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quinta-feira, 26 setembro 2019 06:39

Ataques em Cabo Delgado: Mais de 18 civis mortos em 3 ataques em Mocímboa da Praia, Muidumbe e Palma

É um cenário de terror, desespero total e de “Deus nos acuda!”. Fontes da "Carta" contam que já não há pessoas na aldeia Mbau, no Posto Administrativo com mesmo nome, no distrito de Mocímboa da Praia, que geograficamente faz limite com o Posto Administrativo de Quiterajo, no distrito de Macomia, onde há sensivelmente 15 dias foram assassinados oficiais da Forças Defesa e Segurança (FDS).

 

O facto é que entre as 19 horas da passada segunda-feira (23 de Setembro) e as 01 hora da madrugada de terça-feira (24 de Setembro), a população daquela aldeia viveu um autêntico terror, fruto de 07 horas de intensos ataques, que resultaram na morte de 15 pessoas, conforme garantiram fontes da “Carta”, naquele ponto do país.

 

As fontes relatam que aquela segunda-feira parecia mais um dia normal, como eram os últimos, mas tudo mudou quando os insurgentes entraram, num momento em que a maior parte das vítimas encontrava-se num ambiente descontraído, consumindo bebidas alcoólicas e escutando música. Fontes relatam que, à sua chegada, os “insurgentes” cercaram as pessoas que se encontravam no seu “ambiente de festa”, na sua maioria jovens.

 

Conforme explicaram à nossa reportagem, durante o a incursão àquela comunidade houve uma troca de tiros entre as FDS e os insurgentes, mas devido a “operação” montada pelos insurgentes, que se acredita que tinham mais homens e artilharia pesada que as FDS, não houve como evitar o pior.

 

A fonte disse à "Carta" que, após a chacina, os insurgentes voltaram a atacar a mesma aldeia na manhã do dia 24 de Setembro, pelas 09 horas, tendo saqueado produtos alimentares nas barracas daquela aldeia. Contam ainda que o grupo incendiou as barracas e algumas casas daquela aldeia e a sede do partido Frelimo, naquele Posto Administrativo.

 

“Carta” soube ainda que, devido a clima de medo instalado naquela região do país, os residentes daquela aldeia decidiram abandonar o local, como nas outras aldeias dos distritos de Macomia, Muidumbe e Palma, deixando naquele Posto Administrativo apenas os agentes das FDS e algumas autoridades locais.

Duas mortes em Muidumbe

 

Fontes da “Carta” contam ainda que, na mesma segunda-feira, houve um ataque no distrito de Muidumbe, concretamente na povoação de Limala, Localidade de Muenguela, onde dois homens de idades compreendidas entre 28 e 30 anos de idade foram surpreendidos e decapitados pelos insurgentes, quando se encontravam na sua machamba. O ataque, de acordo com as fontes, ocorreu por volta das 10 horas.

 

Situação similar aconteceu na manhã do dia 20 de Setembro, sexta-feira, na aldeia Ncumbi, a 20 Km da vila de Palma, onde um homem é dado como desaparecido, após ter saído de casa supostamente a procura da sua esposa que também era tida como desaparecida, mas que acabou voltando à casa. Segundo as fontes, a esposa do desaparecido terá saído na companha de amigas (10 no total, incluindo ela) para descascar mandioca seca e, devido a sua demora, o indivíduo saiu para procurá-la, não tendo voltado mais para casa.

 

Perseguições e detenções em Macomia

 

Outra situação relacionada aos ataques, que foi reportada à “Carta”, é das alegadas detenções e perseguições de supostos empresários, Sheiks e familiares de pessoas que, alegadamente, têm ligações com os insurgentes. De acordo com as fontes, no passado dia 19 de Setembro, quinta-feira, um cidadão que exerce as profissões de alfaiate e guarda de segurança, natural de Mitacata, em Quiterajo, distrito de Macomia, foi detido durante a calada da noite pela Unidade de Intervenção Rápida (UIR), quando se encontrava no seu posto de trabalho. Não há detalhes sobre a sua detenção, mas aventa-se a possibilidade de ter ligações com os insurgentes.

 

A UIR também tentou deter, mas sem sucesso, o Sheik Sujai Aifa, pertencente a mesquita "Alfurkan". A detenção não aconteceu porque, no referido dia, o mesmo encontrava-se na cidade de Pemba. Fontes afirmam que o Sheik está na lista das FDS, alegadamente por ser financiador dos insurgentes, por um lado e, por outro lado, porque alguns dos membros do grupo foram alunos da sua madrassa (escola de formação islâmica).

 

Ainda em Macomia, fontes garantem que no passado dia 18 de Setembro, seis pessoas foram detidos pelos agentes da UIR por alegadamente estarem em conluio com os insurgentes. (Omardine Omar e Paula Mawar)

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