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quarta-feira, 11 setembro 2019 06:41

Produção de carteiras escolares: Madeireiros de Nampula “sentem-se excluídos”

A Associação dos Madeireiros de Nampula (ASMANA), através do seu presidente Domingos Caetano, em entrevista à “Carta”, na cidade de Nampula, disse que as reformas implementadas pelo Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural (MITADER) não criaram nenhum incentivo para os “operadores honestos” e que todas as promessas dadas pelo governo, no que concerne à sustentabilidade daqueles que vivem através dos recursos florestais não foram cumpridas.  

 

Domingos Caetano disse que o sentimento de todos os madeireiros honestos, a nível do país, é de frustração e dívidas, porque alguns investiram no negócio, mas o mesmo não teve nenhum retorno.

 

O dirigente, que falava em nome de todos os membros da ASMANA, avançou que numa das visitas a Nampula, o Presidente da República, Filipe Nyusi, prometeu que encontrariam uma solução para a sobrevivência dos madeireiros, abrindo espaço para a produção de carteiras, através da madeira explorada por eles, entretanto, “até aqui, nem água vem e nem água vai”, porque toda a produção foi alocada para a Luxoflex, firma em que a filha do Presidente da República, Cláudia Nyusi, é accionista.

 

Caetano contou ainda que os madeireiros chegaram a produzir 180 carteiras, tendo oferecido algumas escolas do distrito de Murrupula, na presença do PR. Na altura, foram garantidos que fariam parte do processo de produção e distribuição, mas tudo morreu pela “boca”.

 

Na entrevista concedida ao nosso jornal, no passado dia 28 de Agosto, o representante da ASMANA reconheceu que as reformas diminuíram a frequência de furtivos maiores, embora hoje haja alguns menores que, usando veículos de pequeno porte, conseguem tirar certas espécies para produção de certos bens como portas, cadeiras e muito mais.

 

Domingos Caetano disse também que o negócio de madeira, nos últimos cinco anos, esteve muito abaixo, embora se tenham afastado os “furtivos de cavalo” e ficaram os de bicicletas, Canter e Range Rover.

 

Caetano disse que, em 2017, se acordou que haveria uma bolsa de venda de madeira com algumas firmas chinesas, mas de lá para cá nada aconteceu. Questionou a proveniência da madeira das serrações que foram incumbidas de produzir as 48 mil carteiras, porque na sua óptica, a madeira da “operação tronco” em Nampula já não existe.

 

Acrescentando, Domingos Caetano revelou que no início da “Operação Tronco” assinaram um memorando com o MITADER, através do Ministro Celso Correia e o Fundo Nacional Desenvolvimento Sustentável (FNDS), para passarem a receber um valor que iria permitir desenvolver certos projectos como forma de desencorajar a venda de madeira para chineses, o que até ao momento não aconteceu.

 

Concluindo, o representante disse que a nível nacional os madeireiros honestos sentem-se frustrados, devido à exclusão nos incentivos da famigerada “operação tronco”. (Omardine Omar)

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