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sexta-feira, 27 setembro 2019 05:46

Insurgência em Cabo Delgado: Governo recebe material bélico russo

Dois dias depois de o Presidente da República e Comandante em Chefe das Forças de Defesa e Segurança (FDS) ter reconhecido a gravidade do drama que se vive na zona norte da província de Cabo Delgado e, consequentemente, exigido aos oficiais das forças estatais a adopção de novos métodos para lidar com o fenómeno, as FADM receberam, na manhã desta quinta-feira, equipamento militar proveniente da Federação Russa.

 

Um cargueiro russo foi fotografado, na manhã de ontem, a descarregar material bélico (com destaque para armas de grande calibre e munições) no Aeroporto Internacional de Nacala, na província de Nampula.

 

Não há informações sobre a operação, entretanto, fontes da “Carta” garantiram que o material, que foi retirado da aeronave pela Trans Ruccs Phoenix, empresa de transporte de carga pertencente a Rui Chong Saw, ex-Edil de Nacala-Porto, foi de seguida transportado por um Antanov da Força Aérea moçambicana para a província de Cabo Delgado, onde desde 05 de Outubro de 2017, um grupo ainda não identificado aterroriza os distritos de Macomia, Mocímboa da Praia, Palma, Nangade, Quissanga, Muidumbe e Mecúfi.

 

O Ministério da Defesa Nacional (MDN) diz não saber nada sobre o assunto. Contactado pela “Carta”, o porta-voz do Ministério, Custódio Massingue, disse ser uma novidade que o país recebeu um apoio militar russo.

 

O cargueiro russo chega ao país um mês depois de o Governo ter aprovado, em sessão de Conselho de Ministros, a resolução que ratifica o acordo sobre entrada de navios militares da Rússia nos portos nacionais, um acordo assinado em Abril de 2018, entre os Ministros da Defesa Nacional, Atanásio M’tumuke, e da Rússia, Sergei Shoigu. Na ocasião, a porta-voz do Governo, Ana Comoane, disse que o acordo visava combater a pirataria, mas sem clarificar o tipo de pirataria.

 

Entretanto, fontes ligadas ao processo explicaram ao nosso jornal que o material não é proveniente das Forças Militares Russas, mas sim de um grupo de mercenários daquele país do Leste Europeu, denominado “Grupo Wagner”, uma empresa militar privada daquele país, que actua em várias regiões pelo mundo, principalmente no leste da Ucrânia e na Síria.

 

De acordo com as fontes, o Grupo já se encontra no país há pouco mais de um mês e encontra-se baseado em três quarteis da zona norte, nomeadamente Nacala (Nampula), Macomia e Mueda (Cabo Delgado). As fontes asseguraram ainda que, contrariamente ao que foi posto a circular, há dias, de que os referidos militares estariam na “linha do fogo”, estes encontram-se nos quarteis a dar auxílio técnico-táctico às forças moçambicanas. (Carta)

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