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quarta-feira, 26 agosto 2020 14:45

Partidos políticos condenam incêndio ao Canal de Moçambique: ND fala de um ataque tóxico, MDM de uma sujeira e Renamo de uma brutal cobardia

Um ataque à liberdade de imprensa de “intensa toxidade, tão ignóbil, quanto repugnante”, é como o partido Nova Democracia (ND) caracteriza o incêndio às instalações do jornal “Canal de Moçambique”, havido na noite do último domingo, 23 de Agosto.

 

O incêndio, descrito como criminoso, causou a destruição completa do equipamento e arquivo daquele semanário independente, um dos mais críticos órgãos de comunicação social do sector privado. Os autores arrombaram a porta e recorreram ao combustível para incendiar a Redacção daquele jornal.

 

Em comunicado de imprensa, emitido na manhã desta segunda-feira, a Nova Democracia defende que o incêndio ao jornal Canal de Moçambique denuncia uma “síndrome de desespero de causa”, assim como “uma manifestação de intimidação e bloqueio à esfera pública do pensar diferente”.

 

“Estas práticas macabras, aliadas ao prosperar dos discursos de ódio e atingindo o endurecimento do aparato repressivo, representam a corrosão da liberdade e integridade física dos que opinam diferente, pelos que habitam nas salas de espera do regime”, avança aquela formação política, para quem a intolerância, o ódio e a exclusão são manifestações de incitação à discriminação, que entram em conflito directo com a liberdade de expressão e demais direitos fundamentais consagrados na Constituição da República e nos compromissos internacionais de que Moçambique é signatário.

 

“Diante de tanta carga de ódio contra as garantias constitucionais e suas sequelas de magnitude gritante e conscientes de que a liberdade tal como se conquista também se perde, a Nova Democracia expressa, através deste comunicado, o mais vigoroso e absoluto repúdio ao cerceamento das liberdades democráticas”, refere a nota, a que “Carta” teve acesso.

 

Para a Nova Democracia, Moçambique é hoje um exemplo avançado de um Estado “intolerante e criminalizado”, onde a dignidade da liberdade é “grosseiramente agredida”, pelo que, urge a intervenção do Estado, no sentido de construir a cultura de paz para “fertilizar a liberdade como fim prioritário da Democracia”. A formação política estende o seu repúdio aos ataques de que tem sido alvo o Bispo de Pemba, Dom Luiz Fernando Lisboa, assim como ao sumiço do jornalista Ibrahimo Mbaruco, desaparecido no passado dia 07 de Abril.

 

“Uma sujeira” – MDM

 

Por seu turno, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), na voz do seu porta-voz, Sande Carmona, considera “uma sujeira, o que se faz à imprensa moçambicana, sobretudo, a independente”.

 

Em conversa com “Carta”, Carmona considerou o incêndio à Redacção do jornal “Canal de Moçambique” uma forma de “silenciar a comunicação social”, um acto que, na sua opinião, está sendo liderado por uma parte de moçambicanos que “não está conformada com a luta dos moçambicanos para que haja uma democracia e continuam as investidas, no sentido de regressarmos a 1975”.

 

Segundo aquele político, não se pode falar de democracia, enquanto não houver liberdade de expressão, assim como não se pode falar de democracia, sem que os órgãos de comunicação social trabalhem livremente.

 

“Tirania nunca sobreviveu” – Renamo

 

Para o maior partido da oposição, Renamo, o caso de destruição total do “Canal de Moçambique” revela um “grave atentado à liberdade de expressão e ao direito à informação e, sobretudo, reveste-se da mais brutal cobardia e medo, características próprias de indivíduos fracassados e desesperados”.

 

Na voz do seu porta-voz, José Manteigas, a Renamo defende que “a tirania nunca sobreviveu, por isso, os autores deste crime macabro sucumbirão, quando menos esperarem”. “Neste momento muito difícil, endereço a minha solidariedade aos parceiros do Jornal Canal de Moçambique. Quando o inimigo nos ataca, estamos no caminho certo”, considerou Manteigas.

 

“Distanciamo-nos de qualquer colação desta situação ao nosso partido” – Frelimo

 

Quem também repudia este tipo de “atitude macabra e violenta” é o partido no poder, a Frelimo, que exige o esclarecimento do caso por parte das autoridades competentes, porque “somos pela consolidação dos ganhos do povo moçambicano”, como as liberdades de imprensa e de expressão.

 

“Nós, a Frelimo, distanciamo-nos de qualquer tipo de colação desta situação ao nosso partido. Este jornal é um jornal que está em Moçambique há muito tempo. Está a fazer o seu trabalho, com a sua linha editorial e nós, como partido, respeitamos, acarinhamos e continuaremos a respeitar qualquer tipo de acção a ser feita por qualquer jornal. Reiteramos a nossa solidariedade com o Canal de Moçambique e a classe jornalística”, disse Caifadine Manasse, porta-voz da Frelimo, à STV. (Carta) 

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