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quinta-feira, 12 março 2020 05:55

Covid-19: Cidadãos ainda pouco informados sobre a epidemia

Desde que se confirmou o primeiro caso de coronavírus, na vizinha África do Sul, país que por sinal tem moçambicanos a entrar e a sair diariamente, cidadãos mostram ainda um grande nível de desconhecimento sobre a doença, o que representa uma grande preocupação, tendo em conta que o sector da saúde está, neste momento, a desenvolver campanhas de sensibilização em algumas escolas.

 

Até esta quarta-feira, a África do Sul já tinha confirmado 13 casos de infecção pelo coronavírus, embora os serviços de saúde garantam que os mesmos são importados, isto é, pessoas que estiveram em países com casos confirmados.

 

Por se tratar de um tema da actualidade, a nível mundial, e havendo um perigo de propagação do vírus no nosso país, tendo em conta o fluxo migratório entre os dois países, “Carta” saiu à rua para medir o nível de conhecimento dos cidadãos sobre esta doença. De entre várias questões, procuramos saber dos nossos entrevistados sobre as formas de prevenção e contaminação desta doença, onde a maioria mostrou falta de conhecimento sobre o assunto, embora tenha afirmado já ter ouvido falar sobre a pandemia.

 

Por exemplo, Cláudio Massango, de 44 anos de idade e residente na cidade de Maputo, afirmou à “Carta” que o coronavírus é uma doença para países europeus, pelo que não poderá afectar os moçambicanos.

 

“Esta é uma doença para brancos e para países cujas temperaturas têm sido extremamente baixas. Não sei muito sobre a evolução da doença, mas acredito que não nos vai atingir”, defendeu.

 

Por sua vez, Inácia Marcos, de 23 anos de idade, confirmou já ter ouvido falar da doença, porém, uma vez e que não mais se preocupou em ter mais informações sobre a mesma.

 

“Já ouvi falar da doença, mas não sei nada sobre coronavírus. Não acompanho telejornal e nem gosto muito de ouvir rádio. Por onde ando raramente fala-se desta doença, por isso, nem me interessa tanto porque sei que está apenas na China e em outros países bem distantes de Moçambique”, afirmou.

 

Por seu turno, Victor Pedro mostrou o seu nível de conhecimento sobre a doença. Na sua explicação, Pedro disse que o Covid-19 é de origem bacteriana e uma das formas que se deve adoptar para evitar a contaminação da doença é o maior consumo da vitamina “C”.

 

Já Valério dos Santos, de 20 anos de idade, disse: “É uma virose que anda por aí. Surgiu na China e já matou muitas pessoas. Uma das formas de se prevenir desta doença é evitar o contacto com muitas pessoas, troca de dinheiro, pegar corrimão, entre outros”.

 

Carla Valanda tem 23 anos de idade e sonha um dia em ser jornalista, porém, disse à nossa reportagem que não sabia nada sobre coronavírus e que nunca tinha ouvido falar.

 

“Não sei nada desta doença e se um dia chegar a Moçambique vou procurar informar-me, através das televisões para saber como me prevenir”, afirmou.

 

Em vários casos, a nossa reportagem teve de explicar aos entrevistados sobre o coronavírus, o que em algum momento causou um certo espanto para algumas pessoas, quando ficaram a saber que a doença já tinha sido diagnosticada na vizinha África do Sul.

 

Questionados se tinham conhecimento do que é quarentena e para que serve, alguns entrevistados afirmaram que a quarentena consiste em colocar uma pessoa num lugar isolado, durante 40 dias, sem nenhum contacto.

 

“Carta” conversou com a Directora Nacional-Adjunta de Saúde Pública, Maria Benigna Matsinhe, que avançou que, neste momento, o sector da saúde está a levar a cabo uma campanha de palestras de prevenção sobre o coronavírus e que, até agora, já foi feita em duas escolas e uma universidade na cidade de Maputo.

 

Entretanto, a fonte disse ser missão do sector da educação replicar a acção pelo resto do país e que nas principais fronteiras do país já existe pessoal da saúde para fazer o rastreio.

 

Questionada se a campanha irá abranger mais locais para uma melhor prevenção, como hospitais e mercados, Matsinhe respondeu que a área da saúde planificou esse tipo de palestras, porém, as mesmas necessitam, primeiro, de um trabalho junto do Conselho Municipal, Secretários de Estado e com os representantes das direcções provinciais.

 

Refira-se que a transmissão do Covid-19 ocorre pelo contacto com o vírus, que é transportado por gotículas expelidas pela fala, tosse ou espirro de pessoas doentes. A infecção se dá quando estas gotículas entram em contacto com a mucosa dos olhos, nariz e boca. Estas gotículas com o vírus podem estar presentes no ar, ao serem expelidas, ou podem estar sobre superfícies contaminadas, como o rosto ou mãos e objectos, como maçanetas, botões de elevador, corrimão, e apoios em transporte público, por exemplo.

 

Para evitar o contágio, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que se mantenha uma distância de 2 metros do indivíduo doente, porém, novos estudos indicam que o vírus pode ser transmitido a uma distância de até 4,5 metros. A higiene pessoal também é citada como a principal para evitar a contaminação. (Marta Afonso)

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