O líder do maior partido da oposição, a Renamo, Ossufo Momade, defendeu, esta segunda-feira, a criação de uma Comissão de Inquérito Mista para averiguar o que chamou de “violação dos Acordos de Paz”, celebrados em Agosto de 2019, com o Presidente da República, Filipe Nyusi.
A exigência da criação da Comissão de Inquérito Mista surge depois de, há semanas, Ossufo Momade ter reunido “secretamente” com Filipe Nyusi, em Maputo, tendo os detalhes da conversa não sido revelados.
O Presidente da Renamo diz que as Forças de Defesa e Segurança (FDS), sob olhar inerte do Presidente da República, estão a perseguir opositores, particularmente os membros e simpatizantes do partido que dirige. Por isso, a Comissão de Inquérito, tal como argumentou Momade, virá dissipar todas as dúvidas, caso existam, em torno das atrocidades que vêm sendo perpetradas pelas FDS.
“Somos pela paz e reconciliação nacional. Se o Presidente da República e a Comunidade Internacional acham que o que temos estado a denunciar não corresponde à verdade, desafiamos a criar uma Comissão de Inquérito Mista para in loco averiguar os factos”, disse Ossufo Momade.
A título exemplificativo, Ossufo Momade apontou que, no passado dia 23 de Abril corrente, o membro do Comité Provincial da Renamo, no Posto Administrativo de Sussundenga, na província de Manica, de nome Alberto Massica e a sua esposa foram sequestrados e mais tarde executados por indivíduos que se faziam transportar numa viatura de marca Toyota Land Crusier.
No distrito de Chibava, província de Sofala, acusou Momade, elementos das FDS queimaram casas da população e corpos sem vida foram encontrados nas matas. Ainda em Sofala, concretamente no distrito da Gorongosa, denuncia Momade, pessoas estão a desaparecer misteriosamente e o Comando Distrital da Polícia da República de Moçambique (PRM), segundo o timoneiro da “Perdiz”, tem uma lista de membros da Renamo e está a forçá-los a filiarem- se ao partido Frelimo.
Adiante, Momade avançou: “ficamos mais preocupados, quando o Presidente da República, à luz do dia, apregoa que a sua prioridade é a paz e na calada da noite instiga a Polícia e os militares a perseguir e matar cidadãos indefesos, sobretudo os membros da Renamo”. (Carta)