Rodney Willord Baldus, de 66 anos de idade, natural de Owatonna, Minnesota, nos Estados Unidos de América (EUA), foi condenado, esta quinta-feira, 20, pela Sexta Secção Criminal do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo (TJCM), a 18 anos de prisão efectiva pelo crime de tráfico de drogas.
A sentença, que culminará com a expulsão de Baldus do país, após o cumprimento da pena, foi proferida pelo juiz Rui Dauane, no seu regressou às salas de audiência, após recuperar da doença que lhe obrigou a adiar a leitura da sentença do caso “INSS” e o início do julgamento do caso “LAM”.
Baldus foi detido a 26 de Junho de 2019, em Maputo, quando pretendia embarcar no voo SA 147, da companhia sul-africana, South African Airways, na posse de 4 Kg e 600 gr de heroína, numa mala, com destino a Itália, depois de escalar a vizinha África do Sul.
Aquando da detenção, o norte-americano foi encaminhado para a 11ª Esquadra da Polícia da República de Moçambique (PRM), localizada no bairro do Aeroporto, arredores da Cidade de Maputo. Segundo revelou o TJCM, Baldus terá chegado a Maputo, a 22 de Junho, tendo hospedado numa estância hoteleira da capital do país, alegadamente paga por indivíduos desconhecidos, que lhe terão contactado, através de um correio electrónico.
Na comunicação que mantivera com os referidos indivíduos, afirma o Tribunal, o condenado ficou a saber que havia “ganho” uma herança e que teria de recebê-la na Itália, mas antes tinha de passar por Moçambique para assinar alguns documentos.
Rodney Willord Baldus, que jurou inocência perante o colectivo de juízes e o magistrado do Ministério Público, disse que não sabia que a mala em questão continha drogas, uma posição que não convenceu nem os juízes e muito menos o Ministério Público, por entenderem que pertence a uma rede de tráfico internacional de substâncias legalmente proibidas.
Para Rui Dauane, Juiz de Direito da Sexta Secção do TJCM, o norte-americano estava consciente do que estava a fazer, até porque “é uma pessoa idónea” e que “não possuía sinais de distúrbios psicológicos”. Disse ainda que, durante a investigação, constatou-se que o indivíduo se beneficiou de uma viagem paga pelos supostos desconhecidos e certas recompensas por levar a mala, nomeadamente, a hospedagem (de quatro dias – esteve no Hotel de 22 a 26 de Junho de 2019), que custou 900 USD (55.800 Mts) e as “ajudas de custo”, avaliadas em 300 USD (18.600 Mts).
Aliás, de acordo com o Tribunal, Baldus disse ter recebido, no referido hotel, uma visita “estranha”, de um indivíduo “negro”, que aparentava ter entre 34 a 36 anos de idade, que se terá apresentado, como colaborador da Pathfinder, uma Organização Não-Governamental, que actua na área da saúde.
Ao Tribunal, o norte-americano disse que a mala era para um amigo que estava na Itália, curiosamente, o mesmo de quem iria receber a suposta “herança”. A versão não convenceu a justiça moçambicana, que entende que o arguido é um correio de drogas, que atentou contra a saúde pública, a soberania e a integridade territorial da República de Moçambique.
Sublinhar que a defesa irá recorrer da decisão, pois, o advogado Hilário Sabonete diz acreditar na inocência do seu cliente. A leitura da sentença contou com a presença da filha de Rodney Willord Baldus, que também é viúvo.
Refira-se que Baldus é o segundo norte-americano a ser condenado a uma pena de prisão efectiva por tráfico de drogas, no nosso país. O primeiro a ser condenado foi William Vito, de 85 anos de idade, que a 28 de Novembro de 2019 viu a justiça moçambicana aplicar-lhe uma pena de 16 anos de prisão efectiva, depois de ter sido flagrado, também no Aeroporto Internacional de Maputo, na posse de 3 Kg de cocaína e 2 Kg de heroína.
Já no próximo dia 27 de Fevereiro, Rui Dauane voltará a proferir mais uma sentença sobre o tráfico internacional de drogas. Desta vez, no banco dos réus estará uma cidadã brasileira, de 24 anos de idade, detida em Maio do ano passado, na posse de 5.4 Kg de cocaína, no Aeroporto Internacional de Maputo. (Omardine Omar)