Moradores do Condomínio Intaka Vilage (conhecido como “5.000 casas”), localizado no bairro de Intaka, no Município da Matola, província de Maputo, queixam-se de desmandos perpetrados pelos gestores do condomínio.
De acordo com os moradores, que dizem estar a viver naquele condomínio desde 2010, o projecto inicial do condomínio já foi “rasgado”. Dizem, por exemplo, que o projecto inicial das casas apresentava uma estrutura com crescimento horizontal, mas ultimamente, introduziu-se construções verticais (prédios), o que obstrui o sistema de ventilação de alguns moradores, sobretudo os que ainda mantém o padrão inicial.
À “Carta” contaram ainda que os gestores do condomínio estão, neste momento, a conceder espaços para um grupo de refugiados ruandeses, que erguem estabelecimentos comerciais defronte do condomínio, o que também viola a postura do condomínio, pois, regista poluição sonora, para além de causar insegurança dos condóminos. Mesma situação verifica-se nas proximidades do rio Mulauze, em que foi destruída a rua que separa o condomínio do rio. Agora, foram erguidas construções.
Os “lesados” afirmam ainda que a estrutura inicial do muro de vedação do condomínio foi alterada, tendo-se reduzido a largura da rua que separava o muro das residências, o que dificulta a evacuação de doentes, em caso de emergência.
Outra questão que inquieta os moradores está relacionada com os mecanismos usados para a contratação de empresas que prestam serviços, pois, alegam não estarem a ser envolvidos na gestão do condomínio e que a Comissão dos Moradores nunca foi consultada.
“Estas empresas não têm referências. Os preços por eles aplicados aos serviços fornecidos não estão em conformidade com os serviços prestados e quando eles entendem agravam os preços dos seus serviços mal prestados sem consultar ninguém”, afirmaram.
Os moradores queixam-se ainda da falta de segurança no condomínio, pelo facto de o condomínio não estar completamente vedado. Relatam ainda problemas de água, causados pelos frequentes cortes de energia, que acabam avariando, a cada momento, as bombas. “Para nós, é uma miragem ter água durante os sete dias da semana. Todas as casas não têm um sistema de reservatório de água e, se eles decidem cortar-nos a água, há riscos de algumas pessoas ficarem sem banho nesse dia. Os Postos de Transformação de energia estão danificados, estando apenas a funcionar dois, que já se encontram sobrecarregados e não conseguem alimentar todo o condomínio com energia de qualidade”, afirmam.
“Solicitamos que a rede eléctrica do condomínio fosse passada para gestão da Electricidade de Moçambique (EDM), mas disseram-nos que, para tal, a entidade exige que a energia do condomínio seja redistribuída aos bairros circunvizinhos, o que nos traria mais problemas e, claro, não concordamos”, afirmam.
Os queixosos garantem já ter contactado os gestores do condomínio, mas estes os ameaçam de cortar vários serviços. “Retiraram-nos a segurança, quase toda a semana passada. Durante o final de semana, não tínhamos água, fizeram o trespasse da gestão do condomínio sem aviso prévio e sem nenhuma comunicação”, relatam.
“Já submetemos muitas cartas ao Ministério das Obras Públicas Habitação e Recursos Hídricos, Fundo para Fomento de Habitação (FFH), Conselho Municipal da Matola, onde posteriormente receberam-nos e ficaram de dar respostas, mas, até aqui, ainda não tivemos nenhuma solução por parte deles”, sublinham.
“Quando nos foi vendido o projecto, prometeram igrejas, piscinas, parque para a recriação das crianças e campo de futebol. Mas tudo não passou de falácias. Portanto, venderam-nos gato por lebre”, sentenceiam.
“Carta” contactou a Administração do Condomínio, através do Gestor, conhecido pelo nome Dionísio, que se mostrou indignado pela atitude tomada pelos condóminos. “Os moradores do condomínio já estiveram reunidos com a gestão e buscou-se uma solução interna para os vários problemas aqui apresentados. Portanto, não acho correcto que eles mesmos tenham procurado a imprensa para expor os problemas das suas casas, mas tudo será resolvido por unanimidade”, garantiu. (Marta Afonso)