O maior partido político da oposição no nosso país, a Renamo, responsabiliza o partido no poder, a Frelimo e seus dirigentes, pelo mau ambiente que se vive no território nacional, caracterizado por violência, desde o arranque da campanha eleitoral, a 31 de Agosto último.
A posição foi manifestada na manhã desta quinta-feira, pelo porta-voz do partido, José Manteigas, durante uma conferência de imprensa concedida, em Maputo, na qual fez o balanço dos primeiros 15 dias do processo.
Em causa, afirma Manteigas, está o comportamento anti-democrático e a falta de civismo apresentado pelos membros do partido Frelimo, durante a presente campanha eleitoral. Entre os actos anti-democráticos, o porta-voz da “perdiz” aponta a agressão, no passado dia 06 de Setembro, de um casal no distrito de Derre, província da Zambézia, por supostos membros da Frelimo por ter recebido Manuel de Araújo, cabeça-de-lista desta organização política naquela província do centro do país.
Na extensa lista de actos macabros imputados aos membros da Frelimo, por Manteigas, estão também a alegada produção ilícita de 119 cartões de eleitores na cidade de Nampula, no passado dia 02 de Agosto; a obstrução da campanha eleitoral do candidato do seu partido, Ossufo Momade, nos distritos da Manhiça, Boane (Maputo), Milange e Nicoadala (Zambézia); a recolha indevida e coerciva dos cartões eleitorais; e a indiferença da Polícia em relação aos actos de obstrução às caravanas da Renamo por membros da Frelimo, como se sucedeu no distrito de Manica, província com mesmo nome.
A Renamo reporta ainda o incêndio da casa da mãe de Manuel de Araújo, ocorrido na madrugada da passada segunda-feira; e a alegada instrução de membros da Frelimo para obstruir o processo de selecção de candidatos à Membros das Assembleias de Voto.
Para o segundo maior partido político nacional, “os mandantes destes actos são os dirigentes da Frelimo a todos níveis, que sentem falta de apoio popular na sociedade moçambicana, razão pela qual descarregam a sua raiva e fúria sobre os membros e dirigentes da Renamo”. Acrescenta que estes actos mostram que “no próximo dia 15 de Outubro não teremos eleições livres, justas e transparentes”, tal como diz o lema da Comissão Nacional de Eleições.
Estes factos, segundo José Manteigas, minam o ambiente de paz e reconciliação nacional que os Presidentes da República e da Renamo comprometeram a desenvolver e preservar, no passado dia 06 de Agosto, quando assinaram o Acordo de Paz e Reconciliação Nacional.
“Neste contexto, a Renamo solicita a intervenção urgente da Comunidade Internacional para que, mais uma vez, apele aos inimigos da Paz e Reconciliação Nacional a pautar pela democracia e coabitação pacífica”, avançou a fonte.
Refira-se que, na última semana, a Polícia da República de Moçambique diz ter registado 18 casos de ilícitos eleitorais, sendo 10 de danificação de material de propaganda eleitoral, sete de ofensas corporais voluntárias e um caso de violação da liberdade de reunião eleitoral. A campanha eleitoral termina a 12 de Outubro. (Carta)