Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

BCI
quinta-feira, 07 novembro 2019 06:03

Surjan Singh, segundo ex-banqueiro do Credit Suisse testemunhou contra Boustani

O ex-banqueiro do Credit Suisse, Surjan Singh, disse na terça-feira no tribunal em Nova Iorque, que recebeu subornos de Jean Boustani, executivo de vendas do grupo Privinvest, de Abu Dhabi, agora em julgamento por sua participação no escândalo das “dívidas ocultas” de Moçambique.

 

Singh é o segundo ex-funcionário do Credit Suisse a confessar sua parte na fraude e testemunhar contra Boustani. Seu superior hierárquico no Credit Suisse, Andrew Pearse, testemunhou durante vários dias em outubro. De acordo com uma transcrição dos procedimentos judiciais de terça-feira, Singh disse que havia percebido que Pearse estava a receber subornos de Boustani mas “eu não contei a ninguém sobre isso. Também concordei em receber subornos de Jean Boustani”.

 

Ele disse que recebeu 5,7 milhões de dólares de Boustani como pagamentos por “lobby” em nome de dois empréstimos para as empresas Proindicus e Ematum. "Eu participei do processo de aprovação internamente, no Credit Suisse, dos dois financiamentos”, disse Singh ao tribunal. “Fiz esforço para que eles fossem aprovados, priorizando-os em detrimento doutras transações. E consegui que eles fossem aprovados”.

 

Singh disse que as tranches do suborno foram pagas numa conta bancária em Abu Dhabi, que Boustani ajudou a abrir, ao organizar um endereço nos Emirados Árabes Unidos e uma autorização de residência para ele. Boustani, acrescentou, ajudou-o a manter o suborno em segredo, não apenas para o Credit Suisse, mas também para as instituições que investiram nas dívidas Proindicus e Ematum.

 

Singh também deu uma explicação detalhada do acordo de “delação premiada” que fez com procuradores americanos. Ele declarou-se culpado da acusação de conspiração para cometer lavagem de dinheiro, em troca dos promotores desistirem doutras acusações. No entanto, ele ainda enfrenta a possibilidade de uma sentença de 20 anos de prisão. O acordo também prevê um prazo de "liberdade supervisionada" até três anos.

 

Ele enfrenta uma multa de 500.000 dólares ou o dobro do valor dos instrumentos monetários envolvidos, além da restituição de quaisquer perdas causadas por sua conduta (a ser determinada pelo tribunal). Singh também deve entregar ao governo dos EUA o suborno de 5,7 milhões de dólares que recebeu. Ele disse ao tribunal que já pagou ao governo essa quantia na íntegra. O acordo o impede de apelar contra sua eventual sentença, desde que seja de 20 anos ou menos. (AIM)

Sir Motors

Ler 3724 vezes