unido revela que a província da Zambézia está em primeiro lugar em termos de celeridade no processo, ao permitir que o pagamento do imposto de transferência (SISA), pelos empresários, seja autorizado pelo Departamento do Planeamento Urbano da Autarquia, e não pelo Presidente do Conselho Autárquico.
Em termos comparativos, a transferência de propriedades na Zambézia é duas vezes mais rápida que em Sofala, onde demora-se 83 dias. Aliás, neste aspecto, refere a fonte, Gaza é vice-campeã e Inhambane é a terceira província com melhor desempenho. Quanto à execução de contratos, o “Doing Business em Moçambique 2019” concluiu que em Manica é mais fácil resolver um litígio comercial, graças a processos judiciais relativamente rápidos e baixos honorários de advogados.
Em contrapartida, o relatório revela que, na cidade de Maputo, é mais difícil e demora mais tempo resolver um litígio comercial. Nampula, nessa área, tem o segundo melhor desempenho, seguido de Niassa.
O Director do Banco Mundial, em Moçambique, Mark Lundell, afirmou que se, hipoteticamente, todas as boas práticas identificadas nas 10 províncias fossem implementadas ao nível da Cidade de Maputo, a classificação global de Moçambique no “Doing Business” global melhoraria em 22 posições, passando o país de 135º para 113º lugar, de entre 190 economias avaliadas.
Em geral, o estudo afirma que replicar estas e outras experiências de sucesso, em todo o país, especialmente as boas práticas registadas em Cabo Delgado, Cidade de Maputo, Inhambane, Manica e Niassa, ajudaria a criar um ambiente onde novos participantes com energia e boas ideias podem iniciar negócios e onde boas empresas podem investir e expandir. Por fim, o relatório recomenda a coordenação entre diferentes instituições e aumento da capacidade dos funcionários públicos para garantir que as reformas levadas a cabo a nível dos vários indicadores produzam bons resultados. (Evaristo Chilingue)
O Governo aprovou, esta terça-feira (04 de Junho), o Decreto que estabelece a Estrutura de Financiamento e o Acordo Directo de Financiamento do Projecto de Gás Natural Liquefeito Golfinho/Atum. A informação foi avançada pelo porta-voz do Executivo, Augusto Fernando, no final de mais uma sessão ordinária (19ª) do Conselho de Ministros.
Segundo Fernando, a aprovação do documento tem por objectivo criar condições que permitam a instalação de poços submarinos, sistemas de produção e respectivos sistemas de controlo, colunas de ascensão e linhas de escoamento para os dois módulos de liquefacção de gás natural.
O decreto, disse ele, visa também criar condições para o armazenamento e descarregamento e demais instalações e equipamentos, relacionados com o Projecto de Gás Natural Liquefeito Golfinho/Atum, no Bloco do Rovuma, no âmbito do Contrato de Concessão de Pesquisa e Produção de Petróleo para a Área 1 daquele bloco, aprovado pelo Decreto n° 67/2006, de 26 de Dezembro.
Fernando disse ainda que o Projecto está orçado em 25 mil milhões de USD e que, com a aprovação do Decreto, o Governo de Filipe Nyusi presta o devido processo de contratação e financiamento, num valor de até cerca de 14.4 mil milhões de USD, para dar segurança aos financiadores. O valor remanescente vai ser financiado pelos próprios concessionários com capital próprio.
Segundo o porta-voz da sessão, o anúncio do financiamento está previsto para o dia 18 do mês em curso. Assim, a fonte garantiu que o valor que será desembolsado pelo governo não constitui nenhuma obrigação ao Estado, ou seja, não prestará nenhuma garantia. Entretanto, Augusto de Sousa Fernando garantiu que o projecto vai gerar acima de 15 mil empregos para moçambicanos e irá garantir gás doméstico, que será usado para a industrialização no país, por via da implementação de vários tipos de projectos, bem como a exportação para os vários compradores, que já estão com contratos assinados, para além de trazer receitas para o Estado. (Marta Afonso)