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Actualizado de Segunda a Sexta

segunda-feira, 13 janeiro 2020 06:38

Uma cabala policial: Procurador Distrital de Matutuine, E. Tamele, não sabia que seu nome constava de comunicado incriminatório do Comando Geral

 “Nem tudo na vida é uma mera coincidência”, assim diz um adágio popular. Foi o que aconteceu no passado dia 28 de Dezembro de 2019 com o Procurador distrital de Matutuíne, Eduardo Tamele, no bairro Mussumbuluco, na Cidade de Matola, Província de Maputo.

 

De uma fonte do Ministério Público em Maputo (que, entretanto, não quis ser identificada) “Carta” soube, na última quinta-feira, que a detenção do Procurador Distrital de Matutuíne não passou de um mal-entendido. Mesmo assim, essa “detenção” foi referida num comunicado do Comando-Geral da Polícia da República de Moçambique e distribuído para várias instituições e órgãos de comunicação social.

 

Na entrevista concedida à “Carta”, a fonte autorizada do MP contou que, no passado dia 28 de Dezembro, deu-nos uma versão distinta da da Polícia: o Procurador distrital de Matutuíne foi interpelado por agentes da PRM, tendo na ocasião sido encontrada na sua posse uma arma de fogo do tipo pistola, da marca Norinco, com o número A035858, contendo nove munições no carregador.  Entretanto, na ocasião, Eduardo Tamele não transportava consigo os documentos ou a credencial de posse e uso de armas.

 

Em seguida, os agentes da PRM encaminharam o Procurador Tamele para uma esquadra sediada no bairro Mussumbuluco, onde o visado explicou a razão da posse da arma, tendo de seguida saído com os agentes e ido buscar os documentos na sua residência. Daí regressou à esquadra onde apresentou os ditos documentos, acreditando, na ocasião, que tudo estava ultrapassado. Estranhamente, o assunto virou manchete do comunicado oficial da PRM, a nível nacional, tendo sido reportado pela “Carta” e sido alvo de “colunas humoristas” de alguns jornais, para além de ter suscitado debates em várias redes sociais.

 

Curiosamente, a arma de fogo supostamente ilegal que a PRM avançou no seu comunicado oficial da semana finda, foi facultada pela própria polícia em 2017 e o Procurador tem-na usado desde esse ano.  Da fonte, soubemos igualmente que “tudo não passou de uma cabala para linchar a imagem do Procurador Eduardo Tamele, dada a natureza dos assuntos que se encontram sob sua alçada”.

 

Tamele é visto pelos colegas como um funcionário abnegado. Ele tem sido intransigente face aos desmandos que acontecem nas áreas onde existe caça furtiva e roubo de viaturas (na África do Sul e que, posteriormente, são vendidas em Moçambique). O que acontece é que, aparentemente, os implicados nestas matérias têm protecção de vários agentes policiais e comandantes de certos distritos, havendo por isso todo o interesse em “tramar” Tamele.

 

Devido a esta “luta” contra as gangs da caça furtiva em Matutuíne e dos roubos de viaturas na África do Sul e Maputo, supostamente envolvendo alguns agentes da polícia, o Procurador Eduardo Tamele caiu nas mãos dos que “mamam nas tetas da ilegalidade em Maputo e tudo fazem para que os grupos que se beneficiam da saga continuem”, revelou a fonte do MP.

 

De acordo com a fonte, existem corredores em Matutuíne, tentando confundir a opinião pública, alegando que as conhecidas gangs de caça furtiva e de roubo de gado são soltas pela Procuradoria Distrital, quando na verdade essa é uma responsabilidade do Tribunal. (O.O.)

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