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segunda-feira, 24 fevereiro 2020 07:44

“Guerra aberta” no associativismo estudantil: Direcção da UNE acusada de ser “mentirosa e inoperante”

Estava tudo feito para que os problemas da União Nacional dos Estudantes (UNE) ficassem trancados “a sete chaves” e “atirados” para o fundo do mar. Mas quis o destino que os mesmos fossem do conhecimento público.

 

Na semana finda, um grupo de 13 representantes de igual número de associações estudantis, submeteu uma missiva à Assembleia-Geral da UNE, contestando a actual direcção executiva da agremiação, liderada, há cinco anos, por Bernardino Zunguza. O “abaixo-assinado” enviado ao Presidente da Assembleia-Geral da UNE, António Taúla, acusa a direcção da organização de ser “inoperante” e “mentirosa”.

 

O documento, que visa “criar consensos”, de acordo com os signatários, é composto por 14 pontos, que consideram terem falhado durante os últimos cinco anos. De acordo com os assinantes do documento, nota-se uma “inércia e apatia” por parte da actual Direcção da UNE face aos desafios da agremiação, assim como ao cumprimento do mandato.

 

Conheça, a seguir, os 14 pontos que dividem a direcção da agremiação que congrega todas as Associações Estudantis do país e os seus associados.

 

  1. Num mandato de cinco anos, a direcção da UNE nunca realizou uma actividade sequer que envolve as Associações de Estudantes de todos os seguimentos;
  2. O Presidente da UNE, na qualidade de membro do Conselho Nacional do Ensino Superior, nunca prestou relatório do que acontece ao nível daquele órgão e muito menos ausculta os presidentes das Associações de Estudantes;
  3. As Associações de Estudantes desconhecem os planos anuais das actividades da UNE, se é que existem, pois, nunca lhes foram apresentados;
  4. A direcção da UNE nunca realizou auscultação com estudantes para inteirar-se dos problemas, o que significa que não tem legitimidade para representá-los;
  5. Num mandato de cinco anos, a direcção da UNE não conseguiu publicar estatutos no Boletim da República, o que no nosso entendimento não se justifica;
  6. A UNE, sendo uma plataforma nacional, não conseguiu no período de mais cinco anos formar/alocar pontos focais nas províncias;
  7. Total desconhecimento da existência da UNE, por parte dos estudantes, facto confirmado durante a Conferência Nacional de Estudantes do Ensino Superior, em que todos os presidentes das associações de estudantes que estão fora da cidade de Maputo desconhecem a UNE;
  8. Não existe, até então, uma referência de trabalho feito pela UNE em prol da realização dos interesses legítimos dos estudantes e do associativismo estudantil, em geral, mesmo com os problemas que os estudantes enfrentam;
  9. A Direcção da UNE semeia intrigas no seio das Associações de Estudantes, facto que contrasta com os objectivos da organização que dirige;
  10. Ameaças contra quem não concorda com a maneira desregrada como a actual direcção dirige este órgão que devia ser democrático e de cultivo de liberdade de expressão por excelência;
  11. A Direcção da UNE nunca realizou nenhuma actividade no âmbito do dia 17 de Novembro, Dia Internacional do Estudante, preferindo sempre andar a reboque das actividades planificadas por associações que depois assume nas redes sociais como se fossem realizadas por esta;
  12. A Direcção da UNE boicotou a Conferência Nacional de Estudantes do Ensino Superior e a criação da Federação Nacional de Estudantes do Ensino Superior sob alegação de existência de um órgão igual, facto que, até então, não se confirmou, pois, não existem documentos e questiona-se como terá surgido, uma vez que nenhum dos presidentes das associações têm conhecimento;
  13. No mesmo âmbito de boicote à conferência, mentiu descaradamente, acusando os líderes das associações de estudantes de pertencerem aos partidos da oposição e inventou um projecto similar de realização da Conferência Nacional de Estudantes, que até à data da redacção deste documento não existem indícios e muito menos vestígios de sua realização;
  14. Forjou representantes de associações de estudantes em fóruns, como formar de se legitimar, uma vez que a UNE está desalinhada com os legítimos representantes das associações.

“Carta” falou, este domingo, com António Jorge Taúla, Presidente da Mesa da Assembleia-Geral da UNE, que confirmou a recepção da missiva. Porém, disse ainda não ter nenhum contacto com o acusado, pois, “o presidente da UNE encontra-se fugitivo”.

 

Entretanto, a fonte garantiu haver possibilidade de convocar uma AG sem a presença do actual Presidente, por este estar a dificultar a realização da mesma, justificando com supostas viagens.

 

A nossa reportagem tentou falar com Bernardino Zunguza, mas os seus contactos encontravam-se fora de área. (Omardine Omar)

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