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Crime

Continua alarmante a situação que se vive nos distritos da zona norte da província de Cabo Delgado. Na última sexta-feira, 15 de Novembro, quando eram 18 horas, os insurgentes atacaram a aldeia Ingoane, no distrito de Macomia, tendo incendiado casas e assassinado cinco civis, segundo apurámos de fontes locais.

 

Uma fonte local, que falou com a nossa reportagem, contou que “não ficou nada” e que “toda a zona norte da aldeia foi queimada”. Segundo a fonte, as vítimas mortais eram do sexo masculino, sendo dois jovens, mas sem precisar as suas idades. Outra fonte assegurou que o grupo incendiou e saqueou bens de um agente económico informal local.

 

Fontes da “Carta”, em Macomia, garantem que, nos últimos dias, algumas pessoas tinham regressado àquela aldeia e que os barcos, assim como viaturas de transporte de bens e passageiros tinham retomado a sua circulação para aquele ponto do país, porém, neste momento, todos voltaram a deixar o local.

 

A aldeia Ingoane foi atacada, pela primeira vez, pelos insurgentes a 26 de Dezembro de 2018, por 10 homens, que falavam diferentes línguas locais, como Kimuane, Emakwa e Kiswahili. O ataque resultou na morte de uma pessoa e no incêndio de casas, para além de terem saqueado estabelecimentos de venda de produtos alimentares. A aldeia voltou a sofrer outro ataque, em Fevereiro deste ano, que resultou na morte de quatro pessoas.

 

Na mesma sexta-feira, 15 de Novembro, os insurgentes atacaram a aldeia Namanengo e a região de Nssemo, no distrito de Palma, por volta das 10 horas. Nssemo dista a 49 Km da Vila-Sede daquele distrito.

 

De acordo com fontes da “Carta”, não houve registo de óbitos, devido à pronta intervenção das Forças de Defesa e Segurança (FDS), que se encontravam nas proximidades daquele local. Acrescentam que maior parte das famílias daquela aldeia refugiou-se na sede do distrito, onde se diz haver um ambiente de agitação.

 

Devido à situação, algumas empresas envolvidas na construção de infra-estruturas de apoio ao projecto de exploração de gás natural liquefeito foram orientados a não trabalhar, tendo até sido vistos a transportar seus trabalhadores para a Localidade de Palma-Sede.

 

Fontes da “Carta” garantem que, na última quinta-feira, as FDS capturaram três indivíduos supostamente pertencentes ao grupo, que vem protagonizando actos bárbaros em aldeias de alguns distritos, na aldeia Mbanja, que dista a cerca de 10km do acampamento da Anadarko.

 

Já na sexta-feira foram capturados mais dois, próximo à aldeia Monjane, que, entretanto, na manhã de sábado, sofreria um novo ataque, mas sem causar vítimas mortais. Registou-se apenas o incêndio de barcos de pesca.

 

Em Muidumbe, relatam-se dificuldades que os militares russos têm para identificar os insurgentes, pelo facto de alguns trajarem fardamento das FDS.

 

De acordo com as nossas fontes, devido aos ataques que se verificam nas proximidades do Rio Messalo, onde no passado dia 12 de Novembro foram assassinados oito militares, a empresa que constrói as pontes sobre os rios Mapwedi e Messalo, na região de Miangalewa, optou em paralisar as obras. (Carta)

Seis elementos das Forças de Defesa e Segurança adstritos a um acampamento localizado junto à aldeia Primeiro de Maio, mais conhecida por Demaio, situada a pouco mais de 1 km da aldeia Miangalewa, no distrito de Muidumbe, foram mortos na noite do último sábado, 16 de Novembro.

 

Fontes de “Carta” disseram que os militares foram mortos a tiro depois que seu acampamento foi cercado pelos “insurgentes" que mais tarde iriam atacar e incendiar a aldeia Miangalewa. 

 

“Chegaram entre as 18 e 19 horas, cercaram o acampamento e começaram a atirar”, descreveu uma fonte, que garantiu que os atacantes levaram consigo considerável material de guerra, entre armas e munições.

 

Os corpos dos militares mortos terão sido levados, num carro militar, primeiro para o Centro de Saúde de Chai e, mais tarde, para o Hospital Distrital de Mueda, segundo contaram-nos populares na sede do posto administrativo de Chai.

 

Para além de matarem três militares, os insurgentes queimaram em Demaio três palhotas. Mais tarde atacaram em Miangalewa. Outras fontes seguras relatam que também foram queimados nove tractores, oito dos quais alocados ao programa governamental de mecanização agrícola.  O nono tractor queimado pertencia a um agente económico local, de nome Giboia. (Carta)

A aldeia Miangalewa, sede da Localidade com mesmo nome, no distrito de Muidumbe, província de Cabo Delgado, entrou, este fim-de-semana, na lista das regiões atacadas pelos insurgentes que, há dois anos, matam, saqueiam bens e incendeiam casas da população, em alguns distritos da zona norte e costeira daquela província do norte do país.

 

Passavam poucos minutos depois das 19 horas, deste sábado, 16 de Novembro de 2019, quando os “insurgentes” atacaram aquela aldeia, tendo matado três pessoas e incendiado mais de uma dezena de barracas, duas viaturas e um tractor agrícola. Também saquearam diversos produtos alimentares.

 

Fontes da “Carta”, no local, contam que o grupo distribuiu-se por diversas partes da aldeia, antes de iniciar com o ataque. De seguida, disparou contra a população, por um lado, enquanto, por outro lado, vandalizava bens e incendiava casas.

 

De acordo com as fontes, não se registou o pior porque alguns residentes daquela aldeia conseguiram fugir de motorizadas e viaturas até Namacande, Sede do distrito de Muidumbe, onde passaram a noite. Outros passaram a noite no mato.

 

Relatos que nos chegam de Muidumbe dão conta de que, até as cinco horas deste domingo, ouviam-se tiros, sinal de que o grupo travou um combate com as Forças de Defesa e Segurança (FDS), a noite toda.

 

Localizada ao longo da Estrada Nacional Nº 380, junto do Rio Messalo, a aldeia Miangalewa é um importante centro comercial do distrito de Muidumbe, para além de ser celeiro dos distritos de Mocímboa da Praia e Macomia. A mesma encontra-se a 3 Km de uma posição das FDS, do lado sul e a 2 Km de outra, do lado norte. Aliás, tem sido corredor das FDS, quando estas deslocam-se para as margens do Rio Messalo, onde se tem registado raptos e decapitações.

 

Imagens partilhadas nas redes sociais, na manhã deste domingo, mostram barracas e um camião que, até a manhã de hoje, ainda estavam sendo consumidos pelo fogo. (Carta)

quinta-feira, 14 novembro 2019 15:27

Insurgentes matam sete pessoas em Palma

Um grupo de insurgentes atacou ontem (13 de Novembro) três comunidades no distrito de Palma, tendo morto sete pescadores, soube “Carta” de fontes populares. Os ataques aconteceram por volta  21hrs desta quarta-feira. O alvo foram as comunidades de pescadores de Quibunjo, de Fungi (que deu nome à península Afungi) e de ponta Nssemo, um importante centro de pesca no distrito de Palma, onde se juntam pescadores locais e outros oriundos de Nampula.

De acordo com as fontes, nas três comunidades, os terroristas queimaram palhotas, barracas de venda a retalho, entre outros bens dos pescadores. A situação mais trágica aconteceu na comunidade de Nssemo, onde sete pescadores foram mortos. Dois naturais de Palma e os restantes cinco provenientes de Nampula. Dois outros sobreviventes e que tiveram ferimentos graves foram levados esta manhã de barco à vela para o Hospital Distrital de Palma.

 

De acordo com fontes de “Carta”, na comunidade de Nssemo só não foram queimadas duas mesquitas (uma em construção) e três bancas. Nssemo fica próximo da aldeia Maganja (conhecida por Namandingo), que num passado recente já foi também alvo das incursões da insurgência.

 

Fontes de “Carta” explicaram que na mesma noite dos ataques foram avistadas viaturas do exército governamental dirigindo-se às aldeias em causa mas ninguém ouviu tiros. Quando a tropa chegou, os malfeitores já tinham abandonado o local. Nssemo é uma região próxima da zona onde decorrem trabalhos no âmbito da exploração de gás liquefeito na bacia do Rovuma.

 

 De salientar que, nas últimas semanas, os distritos de Mocímboa da Praia, Macomia e Nangade foram alvo de repetidos ataques dos insurgentes. Agora, eles regressaram em peso à Palma, o centro nelvrágico do gás do Rovuma. (Carta)

 

quarta-feira, 13 novembro 2019 04:07

“Terroristas” viram os olhos de novo para Nangade

Depois de há um ano a população de Nangade ter “expulso” e “humilhado” os terroristas que atacavam aldeias daquela região, nos últimos sete dias ela voltou a viver cenários de “terror e pânico”. Desde o passado dia 06, as aldeias Eduardo Mondlane, Ngangolo, Mueia e Lucuamba, estão a ser alvo de ataques constantes dos “terroristas”.

 

Conforme apuramos de fontes locais, na passada segunda-feira (11 de Novembro), em Ngangolo, pouco mais de 60 palhotas foram queimadas e um cidadão civil foi morto. Um dia antes, no domingo, quando eram 19 horas, eles haviam atacado a mesma aldeia de Ngangolo, localizada próximo da estrada Namawa-Nangade, onde queimaram palhotas, saquearam bens e decapitaram um cidadão civil. O ataque a Ngangolo foi reivindicado pelo  ISIS.

 

Fontes de “Carta”, em Nangade, dizem que a situação está fora do controlo e a população tende a fugir para a Vila-sede daquele distrito, onde se acredita haver mais segurança. Entretanto, nesta terça-feira (12 de Novembro), quando eram 13 horas e 50 minutos, os “terroristas” invadiram a aldeia Lucuamba, tendo decapitado oito civis, queimado palhotas e saqueado bens. (Carta)

Apesar da forte presença de agentes das Forças de Defesa e Segurança (FDS), as populações dos distritos afectados por ataques “terroristas”, na província de Cabo Delgado, continuam a viver dias difíceis, com os insurgentes protagonizarem alguns ataques, que culminam com a morte de mais cidadãos, deslocação doutros, incêndio de palhotas e barracas de venda a retalho.

 

Os insurgentes emboscaram uma viatura “Mahindra”, das Forças de Defesa e Segurança, por volta das 11 horas do último domingo, na zona da pedreira, no troço Macomia-Mucojo, relatam fontes de “Carta”. Na incursão, eles começaram por atingir os dois ocupantes da frente da viatura, o motorista e um comandante, e a seguir houve troca de tiros entre as partes. O carro capotou e dois agentes morreram. Um terceiro, que contraiu ferimentos graves, foi levado ao Centro de Saúde de Mucojo. 

 

A viatura, que seguia de Macomia em direção a Mucojo e transportava produtos alimentares para abastecer uma posição, ficou em cinzas depois de pegar fogo. Na vila de Macomia, fontes viram, por volta 12 horas, um “Mahindra” vermelho seguindo na direcção do local do ataque, crendo-se que ia prestar socorro.

 

No mesmo domingo, uma viatura civil, de transporte de passageiros, que partira da praça de Macomia em direção a Mucojo, foi forçada a regressar, depois que o motorista foi alertado para a presença de insurgentes na via. Ontem, segunda-feira, a circulação de viaturas no troço Macomia-Mucojo e Quiterajo foi feita, mas com medo. Os carros, que habitualmente chegam a vila sede de Macomia, idos de Mucojo, entre as 6 e as 7, ontem chegaram mas tarde. Alguns transportadores não fizeram a rua.  Fontes acrescentam que, antes do ataque à viatura militar, um grupo de homens armados foi visto a beber água perto dum riacho muito próximo da aldeia Manica, que dista cerca de 20 km da pedreira onde foi atacada a viatura militar. No mesmo local onde foi queimada viatura “Mahindra”, no domingo, um grupo de passageiros que regressava achou uma arma de fogo.

 

 

Incursão e saque a Naleque

 

Outro caso recente, reportado à “Carta”, deu-se por volta das 17 horas do passado dia 07 de Novembro (quinta-feira), 24 horas depois de as FDS terem recebido reforço de militares provenientes de outros quartéis do país, quando o grupo atacou a aldeia Naleque, localizada a cerca de 20 km da Vila-sede do distrito de Nangade. Durante a “incursão”, os insurgentes queimaram mais de 40 casas e saquearam diversos bens e produtos alimentares. Não houve registo de perda de vidas humanas. As fontes contam que, quando os terroristas escalaram a aldeia, a população já não se encontrava no terreno, devido a um alerta telefónico dado por alguns agricultores que acompanharam a “visita” dos malfeitores, quando regressavam das suas machambas.

 

 As fontes asseguram que o ataque, que devolveu o clima de medo no distrito, não teve nenhuma resposta por parte das FDS.Já no dia 08 de Novembro, sexta-feira, o grupo atacou a aldeia Rueia, que dista a 2 km do Posto Administrativo de Mucojo, no distrito de Macomia. O ataque aconteceu por volta das 18 horas e, segundo narram as fontes, os “atacantes” terão, primeiro, disparado vários tiros para o ar e, de seguida, balearam mortalmente um cidadão que, em vida, respondia pelo nome de Mbaguia, comerciante de polvo. Depois, avançam as fontes, os “insurgentes” queimaram 103 palhotas e sete barracas de venda de produtos alimentares. Fontes da “Carta” asseguram que a aldeia de Rueia foi um dos pontos de recrutamento dos jovens que integram o grupo “terrorista”, tendo perdido 20 jovens que, há alguns anos, seguiam teorias islâmicas radicais.

 

Raptos e detenções

 

Enquanto algumas populações são vítimas de ataques “terroristas”, outras vêem seus ente-queridos serem raptados ou detidos pelas autoridades, desde a Polícia até aos militares. É o caso de uma mulher (não conseguimos apurar o nome), residente na aldeia Marere, no distrito de Mocímboa da Praia, que foi raptada na passada terça-feira, 05 de Novembro, alegadamente pelos “insurgentes”, quando se encontrava na machamba.

 

Ainda na semana finda, um jovem de nome Babu, que se dedicava à venda de telemóveis, foi detido pelos militares na aldeia de Miangalewa, no distrito de Muidumbe, e encaminhado para o distrito de Mueda, onde se encontra até hoje. Um cidadão estrangeiro, que integra a equipa que constrói a ponte sobre o Rio Messalo, na estrada Macomia-Awasse, envolveu-se numa briga violenta com elementos das FDS, na vila de Macomia, depois de ter registado, através de uma máquina fotográfica profissional, imagens sobre o ambiente daquele local, algo “proibido” naquele ponto do país.

 

Colegas do indivíduo contaram à “Carta” que os elementos das FDS, que testemunharam o facto, ameaçaram o referido cidadão estrangeiro, o que originou a briga, tendo sido detido e solto horas depois. Refira-se que, na última sexta-feira, 08 de Novembro, durante o encerramento de mais uma formação de sargentos milicianos (15º curso) e sargentos do quadro permanente (10º curso), no distrito de Boane, província de Maputo, o Ministro da Defesa Nacional, Atanásio M’tumuke, exortou os oficiais a tudo fazerem para acabar com a onda de ataques, que já ceifaram mais de três centenas de vidas humanas. (Omardine Omar)

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