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sexta-feira, 28 fevereiro 2020 07:17

Tráfico de drogas: brasileira diz ter sido recrutada a troco de 132 mil Mts

É mais uma prova de que o “custo de oportunidade” no mundo do crime tem consequências drásticas. Foi supostamente a troco de nove mil reais, o equivalente a 132.292,00 Mts, que a cidadã brasileira, Ariane Monteiro Aragão, de 24 anos de idade (à data dos factos), preteriu a liberdade na “Terra do Samba” pelo precário sistema prisional da “Terra da Marrabenta”.

 

Ariane Monteiro Aragão foi condenada, esta quinta-feira, 27 de Fevereiro, pelos juízes da 7ª Secção Criminal do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo (TJCM) a 17 anos de prisão maior pela prática do crime de tráfico e outras actividades ilícitas, depois de ter sido detida em flagrante delito na posse de 5.4 Kg de cocaína, que transportava da cidade de Belém, capital do Estado de Pará, na República Federativa do Brasil, para a capital moçambicana.

 

Ariane Aragão, natural daquela cidade brasileira, foi detida por volta das 13:00 horas do dia 26 de Junho de 2019, no Aeroporto Internacional de Maputo, quando acabava de desembarcar do voo ET819, da companhia etíope Ethiopian Airlines, proveniente de Adis Abeba, depois de ter seguido a rota Brasil-Adis Abeba-Maputo, transportando consigo, na mala, embrulhos com substância em pó branco, que mais tarde confirmar-se-ia tratar-se de cocaína.

 

Segundo Rui Dauane, Juiz de Direito da 7ª Secção Criminal do TJCM, que sete dias depois de ter condenado o cidadão norte-americano a 18 anos de prisão pela prática do crime de tráfico e outras actividades ilícitas, voltou a condenar um cidadão estrangeiro pela prática do mesmo tipo legal de crime, a brasileira disse, durante o julgamento, que terá sido recrutada por um indivíduo desconhecido, que o seu irmão lhe apresentara, em sua casa, dias antes de partir para a capital moçambicana a “passeio”.

 

O recrutador, disse Ariane Aragão ao Tribunal, a “aliciara” a troco de nove mil reais, correspondentes a 132.292,00 Mts, para além de ter pago as passagens aéreas de ida e volta do Brasil até Moçambique e a respectiva hospedagem, na capital moçambicana. A droga, confessou a ré, destinava-se à comercialização e o “proprietário”, também supostamente desconhecido, entraria em contacto com ela, assim que introduzisse a “mercadoria” no país.

 

Ariane Aragão foi condenada a uma pena de 17 anos de prisão maior por se considerar a decisão “justa, adequada e proporcional”, segundo o Juiz Rui Dauane. Na sua sentença, lida em 15 minutos, depois de quase duas horas de espera (estava prevista para as 09:00h, mas só foi lida às 10:45h), Dauane revelou que a decisão tomou em conta o facto de a ré não ter dificultado a produção de prova; ter mostrado o seu “arrependimento sincero”; ter assumido os factos de que era imputada; para além de ter mostrado “disponibilidade” em assumir as suas responsabilidades.

 

Entretanto, o juiz sublinhou que a confissão não teve relevância, como atenuante, visto que a cidadã brasileira foi detida em flagrante delito, além de que recusou ser proprietária da mala, tendo aceitado após a apresentação de provas documentais.

 

Refira-se que, findo o cumprimento da pena, a cidadã brasileira será expulsa do país, mesma medida que abrange o cidadão norte-americano, condenado no dia 21 de Fevereiro último a uma pena de 18 anos de prisão maior. (A.M.)

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