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terça-feira, 05 novembro 2019 06:20

“Vila Nova”, o exemplo de uma comunidade esquecida

"Sem água não há vida", diz um adágio popular, secundado por convenções internacionais e, em particular, pela Constituição da República de Moçambique (CRM), que define a obrigatoriedade de os cidadãos terem acesso àquele líquido precioso, da mesma forma como é obrigatório o acesso à educação, saúde e ambiente de qualidade.

 

Entretanto, a 50 km da Vila-Sede do distrito de Mutarara, província de Tete, os cidadãos não usufruem de nenhum desses direitos. "Carta" deslocou-se, no passado dia 29 de Outubro, à Vila Nova, um bairro de reassentamento, criado em 2000, que recebeu cidadãos vindos de vários quadrantes da província de Tete e Zambézia, vítimas das cheias.

 

Naquela região do país, as crianças já não estudam, desde que, em 2015, quatro professores afectos à Escola Primária local decidiram, unilateralmente, abandonar a região, devido a diversas carências, com maior destaque para a falta de água potável.

 

 

À nossa reportagem, a população da Vila Nova contou que a fontenária mais próxima dista a sensivelmente 15 km, mas que também não é de fácil acesso, pois, está ladeada de abelhas, pelo que só podem tirar água durante a noite, facto que faz com que as pessoas, principalmente, mulheres, raparigas e crianças percorram 20 km em direcção à Localidade de Charre ou mesmo Báuè, onde cada bidon de 20 litros de água (salobre) custa 20Mts.

 

Na Vila Nova, a bicicleta é o principal meio de transporte de pessoas e bens e é este transporte que ajuda as famílias a “reduzir” a distância e permitir a colecta de maior quantidade possível de água, pois, cada bicicleta transporta entre cinco a oito bidons de água.

 

Devido à falta do precioso líquido, as condições de higiene e saneamento são precárias naquela região do país, chegando-se mesmo a ficar três a quatro dias sem se fazer banho, de modo a poupar água. E com as altas temperaturas que se verificam na província de Tete, a situação atrai insectos ferozes, capazes de tirar a vida ou criar complicações de saúde à vítima.

 

Entretanto, a falta de água, educação e saúde não retiram o sorriso que brilha nas crianças da Vila Nova, como testemunhamos das pequenas Albertina (que carregava sua irmã mais nova ao colo) e Nhama Tomé (que brincava com uma bola de pano e uma fita vermelha amarrada na cabeça).

 

 

Maurício Luís, residente da Vila Nova, contou que, sempre que padecem de qualquer enfermidade, recebem os cuidados de saúde no vizinho Malawi. Afirmou ainda que as promessas de resolução dos problemas enfrentados pela população daquela região não faltam, mas nunca foram cumpridas. Aliás, revela que há três anos que as condutas que deviam transportar água potável para aquela região estão esquecidas no quintal do Líder Comunitário do 3º escalão, José Cuiabá.

 

À nossa reportagem, Cuiabá referiu que a situação é crítica, em Vila Nova, e que a mesma é do conhecimento do Governo, mas que nada faz para inverter a situação. Sublinha que desde 2015 que aguardam pela água potável e por professores para dar aulas, pois, “a população clama por estes dois problemas, apesar dos vários existentes”.

 

A nossa reportagem tentou falar com o Administrador do distrito de Mutarara, Lucas Atanásio Muidingue, mas sem sucesso. (Omardine Omar, em Tete)

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