Numa altura em que a inclusão financeira continua baixa no país (cresceu de 40%, em 2014, para 54%, em 2019), o Banco de Moçambique, em parceria com a Financial Sector Deepening Mozambique (FSDMoç), tem estado, desde 2018, a desenvolver acções com vista a elevar ainda mais o número da população com acesso a serviços financeiros formais.
No âmbito dessas acções, inseridas na Estratégia Nacional de Inclusão Financeira 2016-2022, que estabelece como metas para o sector financeiro atingir 60% da população adulta moçambicana, com acesso a serviços financeiros físicos ou electrónicos até 2022, o Banco Central e a FSDMoç, lançaram, esta segunda-feira (10), a segunda edição da Sandbox Regulatório, um projecto de incubação para as Fintechs (ou startups digitais que trabalham para inovar e optimizar serviços financeiros) desenvolvidas por empreendedores nacionais.
Falando no evento, o Governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, explicou que, na primeira edição do Sandbox Regulatório, lançada em 2018, concorreram cinco Fintechs, tendo resultado na aprovação das empresas Robobo, Mukuru e Paytek. Aprovadas, as três entidades receberam ainda esta segunda-feira, do Banco Central, certificados de participação para numa fase posterior passar pelo processo de licenciamento.
Nesta segunda edição, o regulador do sistema financeiro moçambicano conta com a participação de sete Fintechs: Zazu Africa, Pyypl Group ltd, Trusty Computer Solutions, ACGEST, Smart Key Services, Paga e Pertence.
Na ocasião, Zandamela reiterou que o objectivo do projecto é responder aos desafios impostos pela inovação tecnológica virada para os serviços financeiros, sem negligenciar os desafios ligados à mitigação de riscos, estabilidade financeira, protecção do consumidor e conduta do mercado.
Por seu turno, a Directora Executiva da FSDMoç, Esselina Macome, enalteceu as acções da iniciativa, que são implementadas num contexto em que a pandemia da Covid-19, que assola o mundo inteiro, confirma que as plataformas e soluções digitais são a resposta actual de um futuro muito próximo.
Pela importância do projecto, Macome mostrou o comprometimento da FSDMoç de querer continuar a ser parceira do Banco de Moçambique, da Associação de FinTech de Moçambique e dos demais actores para o desenvolvimento dum ecossistema de serviços financeiros digitais mais robusto e fortemente dedicado aos mais desfavorecidas. (Evaristo Chilingue)
Depois de Maio e Junho, os preços de diferentes produtos e serviços continuaram baixos em Julho último. Dados recolhidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), nas cidades de Maputo, Beira e Nampula, ao longo do mês passado, concluíram que o país registou, face ao mês anterior, uma deflação na ordem de 0,20%.
“A divisão de alimentação e bebidas não alcoólicas foi a de maior impacto, ao contribuir no total da variação mensal com cerca de 0,22 pontos percentuais (pp) negativos”, refere um comunicado do INE a que tivemos acesso.
Analisado a variação mensal por produto, a nossa fonte destaca a queda de preços do tomate (5,3%), da cebola (9,0%), do açúcar castanho (5,9%), da alface (12,3%), do óleo alimentar (2,5%), da couve (7,8%) e do repolho (10,4%), tendo contribuído no total da variação mensal com cerca de 0,35pp negativos.
Entretanto, a Autoridade Estatística constatou que alguns produtos, com destaque para o pão de trigo (4,1%), os cigarros (3,0%), o feijão manteiga (1,9%), a mandioca seca (28,5%), o milho em grão (10,6%), o limão (24,6%) e as calças para homens (0,8%), contrariaram a tendência de queda, ao contribuírem com cerca de 0,21pp positivos.
Em termos acumulados, o INE diz que, de Janeiro a Julho do ano em curso, o país registou uma subida de preços na ordem de 0,38%, tendo as divisões de alimentação e bebidas não alcoólicas e de transportes, tido maior destaque na tendência geral de subida de preços ao contribuírem com cerca de 0,19pp e 0,18pp positivos, respectivamente.
“Comparativamente a igual período do ano anterior, o país registou, no mês em análise, uma subida de preços na ordem de 2,80%. A divisão de Alimentação e bebidas não alcoólicas foi em termos homólogos a que registou maior variação de preços com cerca de 7,40%”, lembra a fonte.
Desagregando a variação mensal pelos três centros de recolha, que servem de referência para o país, o INE constatou que todas as grandes cidades registaram em Julho último uma deflação mensal, com a cidade da Beira a registar cerca de 0,42%, seguida da cidade de Nampula com 0,30% e, por fim, a cidade de Maputo com uma queda de preços na ordem de 0,06%. (Carta)
Desde Julho último, perto de 250 empresas de todo o país já submeteram propostas ao Banco Nacional de Investimento (BNI), com vista a aceder ao financiamento no âmbito da linha de crédito de 1.6 mil milhões de Meticais lançada, há dias, pelo Governo, informou este domingo à “Carta” o Presidente do Conselho de Administração (PCA) da instituição, Tomás Matola.
Em entrevista telefónica, Matola precisou que, até sexta-feira finda (07), o BNI recebeu 232 propostas de igual número empresas de todos os sectores, com destaque para a restauração, comércio, agronegócios, avicultura.
Em termos de aprovação, a nossa fonte explicou que, do universo das propostas, pelo mesmo até semana finda, a instituição aprovou 20 propostas. “Mas acredito que no futuro o número de propostas aprovadas irá incrementar para 40 por semana”, sublinhou.
O PCA do BNI adiantou que, iniciada a aprovação de propostas, dentro de duas semanas, a instituição que dirige poderá começar a desembolsar as verbas às empresas.
Olhando para o volume das necessidades das 232 empresas, avaliadas em 3 mil milhões de Meticais, Matola reafirma que 1.6 mil milhões de Meticais é uma verba deveras pouca para satisfazer a todas as empresas. Pelo que “tenho esperança de que, no futuro, o Governo possa aprovar um valor adicional após avaliar o número de empresas que poderão ter acesso ao financiamento”, afirmou Matola.
Ainda assim, a nossa fonte afirmou que o BNI continua aberto para satisfazer receber propostas de Micro, Pequenas e Médias Empresas que necessitam de apoio financeiro para mitigar os impactos da crise provocada pela Covid-19.
Lançada no início de Julho passado, a linha de financiamento do BNI compreende juros, que partem de 5% a 12%, ou seja, abaixo da taxa de referência (Prime Rate) imposta pelo Banco de Moçambique e Associação Moçambicana de Bancos, fixada actualmente em 15,90%. (Evaristo Chilingue)
União de esforços para promoção de emprego para a juventude é o caminho a ser seguido para resolução da problemática da falta de emprego no país. Quem assim defende é a Secretaria do Estado da Juventude e Emprego (SEJE) e a International Youth Foundation (IYF).
A posição foi apresentada, esta quarta-feira, durante um Fórum Virtual sobre o Emprego e Empregabilidade Juvenil, em Moçambique, que decorreu sob lema “Contribuição do ecossistema de emprego e empregabilidade para a melhoria do acesso às oportunidades económicas para os jovens em Moçambique”.
Falando durante a abertura do evento, o Secretário de Estado da Juventude e Emprego, Osvaldo Petersburgo, apontou para a necessidade do alinhamento, entre o Governo e parceiros, das diversas iniciativas de promoção de emprego e empregabilidade juvenil.
Por seu turno, o representante da International Youth Foundation (IYF), Ilídio Caifaz, começou por destacar que o evento se enquadra no processo de busca de soluções para a questão da empregabilidade da camada juvenil. Caifaz disse ser imprescindível o envolvimento de todos os actores do sector do emprego.
“Queremos que o país acolha esta iniciativa como uma plataforma para que todos contribuam para a empregabilidade dos jovens no país”, avançou Ilídio Caifaz.
O Ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane, a quem coube dirigir a abertura do evento, tem como uma das principais prioridades no seu Plano Quinquenal (2020-2024) a geração de emprego para a juventude, que perfaz cerca de 33% da população economicamente activa.
Maleiane avançou que a geração de emprego passa pela elaboração de medidas competitivas para aumento da produção, produtividade, bem como a promoção da educação técnico-profissional. (Carta)
Em comunicação à nação, esta quarta-feira (05), o Presidente da República (PR), Filipe Jacinto Nyusi, voltou a decretar novo Estado de Emergência por 30 dias. No seu discurso, falou da necessidade de se agilizar a retoma de voos internacionais, mas sem precisar a data, embora a 28 de Junho passado tenha anunciado a retoma de ligações aéreas com países seleccionados (não mencionados) em regime de reciprocidade.
Na comunicação do dia 28 de Junho, lembre-se, o Chefe de Estado justificou a pertinência da retoma de voos internacionais para permitir a deslocação de “especialistas, gestores e investidores para dinamizar o turismo e negócios” no país.
Nos dias subsequentes, o Instituto de Aviação Civil de Moçambique (IACM) avançou à “Carta” que, até ao dia 10 de Julho passado, ter-se-ia a lista dos países com que o país ia fazer ligações aéreas (embora sua aprovação devesse ter aval do Governo), mas até hoje não se conhece nenhum país.
Um mês depois, concretamente ontem, Nyusi volta a falar no assunto e sem precisar datas. “Iremos agilizar a retoma de voos internacionais que respeitem os cuidados de prevenção e controlo sanitário dos passageiros e dos aviões. Sobre esta matéria, as regras vão ser claramente bem definidas”, afirmou o PR.
O receio do Governo, refira-se, visa evitar a importação de novos casos da Covid-19, que podem concorrer para o colapso do Sistema Nacional de Saúde. Entretanto, o certo é que o negócio da aviação internacional está praticamente parado e várias companhias, incluindo Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), estão a acumular prejuízos.
Dados de Junho, colectados pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), indicam que, com o encerramento das fronteiras, os serviços de transporte aéreo internacional registaram uma queda em 85% da demanda interna por transporte aéreo de passageiros domésticos, o que fez com que o sector registasse perdas na ordem de 87% do volume de negócios, que corresponde a cerca de 658.7 milhões de Meticais.
Importa ainda referir que, devido aos efeitos da Covid-19, oito companhias estrangeiras viram-se obrigadas a cancelar seus voos a Moçambique. Trata-se da Transportadora Aérea de Angola (TAAG), Transportadora Aérea Portuguesa (TAP), embora esta faça, de vez em quando, os voos de repatriamento, Kenya Airlines, Sourth African Airlink, Sourth Africa Airways, Ethiopian Airlines, Turkish Airlines e Qatar Airways.
O cancelamento de voos dessas companhias, sublinhe-se, representa uma grande quebra nas receitas da empresa pública Aeroportos de Moçambique. Para além das oito companhias, a crise pandémica levou à reprogramação do início de voos da Emirates Airlines para Agosto próximo, quando inicialmente estava previsto para Junho último. (Evaristo Chilingue)
O Governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, decidiu, esta quinta-feira (06), extinguir, com efeitos imediatos, a Comissão Liquidatária do Nosso Banco – Sociedade em Liquidação.
A decisão, anunciada em comunicado de imprensa, surge após o prazo de liquidação do Nosso Banco, prorrogado a 30 de Abril por um período de 90 dias por efeitos da Covid-19, ter expirado.
Nesse contexto, diz a nota, Zandamela notificou Irene Luzidia Maurício, que desempenhava as funções de Presidente daquele órgão, para, no prazo de 60 dias, concluir o processo.
Lembre-se, o Banco de Moçambique dissolveu, a 11 de Novembro de 2016, o Nosso Banco, devido à degradação da situação financeira da instituição, afectando os principais indicadores prudenciais e de rendibilidade. (Carta)