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quinta-feira, 17 dezembro 2020 07:35

Filipe Nyusi e ajuda internacional para Cabo Delgado: “Precisamos de gerir esses apoios, sob risco de criarmos uma salada de intervenções”

O Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, assumiu, na manhã desta quarta-feira, a partir do pódio da Assembleia da República, que o país tem estado a receber “intenções” de apoio na luta contra o terrorismo, que sacode alguns distritos da província de Cabo Delgado, porém, tem estado a geri-los para não “criarmos saladas de intervenções”.

 

Dirigindo-se à nação, a partir da chamada “Casa do Povo”, por ocasião do seu Informe Anual sobre o Estado Geral da Nação, Filipe Nyusi afirmou que a única coisa que não tem feito é “falar publicamente” sobre as estratégias que o país está a adoptar, pois, “nunca ouvimos como é que os outros adoptaram”.

 

“Há vezes em que dizem que o Governo está a demorar pedir ajuda...; que o Governo está a demorar aceitar ajuda... Nós, o que não fazemos, talvez é falar publicamente sobre as estratégias que o país tem de adoptar porque nunca ouvimos como é que os outros adoptaram. (...) Estamos, sim, a receber intenções para ajudar Moçambique, de muitos países (europeus, asiáticos, americanos, africanos, incluindo da SADC). Precisamos, nós, de saber como gerimos esses apoios, sob risco de criarmos uma salada de intervenções em Moçambique”, avançou o Chefe de Estado, explicando que, neste momento, o Executivo tem dito apenas o que necessita para fazer face aos terroristas.

 

“O que estamos a fazer agora é interagir com todas essas vontades, dizendo que nós, moçambicanos, precisamos disto, daquilo e etc. E os amigos sabem e não vão dizer publicamente o que foi dito, porque não faz parte da filosofia deles, nesta matéria, de dizer o que se tem de fazer e como se tem de fazer. Por isso, nós estamos a agradecer esses apoios, a lidar com esses apoios e estão a acontecer algumas actividades de forma discreta, no sentido táctico e estratégico militar”, disse Nyusi, apelando à unidade nacional para enfrentar o fenómeno.

 

Segundo o Chefe de Estado, os moçambicanos é que devem estar na linha da frente na defesa da pátria, pois, “ninguém o fará por nós sem interesse”, pelo que, urge desenvolvermos, internamente, as nossas habilidades.

 

“O Governo assume o compromisso de intensificar a formação, reequipamento e modernização das Forças de Defesa e Segurança, em todas as especialidades. Não vamos recuar neste aspecto, apesar dos inimigos dos moçambicanos continuarem a ter medo sobre isso. Ao mesmo tempo, estamos a intensificar a cooperação internacional para o combate ao terrorismo, visando sempre a preservação dos interesses nacionais. Isto é fundamental”, defendeu o também Comandante-em-Chefe das Forças de Defesa e Segurança (FDS).

 

Lembre-se que, em Setembro último, o Governo pediu ajuda à União Europeia nos domínios da formação, logística para as forças de combate ao terrorismo, equipamento de assistência médica em zona de combate e capacitação técnica do pessoal.

 

Até ao momento, refira-se, o país tem recorrido a empresas militares privadas (mercenários), como é o caso dos russos do Grupo Wagner e dos sul-africanos da Dyck Advisory Group (DAG), uma empresa pertencente ao coronel militar do Zimbabwe, Lionel Dyck. Os resultados ainda têm sido insignificantes. (A.M.)

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